Caminho das Índias: em exportação inédita, café conilon capixaba é vendido para mercado asiático


Envio para mercado indiano foi feito pela maior cooperativa de café conilon do Brasil, com sede em São Gabriel da Palha, no Noroeste do Espírito Santo. Café conilon do ES é exportado para a Índia
Produtores de café conilon do Espírito Santo, maior produtor do grão do Brasil, celebram uma conquista histórica: pela primeira vez, o café desta qualidade produzido no estado foi exportado para a Índia, país conhecido por sua tradição em relação ao chá.
Os especialistas avaliam que essa conquista é uma prova do esforço do produtor em garantir um café de qualidade que pode ser vendido no mercado internacional.
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A comercialização é inédita e foi feita pela maior cooperativa de café conilon do país, a Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel, com sede no Noroeste do Espírito Santo. Foram 21 contêineres de café conilon vendidos para o país oriental.
Os embarques tiveram início no mês de julho e continuaram sendo realizados de forma fracionada, com previsão de novos envios em 2025.
Em exportação inédita, conilon capixaba é vendido para um dos principais mercados asiáticos. Espírito Santo.
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Na cidade que enviou o café para a Índia, o produtor rural Carlos Keppe contou que produz o grão pensando na qualidade do produto final e atribuiu a esse cuidado a disseminação pelo mundo.
“Saber que o café que eu produzo aqui em São Gabriel da Palha tá indo para o outro lado do mundo é uma satisfação imensa pra gente. […] Eu vejo que, talvez em um prazo não muito longo, vai ocorrer uma valorização ainda maior do trabalho que o agricultor presta na produção do café conilon”, comemorou.
Para o presidente da cooperativa, Luiz Carlos Bastianello, essa exportação é uma mudança de paradigma.
“Essa exportação para gente, especificamente, é uma quebra de paradigma. Nós estamos falando do sexto maior produtor do mundo de café, com 70% produção de canéfora, que é o que nós produzimos aqui. Então, entrar nesse mercado é um caso realmente pontual, mas que chama muito a atenção”, avaliou.
Tradição do chá abre espaço para o café
Em exportação inédita, conilon capixaba é vendido para um dos principais mercados asiáticos. Espírito Santo.
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O consumo de café na Índia está em crescimento, impulsionado por novos hábitos e mudanças no perfil socioeconômico e cultural dos indianos.
“Há uma tendência de aumento no consumo em países onde antes se destacavam outras bebidas que não o café, a exemplo de Japão, China e da própria Índia. […] Isso tem aguçado não só a curiosidade mas também o apetite por buscar essas novas experiências, os consumidores desse mercado têm ido a cafeterias, a coffee shops, supermercados e isso torna o produto brasileiro atrativo pela roda de sabores que a gente pode proporcionar”, analisou a gerente de exportação e sustentabilidade da Cooabriel, Renata Vaz.​
A negociação inédita foi recebida com otimismo pela cooperativa e acontece em um momento de novos arranjos no mercado internacional, que sofre influência de condições climáticas e dificuldades logísticas em importantes origens produtoras, como Vietnã e Indonésia, favorecendo as exportações brasileiras.
“A qualidade do nosso café faz toda a diferença. O produtor tem entendido o recado da necessidade de fazer um pós-colheita adequado, de apresentar uma qualidade de café. Isso abre portas mundo afora”, avaliou o presidente da Cooabriel.
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Para a cooperativa, o café produzido no Espírito Santo tem características únicas e a venda para a Índia é promissora.
“O nosso conilon tem aroma, tem sabores, um sabor muito acentuado, que traz muita diferença em relação a outros café e eu acho que é isso que o consumidor está buscando. E ele encontra nesse produto essas diferenças que, muitas vezes, não encontra em outros cafés”, entendeu Bastianello.
Gargalo logístico
Gargalo logístico impede a saída de cerca de 800 mil sacas de café do Espírito Santo.
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Embora o momento atual seja positivo, questões logísticas relacionadas aos embarques nos portos brasileiros exigem atenção.
“Nós precisamos levar esse café mundo afora, precisamos de trabalhar com bastante afinco para conquistar consumidores e remunerar melhor os nossos produtores. […] E para continuar mantendo esses mercados como pautas de exportação, é preciso ter eficiência logística, uma vez que a regularidade de entrega é primordial para a manutenção desses mercados e determinante para a competitividade frente a outros países produtores”, finalizou o presidente.​​​​​
Ainda assim, exportações vêm alcançando sucessivos recordes. Dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), que levam em consideração os meses de janeiro a setembro de 2024, apontam que os cafés canéforas (conilon e robusta) se apresentam como destaque dos embarques deste ano, com o envio recorde superior a 7 milhões de sacas ao exterior, representando um crescimento expressivo de 170,4% em comparação a 2023.
Maior produtor de café conilon do Brasil
Em exportação inédita, conilon capixaba é vendido para um dos principais mercados asiáticos.
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De acordo com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (incaper), o Espírito Santo é o maior produtor de café conilon do Brasil, responsável por aproximadamente 70% da produção nacional, e por até 20% da produção do café robusta do mundo.
O café conilon é a principal fonte de renda em 80% das propriedades rurais capixabas localizadas em terras quentes.
São 283 mil hectares plantados de conilon no estado, em 40 mil propriedades rurais distribuídas em 63 municípios, com 78 mil famílias produtoras, e gera 250 mil empregos diretos e indiretos.
A produção é responsável por 37% do Produto Interno Bruto (PIB) Agrícola do Espírito Santo. O estado é referência brasileira e mundial no desenvolvimento da cafeicultura do conilon, com uma produtividade média que já alcançou 45,94 sacas por hectare (sc/ha).
Os maiores produtores do Espírito Santo são os seguintes municípios: Rio Bananal, Vila Valério, Jaguaré, Vila Valério, Nova Venécia, Sooretama, Linhares, Rio Bananal, São Mateus, Pinheiros, Governador Lindenberg, Boa Esperança, Vila Pavão, São Gabriel da Palha, Colatina e Marilândia.
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