Biden quer ampliar cobertura de seguros de saúde para medicamentos contra obesidade

Na terça-feira (26), o presidente dos EUA, Joe Biden, propôs expandir a cobertura de medicamentos contra a obesidade, para mais de sete milhões de pessoas com cobertura de saúde do Medicare e Medicaid, os seguros de saúde dos EUA, o que poderia reduzir os custos diretos para alguns em até 95%.

Isso permitiria que mais americanos tivessem acesso a novos medicamentos para perda de peso da classe GLP-1, que demonstraram reduzir o peso em até 20% em média e podem ajudar a prevenir o diabetes tipo 2, mas custam até $1.000 dólares por mês sem cobertura de seguro. Os medicamentos também demonstraram, em estudos, reduzir o risco de infartos e morte cardiovascular relacionada.

As regras atuais do programa de seguro de saúde governamental Medicare cobrem o uso de medicamentos GLP-1, que auxiliam tanto no controle do diabetes como no emagrecimento, como o Mounjaro da Eli Lilly (LLY.N) e o Ozempic da Novo, para condições como diabetes, mas não as versões desses medicamentos, como o Wegovy, que foram aprovadas para tratar a obesidade como uma condição independente.

Os programas de Medicaid, que são administrados pelos estados, podem cobrir os medicamentos, mas muitos escolhem não cobri-los.

A regulamentação proposta, publicada no Registro Federal pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos na terça-feira (26), exigiria que o Medicare cobrisse esses medicamentos como tratamento para a obesidade, expandindo o acesso para aproximadamente 3,4 milhões de americanos.

A proposta também ampliaria o acesso aos medicamentos para cerca de 4 milhões de adultos inscritos no Medicaid, de acordo com a Casa Branca.

O programa entraria em vigor a partir de 2026, caso a administração do presidente eleito Donald Trump apoie a medida. O período de comentários sobre a regra está aberto até 27 de janeiro, após a posse. Robert F. Kennedy Jr., escolhido por Trump para secretário de Saúde, afirmou que o país deveria enfrentar a obesidade por meio de uma alimentação saudável, e não com medicamentos.

“Isso está criando uma armadilha política para a administração Trump”, disse Ge Bai, professor de políticas de saúde e gestão da Universidade Johns Hopkins.

Como a administração que está por vir estará sob pressão para cortar custos, Bai afirmou que a medida pode ajudar críticos à esquerda a criar uma narrativa de que Trump está retirando benefícios de saúde importantes.

De fato, o senador democrata Ron Wyden afirmou na terça-feira que ficou satisfeito com a ampliação da cobertura e que ficará vigilante em relação à administração Trump para garantir que não haja retrocessos.

Representantes da equipe de transição de Trump não estavam imediatamente disponíveis para comentar.

Decisão de Trump

Larry Levitt, vice-presidente executivo de políticas de saúde da organização sem fins lucrativos KFF, disse que ainda é uma questão em aberto se a administração Trump, que está por vir, irá seguir adiante com a proposta de exigir cobertura para medicamentos contra a obesidade.

“RFK Jr. expressou ceticismo em relação a esses medicamentos, mas o Dr. Oz os elogiou”, disse ele, referindo-se à escolha de Trump do apresentador de televisão e cirurgião Dr. Mehmet Oz para administrador dos Centros de Medicare e Medicaid (CMS).

“Em última análise, essa decisão provavelmente será tomada pela Casa Branca, que pode hesitar em se opor a uma cobertura que provavelmente será muito popular entre muitos idosos”, disse Levitt.

O CMS estima que a cobertura custará ao governo federal cerca de $25 bilhões de dólares para o Medicare e $11 bilhões de dólares para o Medicaid ao longo de uma década. Os estados pagariam cerca de $4 bilhões de dólares pela sua parte da conta do Medicaid. A agência estima que o gasto total com medicamentos do Medicare durante esse período será de $2,1 trilhões de dólares.

O Escritório de Orçamento do Congresso, em outubro, estimou que a cobertura do Medicare para medicamentos contra a obesidade aumentaria os gastos federais líquidos em cerca de $35 bilhões de dólares ao longo de oito anos. Os custos diretos totais do governo federal aumentariam de $1,6 bilhões de dólares em 2026 para $7,1 bilhões de dólares em 2034, afirmou.

O senador Bernie Sanders, que criticou os fabricantes de medicamentos para obesidade pelos altos preços de seus remédios, afirmou que o Medicare e o Medicaid precisam exigir que a Novo Nordisk e a Lilly reduzam o custo dos medicamentos.

“Não podemos permitir que o Medicare e o Medicaid se tornem simplesmente uma vaca leiteira para a Novo Nordisk e Eli Lilly”, disse ele.

A agência Reuters informou no início deste mês que a demanda intensa por medicamentos contra a obesidade gerou problemas de abastecimento, com muitos pacientes recorrendo a versões mais baratas e compostas, vendidas online.

Biden, um democrata, tem pressionado para reduzir os custos dos cuidados de saúde e dos medicamentos, como ao estabelecer um teto de $35 dólares para o custo da insulina para idosos que recebem o Medicare e ao impor um limite de $2.000 dólares nos custos com medicamentos para o mesmo grupo.

A Lei de Redução da Inflação de Biden também exigiu que as empresas farmacêuticas negociassem os preços dos medicamentos com o Medicare, que cobre 66 milhões de pessoas. Os primeiros cortes de preços para 10 medicamentos, variando de 38% a 79%, foram anunciados em agosto e começarão a valer em 2026.

O Ozempic e o Wegovy devem ser incluídos na próxima rodada de negociações, que cujos novos preços passarão a valer a partir de 2027.

Durante seu primeiro mandato, Trump também tentou reduzir os preços dos medicamentos, mas a medida foi posteriormente bloqueada por um juiz federal.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Biden quer ampliar cobertura de seguros de saúde para medicamentos contra obesidade no site CNN Brasil.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.