MPF investiga Cremesp por punição contra médicas que realizaram aborto legal

O Ministério Público Federal (MPF-SP) informou que está apurando uma possível irregularidade na atuação do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) contra médicas que fizeram o procedimento de aborto legal no Hospital Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte da capital paulista.

Em abril deste ano, o Cremesp suspendeu por seis meses o registro de duas médicas que atuavam no hospital e denunciou as profissionais por negligência e tortura, após elas terem realizado procedimentos abortivos em pacientes com autorização judicial.

Em ambos os casos, o aborto foi realizado em pacientes com fetos que possuíam má formação e sem expectativa de vida extrauterina. Nas duas ocasiões, as mulheres foram encaminhadas pela Defensoria Pública com decisão judicial favorável à realização do aborto. As profissionais possuem os documentos da Justiça como prova, e os casos teriam ocorrido em 2022.

A autoria das denúncias contra as médicas é desconhecida. Fontes ouvidas pela CNN na época alegaram que os prontuários das pacientes foram acessados de forma ilegal pelo Cremesp, o que representa crime de quebra de sigilo médico.

O MPF afirmou que a investigação contra o órgão ainda está em andamento, e que não era possível fornecer maiores detalhes.

A CNN entrou em contato com o Cremesp, mas ainda não houve retorno.

Prefeitura suspendeu serviço de aborto legal

A Prefeitura de São Paulo chegou a suspender o serviço de aborto legal no Hospital Vila Nova Cachoeirinha em dezembro de 2023. A unidade é referência em casos de abortos permitidos por lei.

Apesar de outros quatro hospitais da rede municipal paulista continuarem realizando o procedimento, a unidade da Cachoeirinha era a única que atendia meninas e mulheres após a vigésima semana de gestação.

Na época, a Secretaria Municipal da Saúde argumentou que a suspensão era temporária e que se deu para realização de cirurgias eletivas, mutirões cirúrgicos e outros procedimentos relacionados à saúde da mulher.

A CNN questionou a prefeitura sobre a retomada do serviço, mas ainda não houve retorno.


(com informações de Bruno Laforé, da CNN)

Este conteúdo foi originalmente publicado em MPF investiga Cremesp por punição contra médicas que realizaram aborto legal no site CNN Brasil.

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