Empresária denuncia marido por agressão e por esfaquear o filho para atraí-la e tentar matá-la


Fernanda Gomes contou que foi casada com Paulo Frugoni por 20 anos. Defesa de Paulo diz que ele foi a casa do filho para ‘reatar’ a família, foi espancado e o jovem se machucou durante luta corporal. Empresária denuncia marido por agressão e por esfaquear o filho
A empresária Fernanda Gomes denunciou uma série de agressões que sofreu do marido, o empresário Paulo Frugoni. Após a última agressão, com medo de ser assassinada, Fernanda se mudou para um abrigo e, depois, foi para a casa de uma amiga. Segundo Fernanda, Paulo esfaqueou o próprio filho para o jovem revelar o paradeiro da mãe, com o intuito de matá-la.
“Ele colocou meu filho e o primo de joelhos, prendeu as mãos com ‘enforca-gato’ e começou a torturar, com palavras, dando coronhada na cabeça deles. Ameaçando o tempo todo, falando que ia matar se não falasse [onde ela estava]”, detalhou Fernanda.
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Os crimes contra o filho, de 18 anos, ocorreram na madrugada do dia 12 deste mês, em Goiânia, segundo a empresária. Paulo Frugoni já havia sido denunciado por Fernanda em maio, após outras agressões, e estava sob uma medida protetiva que o proibia de se aproximar dela. Eles foram casados por 20 anos, e o processo do divórcio foi aberto.
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Durante a confusão do dia 12, segundo Fernanda, o filho dela e o sobrinho foram ameaçados com uma arma. O filho conseguiu se soltar e tentou atirar, mas percebeu que a arma era de brinquedo, momento em que levou facadas do pai e teve 12 cortes, de acordo com a empresária. Um vizinho entrou ao local e, na confusão, Paulo foi agredido. Pai e filho precisaram ser internados.
Fernanda Gomes da Silva Frugoni denunciou que foi agredida pelo marido em Goiânia, Goiás
Arquivo Pessoal/Fernanda Gomes
Fernanda procurou a delegacia na segunda-feira, e a polícia foi ao Hospital de Urgências de Goiás (Hugo) para realizar a prisão em flagrante de Paulo. Em audiência de custódia, a Justiça determinou sua prisão preventiva, ordenando que ele seja levado à prisão após receber alta hospitalar.
Ao g1, o advogado Werner Von Braun de Oliveira informou que Paulo Frugoni não infringiu nenhuma medida protetiva e foi à casa do filho para tentar “reatar” a família, não para obter informações sobre a esposa. A defesa alega que Paulo não estava armado, afirmando que o filho e o primo o amarraram e o agrediram, o que resultou em uma luta corporal na qual o filho se feriu (leia mais sobre a versão de Paulo ao longo do texto).
O g1 questionou o estado de saúde de Paulo ao Hugo, mas o hospital informou que “por respeito à privacidade e ao sigilo, fornece informações de atendimentos médicos apenas aos pacientes e seus familiares ou responsáveis legais”.
Momentos de terror
Filho de Fernanda Gomes da Silva Frugoni ferido em Goiânia, Goiás
Arquivo Pessoal/Fernanda Gomes
Ao g1, Fernanda relatou que Paulo aterrorizou o filho e o sobrinho dela, que mora com o rapaz, durante toda a estadia no local. Segundo a empresária, Paulo ameaçava cortar a cabeça do sobrinho caso o filho não revelasse onde ela estava.
Paulo vasculhou os celulares dos rapazes e descobriu que Fernanda estava em um condomínio. O filho argumentou que ele não conseguiria entrar no local, pois o acesso dependia de reconhecimento facial. A partir disso, Paulo começou a insistir para que o jovem fosse com ele ou atraísse a mãe para onde eles estavam, segundo Fernanda.
“O agressor deixou a arma em cima da cama para buscar a faca. Meu filho estava com tanto medo que conseguiu se soltar e pegou essa arma. Ele chegou a atirar, mas a arma era de brinquedo, não aconteceu nada. Nesse momento, o pai dele voltou com a faca na mão e foi para cima dele e começou a esfaquear”, descreveu.
O filho de Fernanda levou várias facadas enquanto pedia ajuda ao primo, que continuava amarrado e com a cabeça coberta, segundo a empresária. Fernanda contou que o sobrinho se arrastou pelo chão, conseguiu se soltar e foi para cima do agressor. Durante toda a confusão, um vizinho apareceu para ajudar.
“Meu filho tá com a cabeça cortada, costela perfurada, os braços todos cortados”, desabafou.
O que diz a defesa de Paulo?
