Aposentado morre à espera de UTI em Goiânia; homem é o terceiro caso em uma semana


Severino Ramos Vasconcelos Santos, de 63 anos, morreu neste sábado (23). Justiça havia determinado liberação de vaga em hospital público ou privado no prazo de quatro horas, um dia antes da morte. Aposentado morre à espera de UTI em Goiânia
O aposentado Severino Ramos Vasconcelos Santos, de 63 anos, morreu enquanto aguardava uma vaga em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), neste sábado (23), em Goiânia. Ele é a terceira pessoa a morrer à espera de atendimento na cidade na última semana.
“A gente se sente abandonado. A gente lutou tanto. Todo dia a gente estava lá visitando ele, levando as coisas que precisava, que eles pediam. E para nada. A gente tentou, a gente não parou. E, no fim, aconteceu isso”, desabafou a prima de Severino Santos, Lúcia Cleide Leão.
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De acordo com a prima do idoso, Lúcia Cleide Leão, Severino deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Itaipu após sofrer uma queda que resultou na fratura do fêmur. Durante a internação, a família relatou que o quadro clínico dele se agravou, evoluindo para anemia profunda, broncopneumonia, embolia pulmonar e insuficiência respiratória. Ele permaneceu internado na UPA por seis dias.
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Lúcia afirmou que a família recorreu ao Ministério Público para tentar agilizar a transferência para uma UTI. “A gente fez a denúncia no Ministério Público. Foi tudo uma burocracia. Aí, ontem saiu. Tinha até quatro horas para liberar a vaga. Passaram as quatro horas, não liberaram. Entramos de novo, não liberaram. Ele acabou falecendo hoje, às 7h15 da manhã”, disse a familiar.
Na decisão de sexta-feira (22), a Justiça havia determinado que Severino fosse transferido para um leito de UTI em até quatro horas. A decisão foi baseada em um relatório médico que apontava suspeita de tromboembolismo pulmonar (TEP) e necessidade urgente de suporte intensivo para estabilização clínica e diagnóstico preciso.
Severino Ramos Vasconcelos Santos, de 63 anos, morreu em Goiânia aguardando vaga de UTI
Reprodução/TV Anhanguera
Caso não houvesse vaga disponível na rede pública, a decisão judicial previa que o paciente fosse transferido para um hospital privado, com os custos cobertos pelo SUS. A Justiça fixou multa de R$ 5 mil por hora de descumprimento, limitada a R$ 50 mil. O Estado de Goiás e o Município de Goiânia foram intimados sobre a decisão.
O g1 entrou em contato com a Prefeitura de Goiânia por e-mail, às 15h37 deste sábado (23), mas não recebeu resposta até a última atualização da reportagem.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) informou que o paciente apresentava um quadro relacionado à fratura ortopédica e estava sob os cuidados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, que realizava buscas por vagas na rede SUS, incluindo hospitais estaduais – confira nota na íntegra ao final do texto.
A SES explicou que, apesar do mapa de leitos apontar vagas disponíveis em unidades como o Hospital Geral de Goiânia (HGG), o Hospital de Doenças Tropicais (HDT) e o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugol), as vagas são reguladas dinamicamente, com análise conforme a gravidade e o perfil de cada paciente.
Sobre os leitos de UTI em unidades estaduais disponíveis, a nota destacou:
Hospital Geral de Goiânia (HGG): atende prioritariamente casos eletivos de procedimentos ortopédicos
Hospital de Doenças Tropicais (HDT): possui perfil voltado para doenças infectocontagiosas.
Hospital de Urgências de Goiânia (Hugol): prioriza pacientes graves já atendidos no pronto-socorro.
Katiane Silva
A autônoma Katiane Araújo, em Goiás
Arquivo pessoal/Marina Araújo
Katiane de Araújo Silva, de 36 anos, morreu à espera de uma vaga em UTI em Goiânia, de acordo com sua família. A vendedora autônoma faleceu no Cais Cândida de Morais, na madrugada de sexta-feira (22).
Segundo a sobrinha de Katiane, Marina Araújo, a mulher começou a passar mal no dia 15 de novembro. Na terça-feira (19), a autônoma foi ao Cais Cândida de Morais, onde foi internada, e a família já havia solicitado uma vaga de UTI. Na unidade de saúde, a vendedora fez um exame de sangue que indicou uma queda nas plaquetas.
De acordo com Marina, Katiane buscou atendimento pela primeira vez no domingo (17), no Cais de Campinas, devido a fortes dores no corpo. “Disseram que era coluna, deram remédio e mandaram ela embora,” narrou.
Na segunda-feira (18), conforme a família, Katiane continuou sentindo dores tão intensas que não conseguia nem sair da cama.“Ela chegou a cair da cama. Foi ao Cais de Campinas novamente e disseram que era coluna de novo,” afirmou.
No dia 19 (terça-feira), a vendedora procurou o Cais Cândida de Morais, onde foi internada. De acordo com Marina, Katiane perdeu a consciência no dia 20, mas voltou a si. Na quinta-feira (21), ela perdeu a consciência novamente e, desta vez, precisou ser intubada.
“Solicitaram a UTI três vezes, mas não conseguiram. Disseram que não havia ambulância para buscá-la porque ela já estava entubada, e precisava de uma ambulância especial,” contou.
Janaina de Jesus
Janaina de Jesus, de 29 anos, morreu após ficar três dias na UPA do Jardim Itaipu. A família também procurou ajuda no Ministério Público, mas ela morreu enquanto os parentes eram atendidos no órgão.
“Eu me senti impotente, porque eu não podia fazer nada. Quando ela faleceu, eu estava no MP tentando uma vaga de qualquer jeito. Não deu tempo. É doido saber que tinha vaga no particular”, disse Yasmin de Jesus, irmã de Janaína, à TV Anhanguera.
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