Alegre e dedicada aos filhos: quem era Maria do Carmo Oliveira, morta a tiros por ex-marido PM em boate no Grande Recife


Natural de Chã de Alegria, na Zona da Mata Norte do estado, Carminha, como era conhecida, tinha dois filhos e cresceu com seis irmãos. Família e amigos se despedem de Maria do Carmo de Oliveira, assassinada a tiros pelo ex-marido em boate no Grande Recife
Uma pessoa alegre, de bem com a vida e que colocava os filhos em primeiro lugar. É assim que a família e os amigos vão lembrar de Maria do Carmo de Oliveira, ou Carminha, de 34 anos, que foi morta a tiros pelo ex-marido, o policial militar Lindinaldo Severino da Silva, enquanto se divertia numa boate em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife (veja vídeo acima).
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Maria do Carmo foi enterrada na segunda-feira (29), em Chã de Alegria, cidade onde nasceu e a família dela mora até hoje, a 56 quilômetros da capital pernambucana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco.
Segundo parentes, Carminha saiu da cidade natal, aos 18 anos, para se casar com Lindinaldo e construir uma família em Jaboatão. Eles foram casados por 14 anos e estavam separados há quase dois. Tiveram dois filhos, um adolescente de 14 anos e uma menina de 3.
Nada disso impediu que o ex-companheiro descarregasse o revólver em Carminha, que morreu depois de ser atingida por quatro tiros.
“Ela vinha aqui, passava os dias comigo, com os meninos. Alegre, contente, com as irmãs. Uma menina muito inteligente, muito trabalhadeira. E acontece uma tragédia dessas (…). Quero justiça. Quero que ele pague pelo que fez com ela”, disse a mãe, Dona Olívia, durante o velório, que aconteceu na mesma casa em que a filha cresceu com as quatro irmãs, todas batizadas de Maria, e outros dois irmãos.
Bastante querida na comunidade de Vila do Campo, onde cresceu, Carminha sempre voltava a Chã de Alegria, seja para visitar a mãe, Dona Olívia, ou encontrar os irmãos e os amigos.
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‘Ela era feliz, uma pessoa excelente; queremos justiça’, diz irmã da vítima
A irmã mais velha, Maria José de Oliveira, era tratada como uma segunda mãe pelas mais novas. Ela contou que conversou com Carminha por telefone na sexta-feira (26) e que pediu para as duas passarem o fim de semana juntas em Chã de Alegria.
“Sou a mais velha. Criei tudinho, porque minha mãe trabalhava. Sexta-feira a gente conversou, ela pediu a bênção. A gente conversou um bocado de besteira. Eu disse: ‘Deus vai abrir uma porta de emprego para você! Se aperreie, não.'”, lembrou Maria José.
No domingo, quando chegou na casa da mãe, Maria José viu as irmãs chorando e pensou que tinha acontecido algo com o filho. “Foi alguma coisa com meu menino? E as meninas disseram: ‘Não. Foi Lindo que matou Carminha’”, lamentou.
Jessyka Inácio da Silva disse que vai se lembrar da prima como uma pessoa muito alegre. “Por onde passava, contagiava a gente. Ela era uma pessoa muito contente, muito brincalhona”.
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Celular da vítima sumiu depois do crime
Outra irmã, Maria do Socorro, foi responsável por cuidar da burocracia para a liberação do corpo de Carminha no Recife. Ela estava desolada e preocupada com os sobrinhos. “Levei eles lá para casa ontem. A menina, como tem 3 anos, não sabe de nada, não está entendendo. Mas ele está arrasado. Não dormiu à noite, só pedindo a mãe dele”, disse.
Socorro acredita que a polícia pode encontrar provas de que Lindinaldo vinha perseguindo a irmã por meio das conversas no WhatsApp.
“Ele mandava mensagem para ela no celular. O celular dela sumiu. Até agora a gente não sabe onde está. A gente quer justiça, minha irmã era feliz. Ela disse: ‘Eu estou vivendo a melhor fase da minha vida. Vou viver, vou criar meus filhos. Ela estava atrás de outro trabalho, porque ela estava desempregada. Tudo dela era para os meninos”.
Maria do Socorro lembrou também que a decisão de se separar foi de Lindinaldo e que Maria do Carmo decidiu seguir a vida.
“Foi ele que se separou dela. Ela ficou com a casa e os meninos. Não sei o motivo de ele não aceitar. Eu quero entender isso, porque ele vivia seguindo ela. Essa perseguição já foi em Chã de Alegria Ele foi atrás para saber da vida dela, se ela tinha outra pessoa”, disse.
Maria do Carmo Oliveira foi morta pelo ex-marido, o policial militar Lindinaldo Severino da Silva, com quatro tiros
Reprodução/Facebook
Como foi o crime
Mulher é baleada por policial militar dentro de boate no Grande Recife
O feminicídio aconteceu por volta das 3h do domingo, num camarote “open bar” da boate Lounge Music, no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes (veja vídeo acima);
Segundo o estabelecimento, o policial militar chegou à boate e comprou uma pulseira de acesso ao “open bar”, onde estava a ex-esposa, Maria do Carmo Oliveira;
Testemunhas contaram que, ao ver a mulher acompanhada de amigos, Lindinaldo atirou cinco vezes contra ela;
Desses disparos, quatro atingiram a vítima e uma bala ficou travada no revólver;
O PM foi imobilizado pelos seguranças da Lounge Music, que apreenderam a arma, e, ao conseguir sair da casa de shows, foi espancado por clientes em frente ao estabelecimento;
De acordo com a Lounge Music, após o crime, vítima foi socorrida pelo segurança da casa, que também trabalha como motorista de aplicativo e a levou para uma unidade de saúde próxima;
O atirador também ficou ferido e foi encaminhado para outra unidade hospitalar;
Devido à gravidade dos ferimentos, a vítima foi transferida para o Hospital da Restauração (HR), no bairro do Derby, na área central do Recife, enquanto o agressor foi levado para o Hospital da Polícia Militar, no mesmo bairro;
Maria do Carmo Oliveira não resistiu aos ferimentos e morreu no HR, no final da manhã do domingo (28), e Lindinaldo Severino da Silva ainda segue internado, sob custódia.
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