Engenheira monitora Rio Carioca e sonha com águas limpas da nascente à foz


Luciana Falcão luta pela despoluição do rio, patrimônio do RJ, e alerta para a importância histórica de suas águas. Luciana (ao centro) monitora mensalmente as águas do Rio Carioca
Águas do Rio
Quando anda pelas ruas do bairro Cosme Velho, no Rio de Janeiro, a engenheira Luciana Falcão, 67 anos, enxerga além do que os olhos podem ver. Atuante em diferentes projetos ambientais, ela sabe que ali por baixo também passam as águas do Rio Carioca, reconhecido como patrimônio histórico, cultural e natural do Rio de Janeiro.
Cristalino no alto da Floresta da Tijuca, ele chega com esgoto e lixo ao final do percurso, na Praia do Flamengo, no entorno da Baía de Guanabara. Foi cercada por esse cartão-postal da cidade que Luciana cresceu antes de se mudar para o Cosme Velho, também na Zona Sul, há 30 anos.
Junto à Associação de Moradores do Cosme Velho, Luciana passou a acompanhar de perto o Rio Carioca e se tornou voluntária de um projeto de monitoramento de águas. Membro também do Comitê de Bacia da Baía de Guanabara e do grupo carioca O Rio do Rio, ela passou a se dedicar à luta pela despoluição do rio ao se aposentar, em 2016, e virou uma voz importante em sua defesa.
“O Rio Carioca foi o primeiro que abasteceu a cidade do Rio de Janeiro. Quando ele chega ao Cosme Velho, ele vem a céu aberto, depois é canalizado e vai por baixo da rua. Então, ele nasce limpo, começa a ser poluído e ninguém vê mais”, explica.
Mesmo sem enxergar o rio, Luciana sabe exatamente onde ele está depois de canalizado: há uma indicação específica nos bueiros por onde ele passa. Para que todos possam saber, o desejo é plantar árvores e ter um caminho de flores acompanhando o caminho das águas, plano que acompanha o sonho de ver o Rio Carioca despoluído e seguindo o curso natural – em 2022, ele foi desviado para o interceptor oceânico.
O monitoramento acontece mensalmente, em dois pontos. Mais do que verificar a qualidade da água, Luciana consegue acompanhar a evolução ou não de políticas públicas voltadas à despoluição. O apelo é que o Rio Carioca não seja invisibilizado ou esquecido.
“Mesmo escondido, tem correndo ali um rio histórico, e ele pode se recuperar”, afirma, lembrando da importância histórica do Rio Carioca para a cidade e de todos os rios para a Baía de Guanabara e cidade do Rio de Janeiro.
Despoluição da Baía de Guanabara
Responsável pelo abastecimento de água e esgotamento sanitário em 27 municípios do estado do Rio de Janeiro, incluindo 124 bairros da capital, a Águas do Rio tem trabalhado na recuperação da Baía de Guanabara desde que entrou em operação, em novembro de 2021.
A concessionária vem recuperando estações de tratamento e de bombeamento de esgoto, tubulações, registros e outras estruturas. Com maior capacidade de coletar e tratar o efluente gerado na Região Metropolitana do Rio, cerca de 82 milhões de litros de água contaminada com esgoto deixaram de cair nas praias oceânicas e da Baía de Guanabara.
“A recuperação dos sistemas de coleta e tratamento de esgoto existentes já nos trouxe resultados positivos com águas mais limpas e sucessivos relatórios do Inea mostrando períodos cada vez maiores de balneabilidade em praias historicamente poluídas da Baía de Guanabara, como as de Paquetá, Flamengo e Urca”, destaca o vice-presidente da Aegea, holding da Águas do Rio, Alexandre Bianchini.
Diretor do Instituto Mar Urbano (IMU), o biólogo, fotógrafo e cinegrafista Ricardo Gomes, que há 30 anos mergulha e filma um dos mais belos ecossistemas do mundo, tem percebido a melhoria na qualidade da água.
“Muito se fala dos problemas da baía, mas já posso afirmar que vejo um aumento na vida marinha e águas cada vez melhores para o mergulho, principalmente na enseada de Botafogo e Urca”, conta.
Maior projeto ambiental dentro da concessão fluminense, a recuperação da Baía de Guanabara é um processo gradativo. De acordo com o Marco Legal do Saneamento, a Águas do Rio tem até 2033 para universalizar o esgotamento sanitário, ou seja, coletar e tratar o esgoto de 90% da população, em todos os 27 municípios em que a concessionária atua, o que inclui cidades no entorno da baía. O investimento vai somar R$ 12 bilhões e evitará que mais de 1,3 bilhão de litros de esgoto desaguem diariamente nesse ecossistema.
Acesse o site da concessionária para conferir as ações que estão em andamento.
Adicionar aos favoritos o Link permanente.