Jards Macalé revê Caetano Veloso em documentário sobre o exílio de artistas brasileiros em Londres nos anos 1970


Além do inédito filme ‘London 70’, o tempo de vivência na capital da Inglaterra é tema do livro ‘It’s a long way – O exílio em Caetano Veloso’. Jards Macalé reencontra Caetano Veloso na filmagem do documentário ‘London 70’, de Rejane Zilles
Carla Alves / Reprodução Facebook Jards Macalé
♫ NOTÍCIA
♪ Jards Macalé reencontrou Caetano Veloso diante das lentes de Rejane Zilles, diretora e roteirista de London 70, documentário arquitetado há alguns anos por Rejane, mulher de Macalé.
Ainda inédito, o filme foca o período em que artistas brasileiros, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, se exilaram em Londres no início da década de 1970 e, uma vez na capital da Inglaterra, produziram discos que se tornaram emblemáticos. É o caso sobretudo de Transa (1972), cultuado álbum gravado por Caetano em Londres em 1971 sob direção musical de Macalé.
Arranjador de disco e show de Gal Costa (1945 – 2022) no período em que a cantora manteve hasteada no Brasil a bandeira da resistência e da contracultura, caso do álbum Legal (1970), Macalé foi convidado por Caetano para ir a Londres em 1971 participar da criação do disco Transa.
Macalé voltou ao Brasil no mesmo ano de 1971, mas deixou expressiva marca no disco que seria lançado em 1972, sem o crédito de Macalé na edição original por conta de desatenção da gravadora Philips na parte gráfica do disco.
O documentário London 70 aborda e analisa o exílio de nomes como Caetano, Gil e Jorge Mautner em Londres com o benefício da perspectiva do tempo. Inclusive o filme mostrará imagens do retorno de Macalé à capital da Inglaterra, em 2018, munido da mesma câmera Super8 com a qual Macalé captou em 1971 imagens que serão exibidas no doc entre takes feitos em 2018 e entre depoimentos inéditos dos artistas em entrevistas feitas especialmente para London 70.
Capa do livro ‘It’s a long way – O exílio em Caetano Veloso’
Arte de Renan Valadares
♪ Esse período de efervescência cultural em Londres, durante o exílio de artistas brasileiros na capital da Inglaterra entre 1970 e 1972, também é tema de livro.
Editado via Garota FM Books, o livro It’s a long way – O exílio em Caetano Veloso reconstitui a gênese dos álbuns lançados por Caetano entre 1969 – ano em que o artista amargou 54 dias na cadeia e cerca de quatro meses em prisão domiciliar em Salvador (BA) até o exílio em julho daquele ano de 1979 – e 1972.
Autora do livro, a historiadora Márcia Fráguas analisa as canções da trilogia formada pelos álbuns Caetano Veloso (1969), Caetano Veloso (1971) e Transa (1972). É o caso do baião Irene (1969), única música feita pelo compositor na prisão.
Batizado com o nome de uma das músicas compostas por Caetano para disco Transa, o livro It’s a long way – O exílio em Caetano Veloso resulta de adaptação da dissertação apresentada em 2021 pela autora ao programa de pós-graduação em Literatura Brasileira da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Literatura Brasileira.
Em que pese a origem acadêmica da narrativa, o livro oferece atrativos para quem quer se iniciar no universo da obra de Caetano Veloso.
Caetano Veloso (à esquerda) e Jards Macalé em Londres, em 1971, na época em que foi gravado o álbum ‘Transa’ (1972)
Pedro Paulo Koellreutter / Reprodução Facebook Jards Macalé
Adicionar aos favoritos o Link permanente.