Braille: sistema de leitura baseado no tato completa 200 anos


O sistema foi um marco histórico na inclusão de pessoas com deficiência visual ao universo da literatura e da informação. E, dois séculos depois, esse movimento tem o reforço de tecnologias novas. A tecnologia está ampliando a inclusão de pessoas cegas
Está fazendo exatamente 200 anos que foi criado o sistema de leitura baseado no tato. O sistema braille foi um marco histórico na inclusão de pessoas com deficiência visual ao universo da literatura e da informação. E, dois séculos depois, esse movimento tem o reforço de tecnologias novas.
Há dois meses, o Bruno da Silva Paulo, que é cego, ganhou um reforço para usar no trabalho: um óculos falante.
“Aqui no trabalho, a gente tem muitas apresentações virtuais. Em videoconferências, eu não consigo ler. Ele traz essa possibilidade de leitura”, conta o analista de Diversidade, Equidade e Inclusão do Senac – MG.
Os óculos são usados como suporte para um dispositivo acoplado em uma das hastes. O equipamento é bem leve, pesa 22 g, possui uma câmera de 13 megapixels e uma caixa de som. Utiliza inteligência artificial para ler tudo o que está ao redor de quem está com ele.
“Eu posso fazer esse movimento de tocar aqui na barrinha e ele tira uma foto e vai fazer a leitura daquilo que eu estou ali posicionando. Quando eu faço esse movimento, ele entende que eu quero ler algo específico”, explica Bruno da Silva Paulo.
Bruno ficou cego ainda criança, e a tecnologia tem ajudado ele a realizar desejos:
“O principal para mim, com os elementos que tenho hoje, é a leitura de livro físico. Sempre foi algo que eu quis fazer”, conta.
Tecnologia amplia inclusão de pessoas cegas
Reprodução/TV Globo
A câmera faz ainda reconhecimento facial de pessoas cadastradas e ajuda em tarefas simples do dia a dia. A empresa onde Bruno trabalha pagou R$ 700 mil por 45 óculos, que estão sendo usados por estudantes e colaboradores. O dispositivo é uma tecnologia israelense, importada e comercializada por uma instituição brasileira.
Tecnologia amplia inclusão de pessoas cegas
Reprodução/TV Globo
Antes de usar os óculos, Bruno aprendeu muita coisa em braile. Três idiomas, formou-se em administração e está fazendo doutorado na área.
O Brasil tem quase 84 mil estudantes cegos ou com baixa visão na educação básica. Em 2020, uma das principais editoras e produtoras de material para cegos produziu 145 mil páginas em braile. Em 2024, foram 250 mil. Gabriel Bertozzi, pesquisador do Instituto Benjamin Constant, explica que o braile e as novas formas de aprendizado precisam andar juntos.
“Ainda que a tecnologia seja importantíssima porque ela da acesso as pessoas com deficiência visual a uma serie de literatura ciência informação, o braille ele é muito importante porque ele permite um domínio completo e mais complexo da língua portuguesa no caso do brasil na modalidade escrita quando a gente fala na defesa do sistema baile ninguém esta dizendo que deve ser avesso a tecnologia. Os dois precisam está sempre caminhando juntos tanto no dia a dia quanto no ambiente escolar”, afirma Gabriel Bertozzi, pesquisador e professor do Instituto Benjamin Constant.
A tecnologia é uma aliada, não há dúvidas, mas não substitui o braile. Em um restaurante tem um cardápio comum, tradicional, e também a opção em braile.
Repórter: Bruno, o que você prefere numa situação como essa? Usar seu dispositivo ou fazer a leitura em braile?.
“Como nós estamos em ambiente que tem muito barulho, eu prefiro o braile, que é o recurso que vai trazer maior eficácia em relação a outros dispositivos nesse contexto”, diz Bruno.
A inclusão acontece no cuidado, nos pequenos detalhes.
“O quanto, às vezes, o simples não é feito simplesmente por acharem que é complexo ou difícil. E a gente precisa disso: simples atitudes e simples atos de empatia e acolhimento que fazem toda a diferença para muitas pessoas”, diz Bruno da Silva Paulo.
Braille: sistema de leitura baseado no tato completa 200 anos
Reprodução/TV Globo
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