São João Batista do Glória passa a integrar a região geográfica do Queijo Canastra


Esse momento era muito aguardado por produtores de queijo da região, que buscam esse reconhecimento há anos. Queijarias de São João Batista do Glória têm produto reconhecido como Queijo Canastra
São João Batista do Glória foi reconhecida oficialmente nesta segunda-feira (11) em cerimônia como parte integrante da Região Geográfica do Queijo Canastra. Esse momento era muito aguardado por produtores de queijo da região, que buscam esse reconhecimento há anos.
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O evento que reconheceu a cidade como parte integrante da região geográfica contou com a presença do governador em exercício, Professor Mateus (Novo), além de prefeitos e vereadores da região.
Durante coletiva de imprensa, o governador em exercício falou sobre esse lançamento e também sobre o lançamento de duas rotas turísticas que deve acontecer ainda essa semana.
“Em paralelo com o reconhecimento do queijo como patrimônio da humanidade, nós estamos lançando duas rotas turísticas. A Rota Canastra, da qual agora o Glória faz parte, e a Rota Cerro. E aqui eu tenho certeza que o Glória vai conseguir ter vantagens nessa exploração, porque o Glória é uma das cidades do Circuito Canastra que fica na beirada de água, próxima do lado de Furnas, mas na beirada do Rio Grande, isso vai conjugando a ideia do turismo com o turismo de aventura, com turismo náutico, então vão ser oportunidades muito boas para a cidade, para a região, no que diz respeito a turismo de gastronomia e de experiência”, disse o governador em exercício.
São João Batista do Glória passa a integrar a região geográfica do Queijo Canastra
Reprodução EPTV
Um dos maiores tesouros gastronômicos da culinária, o queijo canastra tem um dos sabores mais marcantes do país. Reconhecido em 2008 como patrimônio cultural e imaterial brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o queijo é produzido de forma artesanal há mais de 200 anos e mantém viva uma tradição que envolve cuidado e paciência que começam no campo.
A alimentação do gado deve ser natural, Nada de produto fermentado para não interferir na qualidade do leite.
“Ter um pasto de qualidade, no período da seca ter uma silagem de qualidade também. A ração, tudo tem controle. Tem itens que às vezes a gente não pode usar na ração do animal. Então a gente faz a formulação nossa da ração aqui na própria fazenda justamente por isso. E a gente sabe o que você está fornecendo para o animal”, explicou o produtor de queijo canastra, Renato Soares Vilela.
Na queijaria do Renato em São João Batista do Glória, a produção não para. São mais de 100 peças por mês. Cada processo é pensado e analisado detalhadamente para preservar a qualidade do alimento.
“Então é leite cru, pingo, coalho e sal, da mesma forma. E é um queijo que é muito saboroso, porque eu deixo ele um pouco mais úmido, então ele fica um pouquinho mais cremoso. Todo o processo é o Renato e eu que faz, o Renato cuida das vaquinhas, da ordenha tira o leite, preserva as boas práticas de fabricação e eu cuido de dentro da queijaria, fazendo queijo, maturando e também cuidando de toda a parte de boas práticas de fabricação para ter um bom queijo no processo final”, disse a produtora de queijo, Nilcéia dos Santos Rosa Vilela.
São João Batista do Glória passa a integrar a região geográfica do Queijo Canastra
Reprodução EPTV
Todo esse cuidado não para por aí. Outro diferencial na produção do queijo canastra está no processo de maturação. É nessa etapa que o alimento desenvolve sabor, aroma, textura e aparência únicos. O tempo varia, pode ficar de 15 dias a até um ano em maturação em um ambiente controlado com temperatura média de 16 graus e a umidade precisa estar acima de 85%. Todo esse processo ainda é influenciado por características que só a Serra da Canastra tem.
“O clima, a pastagem, a altitude, a água, a nossa microbiota que é essencial que é o que a gente tem, que é o que a gente não vê que é essencial para a maturação do queijo. Então tudo isso conta por um sabor magnífico para o queijo canastra”, disse Nilcéia.
Agora os queijos produzidos em São João Batista do Glória também passam a ser reconhecidos como queijo canastra. Os estudos que se iniciaram em 2019 comprovam que esses queijos têm qualidade e sabor que só um queijo canastra tem. Mas para que os produtores possam usar o selo, eles precisam seguir uma série de requisitos.
“O primeiro é a receita, a gente usa apenas leite de vaca cru, produzido e ordenhado na própria fazenda, sal, coalho e o pingo, que é um fermento natural nosso aqui da canastra. Ter os animais sadios, livres de zoonose, ter o controle para bruxelose e tuberculose, ter o seu queijo registrado no serviço de inspeção, isso para a gente garantir para o consumidor que ele esteja levando para casa um queijo de qualidade”, explicou o gerente executivo da Aprocan, Higor Freitas.
Cuidados em todas as etapas de produção fazem parte do segredo de qualidade do Queijo Canastra
Reprodução EPTV
São João Batista do Glória se junta a São Roque de Minas, Medeiros, Vagem Bonita, Tapiraí, Delfinópolis, Bambuí e Piumhi, que também possuem o direito de comercializar o queijo canastra com o selo que comprova a origem, permite a rastreabilidade e inibe a falsificação do produto.
“Existem diversos outros lugares que produzem queijos e colocam o nome canastra indevidamente e acabam vendendo, acabam enganando o consumidor. Então a indicação geográfica é a ferramenta adequada para que isso não aconteça, para que o consumidor consiga levar pra casa um queijo e ter certeza que ele veio aqui da região da canastra”, completou o gerente executivo da Associação dos Produtores de Queijo Canastra.
O queijo produzido na queijaria da Nilceia e da família dela já conquistou medalha de prata no concurso internacional de queijo realizado na França. Agora com a identificação geográfica reconhecida, Nilceia sonha em chegar cada vez mais longe.
“A gente está lutando para preservar a característica do nosso produto e mostrar para o mundo inteiro que esse produto já tem esse trabalho de reconhecimento feito e que ele não vai ser falsificado, ele não vai ser modificado em nenhum lugar do mundo, porque ele está protegido aqui pela identidade geográfica que a gente tem. Isso é essencial”, completou a produtora Nilcéia.
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