Mesmo proibido, cigarro eletrônico é vendido em ruas e avenidas de cidades brasileiras


A Receita Federal começou a cancelar o registro fiscal de empresas que vendem cigarros eletrônicos, proibindo que elas possam ter, por exemplo, contas bancárias. Cigarros eletrônicos circulam no comércio popular, mesmo com proibição da Anvisa
Imagem: Reprodução/TV Globo
A Receita Federal começou a cancelar o registro fiscal de empresas que vendem cigarros eletrônicos. Com isso, elas vão ficar impedidas, por exemplo, de ter conta em banco.
Basta percorrer o comércio popular de Cuiabá para perceber que a venda de cigarro eletrônico ocorre sem nenhum constrangimento.
O produtor da TV Centro América esteve em seis pontos de venda. Neste, a vendedora cita as essências que são misturadas ao líquido presente nos vapes, do inglês vapor, como são chamados esses cigarros.
“Esse aqui é de uva com gelo e misturado… Esse é tipo menta”, diz a vendedora.
“O de 15 mil tá quanto?” , perguntou o produtor.
“R$ 160”, responde a vendedora.
“E o de oito tá quanto?”, volta a perguntar o produtor para um outro vendedor.
“R$ 110”, diz o vendedor.
Em outra banca, a dona tenta convencer o produtor a levar o produto, alegando que tem muita saída.
“A partir de R$ 120. São esses aqui. E eu vou mostrar esses, tá?”, diz a dona da banca, que completa: “Esse, esse volta. Eu posso vender, você saiu daqui. Não tem como segurar”
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe a produção, importação, armazenamento, distribuição e comercialização de cigarro eletrônico há 15 anos.
Em outubro, a Receita Federal anunciou que vai suspender o CNPJ de empresas que vendem esse produto.
“E essa suspensão do CNPJ impedirá esta empresa de emitir documento fiscal, fazer movimentação bancária, fornecer produtos para o poder público e, além disso, impedir a obtenção de empréstimos”, Yuiti Shimada, auditor da Receita Federal.
De janeiro a setembro, a Receita apreendeu 2 milhões desses dispositivos.
A Sociedade Brasileira de Pneumologia alerta que, além da nicotina, os cigarros eletrônicos têm mais de 2 mil substâncias químicas tão nocivas quanto as encontradas nos cigarros de papel. Além da dependência, causam doenças graves.
“Podemos observar a formação de coágulos no cérebro, ocasionando derrame cerebral, tecnicamente chamado de AVC, e também geram outras lesões além do cérebro e coração, principalmente vários tipos de câncer. Está muito associado ao câncer. Também tem uma lesão descrita já recentemente específica no pulmão, relacionada ao uso do cigarro eletrônico”, Daniel Diehl, cardiologista.
LEIA TAMBÉM:
Número de cigarros eletrônicos apreendidos no Paraná aumentou 220% neste ano;
Mãe alerta sobre como vape contribuiu para morte de filho aos 20 anos após infecção: ‘Pulmão não reagiu’
Yan tem 20 anos e praticava esportes. Ficou viciado no cigarro eletrônico até ter uma parada cardiorrespiratória.
“Eu estava tentando respirar, não saia ar, não sai ar… Eu estava tendo, em conjunto, um AVC”, relata o jovem.
Quando voltou para casa, foram mais 4 meses de reabilitação. Aos poucos, está retomando o ritmo de vida.
“A lição que eu falo pras pessoas é que é pra parar de usar esse negócio, que esse negócio é muito, muito perigoso, né?”, conclui o jovem.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.