Biden dá indulto a 39 e reduz sentença de cerca de 1.500 presos no maior ato de clemência da história dos EUA


Documento com achados sobre crescente cooperação entre rivais dos EUA pode ajudar novo governo a lidar com a questão. Relatório inclui orientações de preparo para gerenciamento de crises simultâneas envolvendo adversários. Presidente Joe Biden discursa na Casa Branca durante uma cerimônia sobre o Dia Mundial da AIDS com sobreviventes, suas famílias e defensores, neste domingo (1º)
Manuel Balce Ceneta/AP
O presidente Joe Biden reduziu as sentenças de aproximadamente 1.500 pessoas que foram libertadas da prisão e colocadas em prisão domiciliar durante a pandemia do coronavírus e perdoou 39 americanos condenados por crimes não violentos nesta quinta-feira (12).
A medida anunciada é o maior ato de clemência em um único dia na história moderna dos Estados Unidos. O segundo maior ato foi realizado por Barack Obama, com 330, pouco antes de deixar o cargo em 2017.
Segundo a agência de notícias Associated Press, Biden diz que irá anunciar novas medidas nas próximas semanas e continuará a analisar outras petições de clemência. Donald Trump toma posse e retorna à Casa Branca no dia 20 de janeiro.
“A América foi construída com base na promessa de possibilidades e segundas oportunidades. Como presidente, tenho o grande privilégio de conceder misericórdia às pessoas que demonstraram arrependimento e reabilitação, restaurando a oportunidade para os americanos participarem na vida quotidiana e contribuírem para as suas comunidades, e tomar medidas para eliminar as disparidades nas sentenças para criminosos não-violentos, especialmente aqueles condenados por crimes relacionados a drogas”, defendeu Biden em comunicado.
✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp
Os perdoados nesta quinta incluem uma mulher que liderou equipes de resposta a emergências durante desastres naturais, um diácono de igreja que trabalhou como conselheiro de dependência e conselheiro de jovens, um estudante de doutorado em ciências biomoleculares e um veterano militar condecorado.
Biden também tem sido pressionado por grupos de defesa para perdoar amplos grupos de pessoas, incluindo aqueles que estão no corredor da morte federal, antes de a administração Trump tomar posse em janeiro.
O presidente ainda está estudando a possibilidade de conceder indultos preventivos àqueles que investigaram o esforço de Trump para anular os resultados das eleições presidenciais de 2020 e que podem enfrentar possíveis retaliações quando ele assumir o cargo.
Memorando de segurança nacional
Outra medida tomada por Biden antes de deixar a Casa Branca em janeiro foi a aprovação de um novo memorando confidencial de segurança nacional sobre a crescente cooperação entre Rússia, Coreia do Norte, Irã e China.
Funcionários da administração Biden começaram a desenvolver o documento com orientações entre julho e setembro deste ano. Ele foi projetado para ser um guia que ajude o próximo governo a estruturar desde o primeiro dia sua abordagem e como lidar com os estreitamentos de relações entre os principais adversários e concorrentes dos Estados Unidos, segundo dois altos funcionários do governo ouvidos pela agência de notícias Associated Press.
Os funcionários, que falaram à AP sob condição de anonimato devido às regras estabelecidas pela Casa Branca, disseram que o memorando, confidencial, não será divulgado ao público devido à sensibilidade de algumas das conclusões obtidas.
Segundo a AP, o documento inclui quatro recomendações principais:
Melhorar a cooperação entre as agências do governo dos EUA;
Acelerar o compartilhamento de informações com aliados sobre os quatro adversários;
Calibrar o uso de sanções e outras ferramentas econômicas para máxima eficácia, e
Fortalecer a preparação para gerenciar crises simultâneas envolvendo esses adversários.
Há muitos anos os EUA estão preocupados com a cooperação entre os quatro países. Essa coordenação se intensificou após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022.
Os funcionários observaram que, à medida que a Rússia se tornou mais isolada de grande parte do mundo, passou a recorrer ao Irã para obter drones e mísseis. Da Coreia do Norte, os russos receberam artilharia, mísseis e até milhares de tropas que viajaram para ajudar os russos a repelir as forças ucranianas na região de Kursk, ocupada em contraofensiva ucraniana. A China, por sua vez, tem apoiado a Rússia com componentes de uso dual que ajudam a sustentar sua base industrial militar.
Em troca, a Rússia enviou caças ao Irã e ajudou Teerã a fortalecer sua tecnologia de defesa antimísseis e espacial.
A Coreia do Norte recebeu da Rússia combustível e financiamento necessários para expandir suas capacidades industriais e militares. Os funcionários acrescentaram que a Rússia “aceitou, de fato, a Coreia do Norte como um estado nuclear”.
Enquanto isso, a China está se beneficiando do “know-how” russo, com os dois países trabalhando juntos para aprofundar sua cooperação técnico-militar. As duas nações também estão conduzindo patrulhas conjuntas na região do Ártico.
Biden e Trump têm visões de mundo marcadamente diferentes, porém funcionários de ambas as administrações – a que está saindo e a que está chegando – disseram que buscaram coordenar questões de segurança nacional durante a transição.
Um dos funcionários ouvidos pela AP afirmou que o memorando da Casa Branca de Biden “não está tentando prender (a administração Trump) ou incliná-los para uma opção de política ou outra”.
LEIA TAMBÉM:
Rússia pede que cidadãos não viajem mais aos EUA e diz que relação com Washington está ‘em vias de ruptura’
Líder supremo do Irã acusa Israel e EUA de plano que resultou em queda de Assad e diz ter provas
Adicionar aos favoritos o Link permanente.