Suspeito de assassinar CEO da UnitedHealth em NY não era cliente da seguradora, diz empresa

O suspeito de assassinar o CEO UnitedHealthcare, Brian Thompson, não era cliente da seguradora de saúde, disse um porta-voz da empresa nesta sexta-feira (13).
Thompson foi morto a tiros no dia 4 de dezembro, em frente a um hotel de luxo de Nova York. O executivo estava se preparando para uma conferência da empresa na cidade. Luigi Mangione, de 26 anos, foi preso cinco dias depois e apontado como o principal suspeito do crime.
Mangione sofria de dores crônicas nas costas que afetavam sua vida diária, de acordo com amigos e publicações nas redes sociais. No entanto, ainda não está claro se sua saúde pessoal dele teve um papel no crime.
A UnitedHealth não tem registros anteriores de Mangione ou da mãe dele, segundo o porta-voz.
O assassinato de Thompson foi recebido com choque por todo o setor. Por outro lado, gerou manifestações de raiva por parte de norte-americanos que sofrem com os custos de assistência médica e complexidades do seguro de saúde nos EUA.
Autoridades públicas e executivos do setor de saúde reconheceram as frustrações. No entanto, nos últimos dias, foram mais incisivos ao reagir contra a glorificação de um acusado de assassinato nas redes sociais.
Em um artigo de opinião publicado no New York Times nesta sexta-feira, o presidente-executivo do UnitedHealth Group, Andrew Witty, disse que entende as frustrações do público com o sistema de saúde “falho” dos EUA, mas lamentou a morte de Thompson e condenou o “ódio violento que foi direcionado aos nossos colegas que têm sido atormentados por ameaças”. Thompson era presidente-executivo do grande setor de seguros de saúde da empresa.
Segundo o New York Times, um relatório interno da polícia da cidade de Nova York analisando os escritos de Mangione concluiu que ele considerava o assassinato uma resposta justificada ao que acreditava ser corrupção no setor de saúde.
Em alguns círculos, Mangione foi celebrado e mais de mil doações foram feitas em uma campanha de arrecadação de fundos online para sua defesa legal.
“Ele está representando uma raiva generalizada que é sentida por pessoas da classe média, da classe trabalhadora e por pessoas abastadas que também têm problemas com sua seguradora”, disse Pepper Culpepper, professor de governo e políticas públicas na Universidade de Oxford.
A ABC News e outros veículos noticiaram nesta sexta-feira que uma mulher da Flórida foi presa depois de supostamente encerrar uma ligação telefônica com um representante de sua seguradora Blue Cross Blue Shield dizendo as palavras “Atrasar, negar, destituir. Vocês são os próximos”.
As palavras “negar”, “defender” e “depor” foram gravadas em cartuchos encontrados na cena do assassinato de Thompson, segundo vários veículos de notícias, evocando o título de um livro crítico do setor de seguros publicado em 2010, intitulado “Delay, Deny, Defend: Why Insurance Companies Don’t Pay Claims and What You Can Do About It” (Atrasar, Negar, Defender: Por Que Seguradoras Não Pagam Sinistros e o Que Pode Ser Feito a Respeito, em inglês).
“INTENSAMENTE PESSOAL E MUITO COMPLICADO”
“Os cuidados com a saúde são intensamente pessoais e muito complicados, e as razões por trás das decisões de cobertura não são bem compreendidas”, escreveu Witty em seus primeiros comentários públicos desde o assassinato, observando que o sistema de saúde dos EUA é uma colcha de retalhos construída ao longo de décadas.
“Compartilhamos parte da responsabilidade por isso. Juntamente com empregadores, governos e outros que pagam pelo atendimento, precisamos melhorar a forma como explicamos o que o seguro cobre e como as decisões são tomadas”, escreveu.
Não está claro se os eventos recentes “representam um divisor de águas” que poderiam catalisar mudanças no setor, disse Julie Utterback, analista da Morningstar. “Definitivamente, é possível sentir no ar o potencial para algum tipo de mudança.”
(Reportagem de Manas Mishra e Sriparna Roy, em Bengaluru, e Amina Niasse, em Nova York)
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