Duelo na Fronteira: irmãos dividem paixão pelo folclore, mas são rivais dentro da arena em RO


Irmãos disputam pela a segunda vez no item “Amo do Boi”. Anderson foi escolhido pelo boi Malhadinho e Janderson tem a alma de Flor do Campo. Irmãos apaixonados pelo folclore disputam por bois diferentes
Parraga Júnior/Rede Amazônica
Os irmãos Anderson e Janderson Mercado compartilham o amor pelo folclore, especialmente o boi-Bumbá, mas são rivais dentro da arena do Festival Duelo na Fronteira, realizado em Guajará-Mirim (RO). Anderson foi escolhido pelo boi Malhadinho e Janderson tem a alma de Flor do Campo.
Os irmãos, além de serem de bois distintos, ainda disputam na arena pelo o item “Amo do Boi”. É o nome dado ao cantor e compositor que faz versos desafiando o bumbá adversário.
➡️O Duelo na Fronteira é um dos maiores eventos culturais de Rondônia, marcado por uma celebração vibrante da tradição popular. Nele, duas agremiações folclóricas, o Boi-Bumbá Flor do Campo e o Boi-Bumbá Malhadinho, disputam em um espetáculo cheio de criatividade, música e performances que exaltam o folclore local.
Essa é a segunda edição que os irmãos Anderson e Janderson duelam. Na edição anterior, Anderson levou a melhor com a vitória do Malhadinho.
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Neste ano o boi Malhadinho abordou o tema “Tekohá: Esse Chão é Nossa Essência”. O objetivo é exaltar a ancestralidade indígena da região. O boi Flor do Campo levou o enredo “Terra de um Povo Mestiço”, que a mistura de diferentes grupos ou povos e a identidade do povo rondoniense.
O resultado da disputa sai nesta segunda-feira (18) e será divulgado pelo g1.
Irmãos duelam com bois de cores diferente em RO: Malhadinho e Flor do Campo
Mateus Santos/g1
Amor que veio de casa
Jaderson tem 28 anos e é o irmão mais velho. Ele contou ao g1 que tem uma família apaixonada pela cultura do boi-bumbá e sempre foi aos ensaios e festivais.
“Meus tios levavam a gente pra assistir e a gente começou a se apaixonar. Em 2011, 2012, a gente conheceu o Festival Folclórico de Parintins, pela televisão[…] a partir daí, cara, foi um vício pra gente”, diz Jaderson.
Anderson conta que a maioria da família torce para o boi Malhadinho, exceto o irmão mais velho que sempre acompanhava os eventos mais sempre isento sem mostrar lado por nenhuma das duas cores.
“Eu já sabia que quando ele tocou lá com a gente no Malhadinho, ele já era Flor do Campo, sempre foi Flor do Campo […]. Sempre foi vermelho o coração dele”, destaca.
Jaderson confirma:
“Quando eu conheci de ‘cabeça’ o Flor do Campo, eu me apaixonei. Eu sempre fui vermelho”, revela Janderson.
Os irmãos contam que a rivalidade entre eles só existe dentro da arena.
“Nós somos do mesmo sangue, só que somos de nações diferentes. E isso é o diferencial no boi-bumbá. Eu acho que o boi, não é segregação, ele é união mesmo, a rivalidade existe dentro da arena”, destaca Jaderson.
O que eles disputam está dentro da arena, versando para a sinhazinha e provocando a torcida contrária, que são as ações que o “Amo do Boi” tem a liberdade de fazer.
“Nos amamos, não temos nem qualquer tipo de atrito. É algo só da brincadeira de boi-bumbá […] Ele é meu parceiro, eu sou parceiro dele, mesmo tendo a rivalidade do boi”, aponta Anderson.
A cultura do boi-bumbá em Guajará-Mirim(RO) é algo que antes de separar os brincantes na arena, os une como família, independente de que boi escolheu e de que boi o irmão, filho e mãe, na disputa há muito respeito e harmonia entre todos. Não importa a cor escolhida, o importante é viver a cultura.
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Duelo na Fronteira: 29 anos de história e expectativa para a edição de 2024
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