Sem interessados em leilões judiciais, castelo de R$ 15 milhões do cantor José Rico acumula sinais de abandono; veja antes e depois


Imagens recentes mostram imóvel tomado por mato alto, pichações, ferrugem e deterioração de paredes. Justiça tem tentado vender o bem para pagamento de dívidas do artista. Em meio a impasse judicial, ‘Castelo’ do cantor José Rico acumula sinais de abandono
Mato alto, pichações, ferrugem, vidros quebrados e paredes deterioradas. Avaliada em R$ 15,1 milhões, a mansão deixada pelo cantor José Rico, da dupla Milionário & José Rico, que morreu em 3 de março de 2015, aos 68 anos, acumula sinais de abandono.
O imóvel, que é conhecido como o “castelo do José Rico” devido ao formato arquitetônico, não é mais habitado por familiares do artista e, desde maio de 2023, a Justiça tenta vender parte dele para quitar dívidas trabalhistas deixadas pelo cantor, mas não surgiram interessados.
Área de uma das torres laterais do imóvel
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Em entrevista ao cantor Michel Teló, para o Fantástico, em outubro de 2014, José Rico revelou a relação afetiva com seu “castelo”. “Ali é meu mundo. Ali estou construindo para mim e para os meus”, contou, na ocasião.
O g1 teve acesso a imagens do “castelo”, que tem área total de 48 mil metros quadrados, mais de 100 quartos e fica localizado na Estrada Municipal LIM-486, às margens da Rodovia Anhanguera (SP-330), nas proximidades do limite com Americana (SP). A seguir, confira detalhes da situação dele:
Em meio a impasse judicial, ‘Castelo’ do cantor José Rico acumula sinais de abandono
Falta de manutenção
A falta de manutenção fica evidente logo na fachada, com pichações e portões tomados por ferrugem. A calçada ao redor da propriedade tem mato alto e há uma cratera que dificulta o trânsito de pedestres. Um dos portões está caído, em uma área aos fundos do imóvel.
Dentro da mansão, o cenário de abandono se acentua. O mato alto e árvores chegam a encobrir partes da construção e bloquearam trechos que eram destinados à circulação de pessoas. Janelas têm vidros quebrados, esquadrias estão enferrujadas e as paredes apresentam sinal de deterioração.
Uma piscina em formato de violão que era um dos símbolos da construção está esvaziada e com vegetação e pichações dentro e ao redor.
Imagens mostram sinais de abandono em ‘castelo’ de José Rico, em Limeira (SP)
Obra inacabada e diferentes projetos
Móveis deixados dentro da mansão acumulam poeira. Vários cômodos ainda estão inacabados e ocupados por materiais de construção, evidenciando o fato de que José Rico morreu sem ver seu imóvel finalizado.
Ele passou 24 anos construindo seu “castelo”, que já foi tema de música e gerou uma série de lendas, envolvendo extraterrestres e uma cigana que teria dito ao cantor que ele nunca deveria parar de construir sua casa. No entanto, o próprio José Rico desmentiu esses boatos em entrevista.
Comparação mostra como mato alto avançou sobre mansão deixada pelo cantor
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Veja comparação da área da mansão de José Rico com outros castelos do mundo
g1
‘O engenheiro era ele’
Vizinhos da mansão, que tiveram amizade com o cantor, relataram ao g1 que o cantor realizava as obras aos poucos e “o engenheiro era ele”, que levava ideias a pedreiros, que davam sequência na construção.
Também revelaram desejos do artista de criar uma gravadora, um hotel e uma loja para venda de produtos da dupla sertaneja no local. Nenhum desses foi concretizado, mas outros projetos foram, como a construção de um campo de futebol com arquibancada no local, que foi coberto pelo mato.
Fachada do “castelo” de José Rico em outubro de 2014 (esq.) e atualmente (dir.)
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Sem novo leilão ou venda previstos
A Justiça já ofereceu o “castelo” em dois leilões e duas vendas diretas, mas não houve interessados. A ação foi movida na Justiça por um músico que trabalhou com a dupla sertaneja entre 2009 e 2015 e aponta que tem débitos a receber.
O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) informou ao g1 que não há previsão de novo leilão.
“No momento, este bem ficará em suspenso, ante a existência de outros imóveis que estão sendo analisados para penhora”, explicou, em nota.
O órgão detalhou que foi penhorado no processo um percentual de 21,2% do imóvel, pertencente a um ex-empresário da dupla sertaneja. Essa parte é avaliada em R$ 3,2 milhões. Ainda conforme o TRT, os responsáveis pela manutenção da mansão são os proprietários.
Antes e depois da área onde ficava piscina em formato de viola
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Em processo de regularização, diz prefeitura
A Prefeitura de Limeira informou a reportagem que, atualmente, o imóvel está em processo de regularização fundiária, ou seja, a área já deixou de ser rural, porém ainda não foi enquadrada como urbana.
“O local é classificado como Zona de Urbanização Específica. Enquanto esse processo não for concluído, o imóvel segue vinculado ao Incra [Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária]. Nesse caso, não é possível cadastrá-lo no âmbito municipal para efeitos de IPTU, bem como para notificação de limpeza”, acrescentou.
ARQUIVO: Veja reportagem do Fantástico no “castelo” de José Rico, em outubro de 2014
‘Caso bem complicado’, diz filho
Em entrevista ao site Observatório dos Famosos, Moysés Rico, um dos filhos de José Rico, afirmou que a propriedade está “embargada” devido à ação trabalhista.
“É um caso bem complicado, mas ele ainda está bloqueado, esperando. A parte do leilão encerrou, mas ele está encerrado, não podemos fazer nada”, comentou ao portal.
A reportagem realizou contato com dois advogados que representam Berenice Martins Alves dos Santos, viúva de José Rico, mas eles não quiseram comentar o caso.
José Rico durante show na Festa do Peão de Barretos
Érico Andrade/G1
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