A CEO da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30) afirma que ainda há incerteza sobre a presença de representantes do governo Donald Trump em Belém e que nenhum cenário irá surpreender o Brasil.
Ao CNN Entrevistas, Ana Toni afirmou que se uma delegação americana vier ao Brasil para o evento, será bem-vinda.
“Se vierem, serão muito bem recebidos, porque é só por meio do diálogo que a gente vai chegar a grandes acordos”, disse a CEO.
Uma das primeiras decisões de Trump desde que voltou à Casa Branca foi anunciar a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris. O gesto acendeu automaticamente uma dúvida sobre a participação americana na COP, em novembro.
Se a possibilidade de ausência for confirmada, Ana Toni prevê efeitos nos debates durante a conferência, diante de um abandono do multilateralismo pela Casa Branca também na área do clima.
“É uma pena, lógico que tem consequência, um país tão importante e tão rico. É o segundo maior emissor de gases de efeito estufa no presente, mas o primeiro maior emissor historicamente a sair do Acordo de Paris”, afirmou Ana Toni.
“A nossa disposição como presidência da COP é continuar o trabalho muito duro, muito difícil, unidos com os outros 197. E é assim que a gente vai trabalhar para a COP30.”
O Acordo de Paris é fruto da COP 21, de 2015, e está prestes a completar dez anos.
O tratado foi dos principais compromissos internacionais do século para o enfrentamento de mudanças climáticas e trouxe a meta de esforços para limitar o aumento da temperatura média do planeta a 1,5ºC.
Para Ana Toni, mesmo que a saída dos EUA do acordo se concretize até 2026, as últimas contribuições do governo de Joe Biden, como por exemplo em metas de descarbonização, não estão perdidas.
“Eles anunciaram as metas com um plano muito bem elaborado e logicamente o Trump, quando sair do Acordo de Paris, ninguém sabe o que acontece com a meta que foi colocada, mas o que a gente já está ouvindo de muitas empresas, de muitos governos subnacionais que independentemente se o Trump né, tirar o que provavelmente fará né, como foi já anunciado, eles seguirão as metas que foram anunciadas pelo governo Biden”, afirmou.
Contra as sinalizações dos Estados Unidos sobre o multilateralismo de maneira geral, o Brasil vê a COP como uma oportunidade de fortalecê-lo. Essa defesa aparece com frequência em discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em diferentes participações em eventos internacionais.
“As COPs viraram a o maior evento das Nações Unidas. Isso mostra que a mudança do clima traz todo mundo, traz essa união entre todos”, completou Ana Toni à CNN.