O advogado Werner Von Braun de Oliveira informou que Paulo foi à casa do filho para tentar “reatar” a família e estranhou que foi bem recebido pelo jovem. Segundo o advogado, Paulo não estava armado e levou uma pancada na cabeça assim que chegou ao local.
A defesa alega que Paulo foi amarrado e nega que tenha amarrado o filho e o sobrinho. “Foi o próprio filho quem pegou a faca e a colocou no pescoço dele”, disse o advogado. “Paulo perguntou: ‘Você vai matar seu pai?’. Nesse momento, começou uma luta corporal”, detalhou.
Durante a luta, os jovens teriam chamado um vizinho para agredir Paulo, conforme a defesa. “O filho dele se machucou na luta corporal que ocorreu entre os dois, um confronto físico, nada relacionado a tentativa de homicídio”, pontuou o advogado.
Segundo a defesa, na rua, outra pessoa também agrediu Paulo, que sofreu uma fratura exposta e traumatismo craniano.
“A vítima nesse caso foi o Paulo, porque ele não foi lá atrás da Fernanda. Ele foi para tentar reatar a família e conversar com o filho”, afirmou o advogado.
Werner Von Braun explicou que há um habeas corpus em tramitação para a soltura de Paulo, uma vez que ele não foi atrás de Fernanda e, portanto, não descumpriu a medida protetiva. O advogado disse que todos os envolvidos responderão criminalmente.
Agressões
Vídeo mostra quando marido dá tapa em empresária
Em entrevista ao g1, Fernanda contou que foi casada por 20 anos com Paulo e tem dois filhos com ele: o jovem de 18 anos, que foi esfaqueado, e uma menina de 11 anos. A empresária detalhou que as agressões começaram no segundo ano de casamento, mas se tornaram mais violentas no início deste ano.
“Ele me agredia sempre por conta de ciúmes, era muito ciumento. A partir do começo do ano, ele colocou na cabeça que eu o estava traindo, inventava essas coisas e desconfiava de tudo. Ele tomou meu celular e mantinha-o sempre consigo. Qualquer coisa era motivo para briga”, explicou Fernanda.
Fernanda relatou que o filho mais velho saiu de casa há cerca de três anos por causa da violência do pai e foi morar com a avó. De acordo com a empresária, a agressão mais grave que sofreu ocorreu em maio deste ano, após uma festa, quando o marido desconfiou que ela tinha um caso extraconjugal.
Durante a briga, um parente presenciou as agressões e ligou para os pais de Paulo, que foram até o local. Neste momento, as agressões pararam, segundo Fernanda. No entanto, após a saída dos familiares, as agressões recomeçaram, conforme o relato.
“Ele me jogou no chão, montou em cima de mim e me deu uns 20 murros no rosto. Quebrou uma garrafa de vinho na minha cabeça. Foram vários chutes; minha boca ficou cortada. Meu rosto ficou todo inchado, eu não conseguia enxergar”, descreveu.
No dia seguinte, Paulo pediu desculpas, dizendo que a esposa o tirou do sério, segundo Fernanda. Ela contou que mentiu para os parentes, dizendo que estava viajando, e ficou alguns dias no quarto por conta dos ferimentos. A filha, de 11 anos, ouviu a mãe apanhando e escutou o pai mandando-a ficar calada.
“Ela disse que ouviu o silêncio e pensou que eu tinha morrido”, desabafou Fernanda.
Com medo, a empresária decidiu não denunciar, mas os dias seguintes foram ainda piores. No dia 31 de maio, ela temeu ser morta pelo marido. Fernanda relatou que Paulo queria levá-la durante a noite para uma casa desocupada que eles possuíam, mas ela conseguiu fugir com a filha e entrou na casa de um vizinho.
Os vizinhos chamaram a polícia e, quando os policiais chegaram, tentaram convencer Paulo a sair de casa, mas ele se recusou. A empresária foi para a delegacia e, quando a polícia voltou à sua casa, o marido já não estava mais lá. Fernanda ficou em um abrigo por um mês e recebeu medidas protetivas. Depois, foi acolhida na casa de uma amiga, onde estava quando o filho foi agredido.
Fernanda Gomes da Silva Frugoni denunciou que foi agredida pelo marido em Goiânia, Goiás
Arquivo Pessoal/Fernanda Gomes
Medo
A empresária teme que Paulo consiga um habeas corpus e seja solto. Fernanda tem medo de que ele a mate ou faça algo contra os filhos.
“Eu preciso de ajuda. Não adianta as autoridades tentarem fazer algo depois que eu ou meus filhos perdermos a vida, porque será tarde demais”, desabafou.
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