A produção industrial da China desacelerou em abril, mas ainda assim mostrou resiliência, um sinal de que as medidas de apoio do governo podem ter amortecido o impacto de uma guerra comercial com os Estados Unidos.
A produção industrial cresceu 6,1% em abril em relação ao ano anterior, mostraram dados do Escritório Nacional de Estatísticas nesta segunda-feira (19), desacelerando em relação aos 7,7% de março, mas superando a previsão de aumento de 5,5% em uma pesquisa da Reuters.
“A resiliência de abril é, em parte, resultado do apoio fiscal ‘antecipado’”, disse Tianchen Xu, economista sênior da Economist Intelligence Unit, referindo-se a gastos governamentais mais fortes.
Os dados seguiram a exportações mais fortes do que o esperado que, segundo economistas, foram sustentadas por exportadores que redirecionaram remessas e países que compraram mais materiais da China em meio a uma reordenação do comércio global devido às tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump.
No entanto, os dados desta segunda-feira ressaltaram o choque das tarifas recíprocas dos EUA, disse Xu, acrescentando que “apesar do rápido crescimento do valor agregado industrial, o valor de entrega das exportações ficou quase estagnado”.
Pequim e Washington chegaram a um acordo na semana passada para reverter a maioria das tarifas impostas sobre os produtos um do outro desde o início de abril. A pausa de 90 dias freou uma guerra comercial que abalou as cadeias de oferta globais e alimentou temores de recessão.
“O comércio exterior da China superou as dificuldades e manteve um crescimento estável, demonstrando forte resiliência e competitividade internacional”, disse Fu Linghui, porta-voz do departamento de estatísticas, em uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira.
Ele acrescentou que a redução da tensão comercial beneficiará o crescimento do comércio bilateral e a recuperação econômica global.
Mas economistas alertaram que a trégua de curto prazo e a abordagem imprevisível do presidente dos EUA continuarão a lançar uma sombra sobre a economia chinesa, voltada para a exportação, que ainda enfrenta tarifas de 30% além das taxas existentes.
O setor imobiliário ainda não mostrou sinais de recuperação, com estagnação dos preços das casas e redução dos investimentos no setor.
As vendas no varejo, uma medida do consumo, aumentaram 5,1% em abril sobre o ano anterior, abaixo do aumento de 5,9% em março e da previsão de expansão de 5,5%.
Economistas atribuíram a desaceleração ao impacto das tarifas dos EUA sobre as expectativas dos consumidores e à fraqueza da demanda interna.
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