Em um raro discurso direto ao povo iraniano, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu pediu, na sexta-feira (13) aos cidadãos do Irã que “se levantem e façam com que suas vozes sejam ouvidas”, após Israel ter lançado ataques mortais contra seu inimigo da mesma região.
“Chegou a hora de o povo iraniano se unir em torno de sua bandeira e seu legado histórico, defendendo sua liberdade de um regime maligno e opressor”, disse Netanyahu em um comunicado.
Para os moradores do Irã, o apelo do líder israelense caiu em “ouvidos moucos”. Muitas das pessoas com quem a CNN conversou não quiseram ser citadas, mesmo anonimamente, mas nenhuma expressou apoio aos apelos de Netanyahu por uma revolta no Irã contra o atual regime do país.
“Israel está subestimando nosso amor por nosso país. A ideia de que bombardear a nós, nossas casas e matar nossos filhos nos levaria às ruas é chocante. Queremos viver em paz, gostemos ou não do regime”, disse à CNN um homem de 36 anos que preferiu permanecer anônimo.
Os iranianos que falaram à CNN expressaram raiva palpável e afirmaram que jamais cederiam às exigências de Netanyahu.
“Se eu gostaria que o regime não estivesse no poder? Com certeza. Se eu gostaria que minha cidade fosse bombardeada por outro ditador? De jeito nenhum”, disse Neda, de 28 anos.
“Não se deixem enganar pelas notícias falsas, pela realidade do que está acontecendo no Irã. Como iraniana que realmente morou no Irã, que tem família no Irã, Israel não está ajudando de forma alguma o nosso povo. Não preciso de notícias falsas e discursos de propaganda”, acrescentou.
O regime iraniano continua impopular em Teerã, onde as forças de segurança continuam a reprimir brutalmente os dissidentes.
Além da raiva, a emoção predominante entre os moradores de Teerã era de intenso medo, com rumores de que os ataques israelenses poderiam se intensificar na capital na noite de sábado (14).
“Estamos ouvindo que hoje à noite Israel atingirá áreas mais densamente povoadas de Teerã em retaliação ao ataque que atingiu Tel Aviv, o que é assustador”, disse uma mulher de 24 anos, cujo nome a CNN também não divulgou por motivos de segurança.
“A noite passada foi pior do que o que aconteceu antes. A casa inteira tremia e eles continuavam lançando bombas que pareciam muito próximas”, acrescentou.
