Festival Tapajós Vivo conecta arte e luta pela defesa dos rios em Santarém nesta sexta, 15


O público poderá assistir a 10 shows imperdíveis de artistas locais na Praça Tiradentes a partir das 18h30. 1º Festival Tapajós Vivo foi realizado em Santarém em 2023
Kamila Sampaio / Divulgação
Em meio à seca severa e às crescentes pressões sobre o rio Tapajós, o Movimento Tapajós Vivo realiza o 2º Festival Tapajós Vivo na Praça Tiradentes, em Santarém, oeste do Pará, nesta sexta-feira (15), a partir das 18h30. O evento gratuito, que abre também o 7º Grito Ancestral do povo Tupinambá, busca transformar a arte em uma poderosa ferramenta de resistência para a proteção das águas amazônicas.
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Para Dan Selassie, um dos artistas que participam do evento, o festival é uma oportunidade essencial para dar voz às populações da região, cujas realidades muitas vezes são silenciadas pelas queimadas e pela estiagem que isola comunidades inteiras. “Nada melhor que a arte para despertar a consciência em todos os lugares. Fala-se muito de COP e de acordos climáticos, mas raramente se destacam os problemas que enfrentamos no Norte”, afirmou.
O festival representa uma resposta direta às ameaças enfrentadas pelo rio Tapajós, incluindo a poluição por mercúrio, a pesca predatória, a construção de portos e hidrelétricas, e os impactos potenciais de projetos como a Ferrogrão e uma hidrovia planejada para a região.
“A arte tem o poder de sensibilizar nossos corpos e nossas mentes. Se não fossem as manifestações culturais — música, dança, poesia —, seria ainda mais difícil enfrentar os desafios diários. Como diz Gilberto Gil, cultura é uma ‘necessidade básica’. Ela está profundamente conectada às vivências dos povos da Amazônia, presente nos rios, nas matas, na terra, em tudo que tem vida”, explicou Ingrid Sabrina, do grupo de carimbó Os Encantados.
Com o 2º Festival Tapajós Vivo, o Movimento Tapajós Vivo reafirma que a cultura também é uma ferramenta de luta capaz de mobilizar a população na defesa do meio ambiente. “O Tapajós precisa da nossa união para ser defendido. Através da cultura, queremos ecoar o grito de socorro do rio, sensibilizando a todos sobre a urgência de agir contra a seca e os projetos que nos ameaçam”, destacou Kamila Sampaio, do Movimento Tapajós Vivo.
Além das apresentações artísticas, o festival terá uma campanha de arrecadação de alimentos para as comunidades mais impactadas pela seca, com as doações destinadas àqueles que dependem do rio para a subsistência. A programação cultural inclui também uma exposição fotográfica, Nossos Rios, que explora a beleza dos rios amazônicos e a necessidade urgente de preservação, além de apresentações poéticas que celebram as histórias e memórias do Tapajós.
Ao todo, o público poderá assistir a 10 shows imperdíveis de artistas locais, como Andrew Só, Priscila Castro, Os Encantados, DJ Allana, DJ Robacena, Dan Selassie, Livaldo Sarmento, Mestre Chico Malta & Grupo Cobra Grande, Marcelle Almeida e Sambatuque.
Grito Ancestral pede fim da Ferrogrão
Entre os dias 15 e 17 de novembro, o povo Tupinambá do Baixo Tapajós realiza o 7º Grito Ancestral, evento anual que denuncia a destruição do rio e celebra a resistência indígena na região. Reunidos em um banco de areia no Tapajós, formado durante a seca no Território Tupinambá na Reserva Tapajós-Arapiuns, os manifestantes pretendem chamar atenção para os impactos do corredor logístico do Arco Norte, cujos comboios de balsas, portos e terminais têm prejudicado o rio e a vida das comunidades locais.
Um dos principais alvos do protesto é a Ferrogrão, uma ferrovia de grande escala projetada para intensificar o escoamento de soja pelo Tapajós. “Estão nos impedindo de pescar e matando o Rio Tapajós para exportar soja para a China e para a Europa. Se a Ferrogrão for construída, a situação vai piorar ainda mais”, alerta Raquel Tupinambá, coordenadora do Conselho Indígena Tupinambá do baixo Tapajós Amazônia (CITUPI).
As ações de protesto no Tapajós ocorrem simultaneamente à COP 29, conferência climática da ONU no Azerbaijão. Pedro Charbel, coordenador de campanhas da Amazon Watch, ressalta a importância de chamar a atenção internacional para as ameaças que a expansão da soja e a Ferrogrão representam. “Os olhos do mundo estão voltados para o Pará, e não podemos ceder aos interesses da Cargill e outras grandes empresas. Precisamos cancelar o projeto da Ferrogrão pelo bem do futuro do planeta”, afirma.
Serviço:
O que: Festival Tapajós Vivo
Data: 15 de Novembro
Horário: 18h30
Local: Praça Tiradentes – Santarém
Saiba mais do Festival nas redes: Instagram: Movimento Tapajós Vivo (@tapajosvivo) / Facebook: Movimento Tapajós Vivo
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