Alunos retratam vivência com o racismo em curta-metragem lançado em Campinas


Por meio de experiências próprias, adolescentes produziram filme “Flor de Beleza”, que mostra preconceito racial sofrido no dia a dia. Alunos de fundação em Campinas lançam curta-metragem que retrata experiências sobre racismo
Reprodução/Flor de Beleza
Um curta-metragem lançado pela instituição socioeducativa Fundação Educar retratou momentos de discriminação racial vivenciados direta ou indiretamente por estudantes de colégios públicos, com idades entre 13 e 17 anos, que frequentam a unidade em Campinas (SP).
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Segundo Cristiane Stefanelli, gestora da fundação, o tema do filme ‘Flor de Beleza’ foi definido pelos próprios adolescentes — que, majoritariamente, vivem em regiões de vulnerabilidade da metrópole. Todas as histórias de discriminação retratadas no projeto audiovisual foram escritas a partir de vivências dos jovens envolvidos na produção.
“É um tema que partiu da dor desses jovens, que experenciaram o racismo com eles, com os amigos, e verem isso acontecer nos seus territórios e na escola”, explica a educadora
No enredo, a narradora — e protagonista — compartilha o racismo que sofre em seu dia a dia. As experiências vão desde ser preterida por um interesse amoroso, até pesquisar como clarear o seu tom de pele. O filme está disponível numa plataforma de vídeos de forma gratuita.
Nesta quarta-feira (20), celebra-se o Dia da Consciência Negra, feriado nacional que marca a morte do líder quilombola Zumbi dos Palmares. O dia é utilizado para lembrar sobre as lutas dos movimentos negros e a necessidade do combate ao racismo no país.
Metáfora da rosa
Alunos de fundação em Campinas lançam curta-metragem que retrata experiências sobre racismo
Reprodução/Flor de Beleza
Nos últimos momentos do filme, a protagonista encontra sua mãe e é convidada a recuperar a sua autoestima a partir da metáfora de que ‘nem toda rosa é cor de rosa’ — reflexão referenciada no nome do filme.
A ideia de que as pétalas de flor tem diversas cores, parte da reflexão de há beleza e dignidade na diversidade racial, discutida também canção Rosa do Morro, do cantor Inquérito — que serviu de inspiração para o curta-metragem. Nela, o artista canta
“Nos caminhos por onde passou, ela viu rosas diferentes dela. Viu rosa branca, rosa vermelha, e até rosa amarela. Então, ela se perguntava, meu Deus: ‘Por que tanto a minha cor incomoda? Se nem todas as rosas… são cor-de-rosa!”
Antirracismo
Alunos de fundação em Campinas lançam curta-metragem que retrata experiências sobre racismo
Divulgação
Desde que escolheram o tema, durante as férias escolares de julho, os 28 adolescentes envolvidos no projeto fizeram uma imersão na reflexão sobre o racismo na nossa sociedade, por meio de oficinas e outras atividades didáticas.
Eles estiveram envolvidos na idealização do roteiro e participam do curta-metragem como atores e em toda a gravação, que contou com a ajuda de uma produtora audiovisual profissional. Para a professora, o mergulho na temática e o debate ativo são formas de combater a discriminação racial.
“É inaceitável que nós encontremos episódios grotescos e criminosos, como racismo. Então, olhar para a Juventude e promover o diálogo, debater e levar ao entendimento é importantíssimo, porque nós estamos trabalhando com a formação de cidadãos. E não dá para falarmos em protagonismo, se a gente não olhar para essas dores”, explica.
*Sob supervisão de João Gabriel Alvarenga
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