
A fábrica de Ana Luiza Dixon fica em Guaratinguetá (SP) e emprega 35 pessoas. Para ela, o ofício começou como um desafio para presentear a filha e acabou virando uma fonte de renda. Ela trabalha no ramo há mais de uma década. Empresária do interior de SP tem fábrica de bebês reborn e vende 300 bonecas por mês: ‘Quem é a gente pra julgar?’
Arquivo pessoal
Down
Uma fábrica no interior de São Paulo vende por mês pelo menos 300 bebês reborn, bonecas realistas que imitam recém-nascidos e que viralizaram nas redes sociais nas últimas semanas. Apesar de gerar curiosidade, as bonecas não são uma novidade. Em Guaratinguetá (SP), há pelo menos uma década que o brinquedo promove o sustento de diversas famílias.
A proprietária da fábrica, Ana Luiza Dixon, de 42 anos, conta que começou no ramo por acaso, há cerca de 11 anos, por causa da filha. Ela queria dar uma boneca realista para a menina, na época com 6 anos, mas não tinha dinheiro, por ser um artigo caro.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Vale do Paraíba e região no WhatsApp
Sem recursos, Ana Luiza comprou uma boneca simples e adaptou como conseguiu ao formato reborn, assistindo tutoriais na internet. Ela decidiu publicar uma foto da boneca nas redes sociais e passou a receber encomendas. Assim, o que era um lazer virou fonte de renda e o negócio acabou expandindo.
“Foi algo bem natural. Eu sempre gostei muito de artesanato, mas eu fazia por hobby, em casa. Eu achei que era capaz de fazer para minha filha uma e foi fluindo. Depois que comecei a vender algumas, eu vi que precisava me aperfeiçoar e aí fiz cursos. Já fiz um curso nos Estados Unidos e fiz um curso em São Paulo, para poder ir aprendendo cada vez mais, para deixar os bebês cada vez mais realistas”, contou Ana Luiza.
Antes do sucesso das bonecas, Ana trabalhava em um comércio especializado em tecnologia com o marido, mas percebendo que poderia viver com o dinheiro das vendas de bonecas, eles decidiram fechar a loja para se dedicarem exclusivamente ao ofício.
“Antes, eu e meu marido tínhamos uma loja de informática, trabalhávamos no comércio. Inclusive, a gente fechou essa loja e hoje meu marido trabalha comigo, a gente trabalha junto fazendo as bonecas”, afirmou.
Ana no processo de confecção de boneca reborn
Arquivo pessoal
Aos poucos, a fábrica foi crescendo. Atualmente, o local emprega 35 pessoas que trabalhavam na fabricação dos bebês reborn. Por mês, pelo menos 300 bonecas realistas são vendidas pelo local.
Ana conta que na fábrica dela o preço das bonecas vária de R$ 599 a R$ 2 mil. Geralmente, as de R$ 599 são as de estoque, vendidas a pronta entrega. Já as mais caras são encomendas específicas que levam de um a cinco dias para ficarem prontas.
Apesar de crianças e adultos colecionadores serem os maiores clientes, Ana conta que já atendeu pedidos de mães que perderam filhos ou que por algum problema genético não podem conceber crianças.
“Pra mim, fazer as bonecas significa poder transmitir amor, carinho e respeito ao próximo, porque ninguém sabe da dor do outro. Eu faço meu trabalho com muita dedicação em cada bebê reborn para transmitir e superar as expectativas de cada pessoa. Essas pessoas que de alguma forma não podem ter filhos ou perderam, ficam muito emocionadas com a boneca. E eu fico realizada, porque de alguma forma aquele brinquedo vai aliviar alguma dor desta pessoa”, contou emocionada.
‘Cegonha’ de bebês reborn vende bonecas que variam de R$ 750 a R$ 9,5 mil
Ana conta que as crianças, principais clientes da empresa, gostam de escolher a cor dos olhos, da pele e todos os tipos de detalhes, pois a maioria quer se ver nas bonecas.
Para ter bebês que atendam os desejos de cada cliente, a empresa também investe em representatividade por meio das bonecas. No local, são feitos bebês com deficiência (com aparelho auditivo), com traços de Síndrome de Down e até com lábio leporino, para tentar acolher também as adversidades que atingem os bebês reais.
“Eu adoro trabalhar com a representatividade, né, porque a gente tem pessoas de tudo quanto é jeito e as crianças gostam de escolher as características delas. Então, eu tenho todos os jeitos, conforme vão pedindo, eu vou dando um jeito aqui, tentando fazer”, disse.
Bebê reborn com lábio leporino
Arquivo pessoal
Os materiais usados na confecção das bonecas também variam, podendo serem feitas de vinil ou silicone sólido e o corpinho é de tecido. Os cabelos são de fibra sintética, para os cabelos mais finos remetam ao recém-nascido.
A empresária disse que vê de maneira positiva a repercussão que as réplicas hiper-realistas de bebês recém-nascidos estão tendo nas redes sociais, pois além de popularizar o brinquedo, pode alavancar as vendas de bebês reborn.
“Eu respeito muito a opinião de cada um, gosto muito de bonecas, então eu sou suspeita pra falar, pois eu trabalho com isso todo dia. Eu produzo as bonecas, eu ponho roupinha, eu ponho fralda pra enviar os bebezinhos, e não julgo quem gosta de colecionar, gosta de brincar, porque cada um faz o que gosta, quem é a gente pra julgar?”, defendeu.
“Então, eu estou adorando a repercussão, porque as pessoas começam a procurar, saber o que é bebê reborn, tem gente que não conhece. Então, pra mim foi bom”, afirmou.
Ana Luiza conta que é muito grata por poder trabalhar com algo que gosta e que espera que o ramo cresça cada vez mais.
“Me sinto muito realizada, gosto muito do meu trabalho. Eu gosto mesmo do que faço, fico muito feliz ao saber que uma criança vai realizar um sonho recebendo uma boneca. Tenho uma empresa saudável próspera e pretendo continuar aqui sempre me aperfeiçoando cada vez mais”, finalizou a empresária.
Empresária do interior de SP tem fábrica de bebês reborn e vende 300 bonecas por mês: ‘Quem é a gente pra julgar?’
Arquivo pessoal
Empresária do interior de SP tem fábrica de bebês reborn e vende 300 bonecas por mês: ‘Quem é a gente pra julgar?’
Arquivo pessoal
Veja mais notícias do Vale do Paraíba e região bragantina