Zumbido: entenda o sintoma atinge cerca de 14% da população mundial

O tratamento do zumbido pode envolver o uso de medicamentos, aconselhamento nutricional, psicoterapia, e até o uso de aparelhos auditivos
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Zumbido constante no ouvido nem sempre está relacionado à perda auditiva
Imagina não poder desfrutar de um minuto sequer de silêncio por dia. Para cerca de 28 milhões de brasileiros essa é uma realidade constante e dolorosa. Eles sofrem de zumbido no ouvido, um sintoma caracterizado por uma percepção auditiva que pode variar entre os sons de um apito, chiado, grilo, cachoeira ou até uma panela de pressão, sem que esse som tenha sido gerado por uma fonte externa. Apenas a pessoa que sofre de zumbido está ouvindo, e esse som não para.
Segundo levantamento publicado em novembro de 2023 pela revista JAMA Neurology, 14% da população mundial sofre com zumbido, sendo que 2% enfrentam formas graves. O sintoma é igualmente prevalente entre homens e mulheres, podendo acometer qualquer faixa etária, no entanto o envelhecimento é um dos fatores de risco. A estimativa é de que cerca de um quarto das pessoas com 65 anos ou mais sofram com zumbido.
O fonoaudiólogo Rodrigo Brayner de Farias explica que o zumbido pode afetar a qualidade de vida das pessoas
Divulgação
Rodrigo Brayner de Farias (Crefono 4-5193), Mestre em Clínica Fonoaudiológica pela PUC-SP, explica que dentre as causas, existem diversas etiologias associadas a este sintoma, tais como hipertensão arterial sistêmica, diabetes e outras desordens metabólicas, distúrbios na articulação temporomandibular, consumo excessivo de cafeína, álcool e tabaco, alterações otológicas, cardiovasculares, neurológicas e psicogênicas.
“Outros fatores como a exposição a sons de elevado nível de pressão sonora, como em casas noturnas, trabalho em ambientes industriais e uso excessivo de fones de ouvido, dentre outras situações tão comuns nas grandes cidades, também podem causar perda auditiva permanente, que está intimamente associada ao zumbido”, pontuou.
O especialista explica ainda que apesar de acometer ouvidos e cabeça, existem casos em que o zumbido não está associado à perda auditiva.
“Diversos estudos evidenciam que aproximadamente 90% dos pacientes com zumbido apresentam algum grau de perda auditiva, de leve a severa. Entretanto, os outros 10%, referem a percepção deste sintoma, mas apresentam limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade”, completou.
Tirar o zumbido da cabeça não é tarefa fácil, mas continuar convivendo com ele é menos ainda. Cerca de 15% a 25% das pessoas que vivem com o zumbido, relatam interferência em sua qualidade de vida.
“É importante reforçar que o zumbido é algo extremamente desagradável, principalmente quando ele se torna perceptível ao longo de todo o dia, podendo causar estresse, ansiedade, desordens do sono e até depressão, comprometendo a qualidade de vida dos indivíduos”, frisou Rodrigo.
Como a grande maioria dos casos de zumbido é subjetiva, ou seja, o som é ouvido apenas pelo indivíduo que o relata o incômodo, o sintoma deve ser avaliado de forma individualizada. Existem diferentes formas de tratamento, com resultados positivos que ajudam o paciente a eliminar o desconforto do zumbido.
Geralmente, o tratamento segue de forma multidisciplinar, envolvendo diversos profissionais, mas como se trata de um sintoma auditivo, intimamente associado às alterações otológicas, Rodrigo Brayner recomenda iniciar através de consulta com um médico otorrinolaringologista.
“O zumbido está ligado a múltiplos fatores etiológicos. Portanto, existem diversas linhas de tratamento que podem ser adotadas, tais como uso de medicamentos, aconselhamento nutricional, psicoterapia, bem como as terapias sonoras de habituação, que estão atreladas ao uso dos aparelhos auditivos, podendo ser indicadas para pessoas com ou sem um quadro de perda auditiva associado”.
Serviço
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