Casos de oropouche ultrapassam 400 registros no Acre e apenas um município ainda não detectou doença


Número de diagnósticos computados até julho de 2024 já supera todo o ano passado. Brasil registrou as duas primeiras mortes pela doença na Bahia. Embora possa causar complicações sérias, como meningite ou encefalite, casos graves são raros. Febre de Oropouche pode ser transmitida pela picada de maruim e pernilongo
Dive/Divulgação
Os registros de oropouche ultrapassaram os 400 casos no Acre no mês de junho e seguiram em crescimento no mês de julho, de acordo com o boletim epidemiológico divulgado semanalmente pela Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre). Até o dia 23 deste mês, já foram 422 casos confirmados.
Ainda de acordo com o levantamento, apenas um município, Santa Rosa do Purus, ainda não detectou a doença. Ou seja, a doença já tem abrangência de 95% do estado.
A doença é transmitida principalmente por mosquitos. O vírus Orthobunyavirus oropoucheense (OROV) é mantido no sangue desses animais após eles picarem uma pessoa ou outro animal infectado (veja os sintomas abaixo).
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A maioria dos casos no país foi diagnosticada em pessoas que têm entre 20 e 29 anos, de acordo com o Ministério da Saúde. A doença causa sintomas muito parecidos com os da dengue e os da Chikungunya e é uma arbovirose, ou seja, é transmitida pela picada do mosquito conhecido como maruim ou meruim, como ele também é conhecido.
Até maio, eram 318 casos confirmados da doença. Em junho, o número subiu para 407. O número de diagnósticos computados até julho de 2024, 422 casos, já supera todo o ano passado, quando foram identificados 60 casos em oito municípios.
Primeiras mortes no país
O Ministério da Saúde confirmou, nesta quinta-feira (25), duas mortes por febre do oropouche no país. Até então, “não havia relato na literatura científica mundial sobre a ocorrência de óbitos pela doença”, segundo o ministério.
As mortes confirmadas foram as de mulheres do interior da Bahia, com menos de 30 anos, sem comorbidades. Elas apresentaram sintomas semelhantes a um quadro de dengue grave (entenda mais abaixo).
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As mortes aconteceram em maio e junho deste ano, mas diversos exames precisaram ser feitos para que a causa dos óbitos fosse confirmada.
O estado enfrenta um surto da doença. De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), desde março, 835 casos já foram confirmados.
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Entenda a febre do oropouche
A febre do oropouche é transmitida principalmente por mosquitos. Depois de picarem uma pessoa ou animal infectado, os mosquitos mantêm o vírus em seu sangue por alguns dias. Quando esses mosquitos picam outra pessoa saudável, podem passar o vírus para ela.
🦟Segundo o Ministério da Saúde, a doença tem dois ciclos de transmissão:
Ciclo Silvestre: Neste ciclo, os animais, como bichos-preguiça e macacos, são os portadores do vírus. Alguns tipos de mosquitos, como o Coquilletti diavenezuelensis e o Aedes serratus, também podem ser portadores do vírus. Mas o mosquito Culicoides paraenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, é considerado o principal transmissor nesse ciclo.
Ciclo Urbano: Aqui, os humanos são os principais portadores do vírus. O maruim também é o vetor principal. Além disso, o mosquito Culex quinquefasciatus (o famoso pernilongo ou muriçoca), comum em ambientes urbanos, também pode ocasionalmente transmitir o vírus.
Ainda segundo o Ministério da Saúde, os sintomas da doença são parecidos com os da dengue e da chikungunya:
dor de cabeça,
dor muscular,
dor nas articulações,
náusea,
e diarreia.
Baixo risco de epidemia
Especialistas ouvidos pelos g1 concordam que existe uma preocupação sobre o risco de uma transmissão local da doença. Apesar disso, eles afirmam que a possibilidade de um surto em todo o país é bastante baixa neste momento.
👇Entenda mais:
Origem: A doença é transmitida principalmente por mosquitos. O vírus Orthobunyavirus oropoucheense (OROV) é mantido no sangue desses animais após eles picarem uma pessoa ou outro animal infectado.
Sintomas: Ela apresenta sintomas similares à dengue e à chikungunya, incluindo dor de cabeça, muscular, nas articulações, náusea e diarreia – o que pode complicar diagnósticos clínicos.
Risco de surto: Embora haja registro de um caso “importado” no Rio de Janeiro, a possibilidade de um surto nacional não é iminente, mas é crucial monitorar a transmissão local, alertam especialistas.
Tratamento: Não há tratamento específico para a Febre do Oropouche. Recomenda-se repouso, tratamento sintomático e acompanhamento médico.
Vigilância epidemiológica: A vigilância é fundamental para identificar os sintomas, detectar e prevenir possíveis surtos, além de permitir o diagnóstico diferencial com outras arboviroses – como a dengue.
Carla Kobayashi, afirma que é preciso considerar que a Febre do Oropouche é comum na região Norte, onde já houve registros de surtos nos últimos anos.
Por isso, o risco de termos outros casos ou casos não importados existe. Quando há circulação do vírus numa região, há a chance de o mosquito picar a pessoa infectada, se contaminar e transmitir a doença para outras pessoas.
“A gente pode ter um ou outro caso fora dessa região que não vão ser casos importados, mas isso não vai ser um risco alto. A gente observou nos últimos surtos da doença que eles se concentram em regiões específicas”, comenta Kobayashi.
“Explicando de uma forma mais objetiva, o risco epidemiológico de ter surtos dessa doença fora da região Norte, que já é o comum de acontecer, ele existe, mas é baixo”, acrescenta a especialista.
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