Registro de curicaca com espinhos no pescoço gera debate em redes sociais


Fotografia foi feita pelo empresário Henrique Teles, na cidade de Serrana (SP). Curicaca com espinhos de ouriço foi registrada em Serrana (SP)
Henrique Teles
Em uma passarinhada, os observadores nunca sabem o que vão encontrar. Mesmo que ela seja feita em um local conhecido, a natureza sempre reserva surpresas para aqueles que mantêm os olhos atentos e a câmera a postos.
Morador de Guariba (SP), o empresário Henrique Teles conseguiu um flagrante curioso de uma curicaca (Theristicus caudatus) em Serrana (SP), região de Ribeirão Preto (SP). Nas imagens, feitas no domingo (24), é possível ver que a ave possui espinhos grudados em seu pescoço.
“Foi no final do dia, o sol já tava se pondo. E nesse horário sempre passa esses bichos voando e aí ela passou na minha frente, eu já tava com a câmera e tirei várias fotos. Mas quando cheguei em casa, é que eu fui ver, em alta resolução, os espinhos”, conta Henrique, que observa aves há 15 anos.
Curicaca com espinhos de ouriço foi registrada em Serrana (SP)
Henrique Teles
As imagens geraram especulações nas redes sociais, com usuários tentando desvendar o que teria acontecido com a ave. O ornitólogo Fernando Igor de Godoy sugere que os espinhos podem ser de ouriço. Segundo ele, como a curicaca se alimenta “fuçando na terra” com seu bico longo e curvo, é possível que tenha encontrado espinhos soltos ou até um ouriço morto no local.
A curicaca tem uma alimentação variada, composta principalmente por artrópodes, moluscos e frutas, podendo predar pequenos répteis, ratos, anfíbios e até aves menores. Seu bico é adaptado para extrair suas presas da terra fofa.
“Parece que ela teve contato com um ouriço-cacheiro. Mas pela foto não dá pra saber se os espinhos estão perfurando de dentro pra fora, mas acho difícil ela ter tentado engolir. Ou foram espetados de fora pra dentro, hipótese mais plausível”, pontua o ornitólogo Guilherme Brito.
Para Ana Carolina Loss, bióloga especialista em pequenos mamíferos, os espinhos são de ouriço-cacheiro mas, somente pela foto, não é possível identificar a espécie.
Além da curicaca, o observador conseguiu fotografar naquele mesmo dia uma suindara (Tyto furcata), uma polícia-inglesa-do-sul (Leistes superciliaris) e pica-pau-branco (Melanerpes candidus). Veja as imagens.
A espécie
Com bico em forma de foice e uma cauda curta, a curicaca leva este nome por conta de seu canto, que parece imitar a palavra. É também conhecida como despertador, carucaca, curicaca-comum, curicaca-branca, curicaca-de-pescoço-branco e caricaca.
Ninho de curicaca (Theristicus caudatus)
Lisa Vaccari / VC no TG
Habita principalmente o Centro-Sul do Brasil, sendo encontrada também no Paraguai, norte de Argentina, norte de Uruguai e parte da Bolívia. A espécie não é considerada ameaçada de extinção.
O macho costuma ser um pouco maior que a fêmea, atingindo 69 cm de comprimento e cerca de 143 cm de envergadura. É uma ave diurna, que vive em bandos pequenos ou solitária, procurando alimento em campos de gramíneas ou em alagados.
Durante a reprodução, costuma pôr de dois a quatro ovos, em ninhos de gravetos nas árvores ou mesmo grandes rochas nos campos. Os ninhos formam colônias numerosas nessa época.
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