Dançarina de Sorocaba fala sobre coreografia que venceu de dança em Joinville: ‘Emoção gigantesca’


Eduarda Braga é dançarina há mais de 20 anos e, junto de sua prima, Rafaela Fernandes, coreografou uma das danças vencedoras do festival de Joinville (SC), considerado o maior do mundo. Rafaela (à esquerda) e Eduarda (à direita)
Arquivo pessoal
Conhecido mundialmente pela pluralidade cultural e diversidade de ritmos, o palco do Festival de Dança de Joinville (SC) é visto como pelos dançarinos como um local de transformações e realizações de sonhos.
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Na edição 2024, uma das escolas vencedoras da categoria solo foi o Espaço Gaia, de Sorocaba (SP), liderada pela coreógrafa Eduarda Braga. Ela contou ao g1 sobre os bastidores que antecederam a tão almejada vitória.
A dançarina relembra que sua trajetória começou ainda na infância, com apenas três anos, na capital paulista, onde nasceu. O street dance, sua maior paixão, surgiu anos depois, já na adolescência.
“Comecei com três anos, no colégio que eu estudava e, logo em seguida, entrei em um clube. Lá, dançava de tudo: jazz, sapateado, balé, dança irlandesa, entre outros, porém, não existia o street dance ainda, não era conhecido. Com 12 anos, a minha prima Rafaela, decidiu sair do clube e ir à uma academia profissional. Quando ela foi chamada para trabalhar em outro espaço, ela me convidou para ir junto”, lembra.
Profissionais coreografaram a dança vencedora da categoria
Arquivo pessoal
Eduarda conta que, desde então, foi amor à primeira vista. Com as novas descobertas e a popularização do ritmo, ela decidiu seguir carreira na categoria.
“Topei ir à escola de dança com a minha prima e, lá, fiquei deslumbrada. Aos 14 anos, era auxiliar em uma turma. Aos 16, eu já era professora de oito turmas diferentes. Fui pegando gosto e paixão pela arte de ensinar mas, nisso, acabei entrando em uma enrascada. Sempre quis ser analista de sistemas, mas a dança foi tomando conta da minha vida”, explica.
Com o passar dos anos, a dançarina decidiu se arriscar em competições por toda a região. Apesar do apreço pela dança de rua, ela conta que, devido à pressão, já pensou em desistir mais de uma vez.
“A dança não é fácil. Ela exige uma performance de alto rendimento, junto de disciplina e muita responsabilidade que, combinadas, trazem uma evolução gigantesca competindo. Houve vezes que pensei em jogar tudo ‘para o alto’ e largar mas, os alunos, que são minhas maiores inspirações, me motivam a continuar. Todo o amor recebido por eles e pelos os meus amigos me faz seguir”, conta.
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Diante de dificuldades e conquistas, Eduarda então decidiu, junto de sua prima, participar na elaboração de coreografias de seus alunos para o festival de Joinville, considerado um dos mais importantes do mundo.
“Joinville foi a primeira vez que eu e a Rafaela fizemos uma coreografia especificamente para campeonatos. Em edições anteriores, cheguei a participar como competidora e fiquei em segundo lugar. Foi um momento que me marcou bastante. É de uma alegria imensa”, destaca.
Durante a preparação para o campeonato, Eduarda não imaginava que a maior surpresa ainda estava por vir. A apresentação, nomeada “Ânimos”, ganhou o primeiro lugar da categoria solo.
“Ganhar o primeiro lugar no maior campeonato de dança do mundo é uma sensação indescritível. Todos nós da escola passamos por muita coisa para chegar até este mérito e padrão de qualidade. Também levamos outra coreografia, que era de um grupo sênior de danças urbanas”, celebra.
Rafaela e Eduarda são as líderes do Espaço Gaia, em Sorocaba (SP)
Arquivo pessoal
“Ânimos” retrata o lado psico-masculino dentro da mulher, então, ela passa por nuances muito legais. Ela usa o batuque do corpo. A Rafa teve essa ideia de fazer uma coreografia sobre influência, que foi muito estudada e dividida em três partes, terminando com a contaminação do amor”, complementa.
Ao g1, a profissional relata a dificuldade do processo seletivo para competir no festival de Santa Catarina. Para ela, ter a oportunidade de apresentar um projeto autoral no palco principal, juntamente dos melhores dançarinos do país, é uma honra.
“Em nenhuma das vezes que dancei foi uma coreografia nossa. Quando estávamos em outro espaço, eu e a Rafa levávamos mais projetos para crianças. É a primeira vez que elaboramos algo juntas e enviamos para avaliação. Entre 8 mil inscritos, apenas 300 passaram e nós conseguimos de primeira! A Beatriz, dançarina, está com a gente desde pequena. Ela é um orgulho, nós acompanhamos todo o crescimento dela”, comemora.
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Arquivo pessoal
Após a vitória, Eduarda revela que, entre os diversos planos, planeja focar no desenvolvimento da ganhadora. Com o primeiro lugar, o Espaço Gaia foi convidado para participar no ano seguinte, tendo uma nova chance de conquistar a “Cidade da Dança”.
“Eu e a Rafa queremos projetar algo que mostre uma crítica muito construtiva para o ano que vem. Aquele lugar é magnífico, com mais de 5 mil pessoas assistindo, é dança a todo momento. Queremos chegar ainda mais fortes e mostrar o nosso verdadeiro potencial. Vamos manter a determinação e aumentar o foco”, anseia.
Com alegria, a dançarina olha para o passado e se vê em um patamar de pertencimento. Ela se sente orgulhosa de passar a arte do que mais ama para cada vez mais pessoas.
Festival de Dança de Joinville é o maior do mundo
Reprodução/Festival de Dança de Joinville
“Diria para a Eduarda de antigamente que eu consegui. Consegui pois escolhi uma profissão que é difícil. Viver de arte é muito difícil. Estou em um lugar onde sinto que mereço estar e vou alcançar cada vez mais. Sinto cada dia mais orgulho de mim mesma”, celebra.
“Gosto muito de estar construindo um legado, de passar a arte que mais amo às pessoas. A ideia que eu e a Rafaela proporcionamos para o Gaia é transformar vidas. É importante nunca desistir. Eu sempre implorei muito por reconhecimento. Sou orgulhosa”, finaliza.
*Colaborou sob supervisão de Matheus Arruda
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