Violência no namoro: cartilha do Tribunal de Justiça do DF detalha fases do término de um relacionamento violento; filme ‘É assim que acaba’ aborda o tema


Longa em cartaz nos cinemas retrata olhar de vítima de violência doméstica. ‘Terminar um relacionamento violento não é um processo que ocorre em linha reta, mas com altos e baixos’, diz cartilha do TJDFT. Violência contra a mulher
G1
Terminar um relacionamento violento não é um processo que ocorre em linha reta, mas com altos e baixos. No filme “É assim que acaba”, lançado no início de agosto, esta é a trajetória da personagem principal que vive um casamento abusivo e violento.
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O filme é a adaptação para as telas do livro da autora Collen Hoover, e conta a história de Lily Blossom, interpretada por Blake Lively. Ela é uma jovem florista que se apaixona pelo neurocirurgião Ryle, interpretado por Justin Baldoni. No entanto, o homem é um agressor e, pelo ponto de vista da vítima, a história mostra o que é sobreviver a um relacionamento violento.
O caminho é tortuoso e não é fácil sair de um relacionamento violento, de acordo com o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). Para detalhar as principais fases do término de um namoro deste tipo, o TJDFT produziu uma cartilha sobre o tema.
Quais são as fases do término de um relacionamento violento, segundo estudos compilados pelo TJDFT
Cena de ‘É Assim Que Acaba’, com Blake Lively e Justin Baldoni.
Divulgação
1. Pré-contemplação: a vítima percebe que há algo errado, mas nega, minimiza ou coloca em cheque as próprias percepções.
2. Contemplação: a vítima passa a validar as percepções que tinha antes sobre a violência e atribui o sofrimento à relação, mas ainda não sabe como agir.
3. Preparação: neste estágio há o ensaio de tentativas de implementar a mudança. Nesta fase há dosi momentos, segundo as pesquisas reunidas pelo Tribunal de Justiça do DF:
Mudança na relação: com tentativas bem ajustadas (conversar, ser assertiva sobre não aceitar mais a violência), tentativas ingênuas (evitar gatilhos, por exemplo, cortar bebida alcoólica, deixar de frequentar locais em que os conflitos ficam mais acirrados) e outras arriscadas (revidar a violência, submeter-se ainda mais às exigências do parceiro)
Preparação para o término: caso as mudanças não aconteçam, a preparação muda de foco e passa a se centrar no término. A vítima passa a buscar maneiras de conseguir terminar, o que costuma envolver o fortalecimento pessoal, social e emocional e a resolução de aspectos práticos que prendam à relação. Por exemplo: retoma amizades das quais havia se afastado, busca atividades de autocuidado, faz atividades físicas em grupo, busca novos grupos de convivência, faz novos planos de futuro
4. Ação: é o término propriamente dito. Mesmo sendo um passo essencial, é comum que a violência continue após o término e só seja finalizada depois que o ex-casal rompe contato totalmente.
Neste ponto, o TJDFT alerta que se a violência continuar e houver o agravamento, gerando o risco de feminicídio após o término, é necessário recorrer à Lei Maria da Penha, sendo possível registrar boletim de ocorrência (veja mais abaixo como denunciar).
5. Manutenção: nesta fase há desafios de como manter o término da relação. Um ponto crucial, segundo o documento, “é que a pessoa se sinta melhor sem aquele relacionamento do que com ele”. Alguns fatores pesam neste momento:
Sociais: os(as) amigos(as) estão fazendo pressão para o casal retomar? São porta-vozes de uma segunda chance?
Pessoais: lidar com os sentimentos difíceis, como a saudade, após o término, reconstruir o cotidiano sem aquele parceiro
Circunstanciais: estudam no mesmo lugar e precisam se encontrar frequentemente? Têm um grupo de amigos em comum?
O que facilita ou dificulta o término de um relacionamento violento?
O TJDFT também organizou uma tabela para explicar fatores que podem facilitar ou dificultar o término do relacionamento:
O que facilita ou dificulta o término do relacionamento violento?
Acesse aqui a cartilha do TJDFT
Como denunciar a violência contra as mulheres?
A Secretaria de Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP) tem canais de atendimento que funcionam 24h. As denúncias e registros de ocorrências podem ser feitos pelos seguintes meios:
Telefone 197
Telefone 190
E-mail: [email protected]
Delegacia eletrônica
Whatsapp: (61) 98626-1197
O DF tem duas delegacias especializadas no atendimento à mulher (Deam), na Asa Sul e em Ceilândia, mas os casos podem ser denunciados em qualquer delegacia.
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) também recebe denúncias e acompanha os inquéritos policiais, auxiliando no pedido de medida protetiva na Justiça.
Em casos de flagrante, qualquer pessoa pode pedir o socorro da polícia, seja testemunha ou vítima.
No Distrito Federal, ainda existe o Programa Violeta, que é focado no atendimento de crianças e mulheres vítimas de violência sexual e estupro. O acolhimento é feito por uma equipe multiprofissional, composta por assistente social, ginecologista, psiquiatra, psicólogos, técnica em enfermagem e técnicas administrativa.
O serviço é prestado no Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
A Secretaria de Justiça e Cidadania também tem canais de denúncia de casos de violência contra a mulher. Há, por exemplo, o Centro Integrado 18 de Maio, que trata de ocorrências de exploração sexual de crianças.
O Conselho Tutelar também recebe denúncias de violação de direitos de crianças e adolescentes. Ainda há o Disque 100, que trata da violação de direitos humanos.
Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM)
Endereço: EQS 204/205, Asa Sul, Brasília
Telefones: (61) 3207-6195 e (61) 3207-6212
Delegacia de Atendimento Especial à Mulher (DEAM II)
Endereço: QNM 2, Conjunto G, Área Especial, Ceilândia Centro
Telefone: (61) 3207-7391
Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT)
Endereço: Eixo Monumental, Praça do Buriti, Lote 2, Sala 144, Sede do MPDFT
Telefones: (61) 3343-6086 e (61) 3343-9625
Prevenção Orientada à Violência Doméstica (Provid) da Polícia Militar
Contato: 3190-5291
Central de Atendimento à Mulher do Governo Federal
Contato: 180
Centro Integrado 18 de Maio
Endereço: SHCS EQS 307/308
Telefone: (61) 2244 – 1512 e (61) 98314 – 0636
Conselho Tutelar
Endereços: clique aqui e consulte
Telefone: 125
Disque 100
Violência contra a mulher cresce no Brasil
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