Em 2025, transforme a amizade numa prática diária, como se fosse exercício


Relacionamentos não chegam prontos, nem se mantêm firmes se não nos empenharmos, diz Jeff Hamaoui, um dos fundadores da Modern Elder Academy Jeff Hamaoui é um dos fundadores da Modern Elder Academy (algo como a Academia dos Jovens Velhos), empreendimento criado com mais dois sócios – um deles, Chip Conley, já foi tema de uma coluna do blog – para ajudar as pessoas a repensar a meia-idade. Ou, como diz Hamaoui, que tem 53 anos: “como viver a segunda parte da vida adulta”. No dia 18, assisti a uma palestra on-line que serve como proposta para o ano que se inicia: pratique amizade, assim como você encontra tempo para se dedicar à atividade física, porque nossa saúde também depende da qualidade dos nossos relacionamentos.
Jeff Hamaoui, cofundador da Modern Elder Academy: transforme a amizade numa prática diária
Divulgação
“Redes sociais não são sinônimo de amizade. Apesar de tantas ferramentas digitais que poderiam nos conectar, o que elas têm feito é nos manter distantes, e o que temos visto é a expansão de uma epidemia de solidão, com todos os riscos que o isolamento traz para a saúde”, enfatizou.
A grande questão é como cultivar esses laços afetivos e criar novos, na meia-idade e na velhice. É onde entra o seu mantra: “você tem que transformar amizade numa prática diária, da mesma forma como se exercita”. Na sua opinião, as mulheres estão mais bem apetrechadas para tecer essa rede de relacionamentos, enquanto os homens têm “uma falsa ilusão de que têm amigos no trabalho, mas quase sempre são relações transacionais”, completou.
Ele citou o Estudo sobre o Desenvolvimento Adulto da Universidade Harvard, que acompanhou centenas de estudantes para ver como haviam se saído na maturidade e na velhice. Além dos alunos da instituição, a pesquisa incluía garotos de bairros pobres e, a cada dois anos, esses homens se submetiam a check-ups, imagens do cérebro e respondiam a questionários. O segredo dos que tornaram octogenários com boa saúde e de bem com a vida? Não foram seus exames clínicos, nem a classe social que determinaram como iriam envelhecer, e sim a qualidade dos seus relacionamentos.
Hamaoui apresentou um roteiro para quem quiser se dedicar a cultivar laços afetivos:
Amizade é trabalho: elas não chegam prontas nem se mantêm firmes se não nos empenharmos.
Aceitação: em vez de ficar na defensiva, imaginando que será rechaçado, pense o contrário. Uma ideia positiva sobre a forma como seremos recebidos aumenta nossas chances de isso acontecer. “Experimente ser um golden retriever, que se aproxima com a certeza de que será aceito!”, aconselha.
Vulnerabilidade: Hamaoui afirma que ninguém deve ter medo de se mostrar como vulnerável, porque esse é um estado que gera conexão com os outros, o que não ocorre quando somos inacessíveis. Ele usa uma expressão curiosa: “the beautiful mess effect” (“o belo efeito da bagunça”), isto é, não tema ser imperfeito.
Confiança: essa é uma profecia que se autorrealiza – quando você confia nas pessoas, elas tendem a se tornar mais confiáveis.
Saiba se desculpar e perdoar.
Aliás, de acordo com o antropólogo britânico Robin Dunbar – autor da teoria que Hamaoui endossa – temos cinco amigos íntimos (aqueles com quem a gente conta para qualquer aperto); 15 bons amigos que são próximos; 50 amigos não tão próximos; 150 contatos de alguma relevância; e até 500 conhecidos. “Sorria, diga alô para as pessoas, mesmo que as conheça apenas superficialmente. É dessa forma que sabemos que estamos integrados à sociedade”, finalizou. Um ótimo 2025!
Adicionar aos favoritos o Link permanente.