Bombou no g1: Santuário para Lúcifer terá estátua com mais de 5 metros no RS


Espaço onde está a estátua seria aberto em agosto na cidade de Gravataí, mas foi interditado pela Justiça após a prefeitura alegar que local não tinha a documentação necessária para funcionar. Estátua de Lúcifer é erguida em santuário no RS
Histórias curiosas, personagens divertidos e casos virais. Neste mês de dezembro, o g1 reconta reportagens que foram sucesso entre os nossos leitores ao longo de 2024. Hoje é dia de relembrar a polêmica estátua de Lúcifer, erguida em um local que abrigaria seguidores de uma ordem religiosa em Gravataí, Região Metropolitana de Porto Alegre.
Esta reportagem foi originalmente publicada em agosto.
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Relembre a história
Uma ordem religiosa construiu o santuário para Lúcifer, com uma estátua de mais de 5 metros, considerando o pedestal, representando a divindade. O espaço deveria ser inaugurado no dia 13 de agosto de 2024, mas teve a inauguração impedida por decisão judicial.
Para muitos cristãos, o nome de Lúcifer é associado ao diabo. Contudo, Mestre Lukas de Bará da Rua, um dos representantes da Nova Ordem de Lúcifer na Terra, diz que essa relação não faz sentido.
“Para nós, Lúcifer é um deus que, assim como tantos outros, foi demonizado pela Igreja Católica. Lúcifer é o portador da luz, do autoconhecimento”, explica o religioso de 43 anos.
A estátua, produzida em cimento por um ateliê, retrata a dualidade do homem humano e do esqueleto, com pés e asas, representando o espírito da divindade, segundo o religioso.
O caso provocou discussões na cidade – enquanto algumas pessoas elogiaram a iniciativa, ressaltando o respeito à fé alheia, outros criticaram, associando a religião a algo demoníaco.
Por que a prefeitura pediu a interdição?
A prefeitura da cidade alega, na Justiça, que o local não tinha alvará e outros documentos necessários para garantir o funcionamento. A ordem religiosa que idealizou a estátua mantém suas atividades e reuniões, porém em outros locais.
Mestre Lukas de Bará da Rua, diz que espera resolver a situação em 2025.
“A gente sabe que esse alvará vai vir. A gente sabe que eles não vão ter como impedir isso por muito tempo. Afinal de contas, a lei está do nosso lado. Mas a gente sabe que também pode demorar um pouco. A expectativa para 2025 é que esse alvará venha, que a gente consiga trabalhar e fazer com que a nossa ordem cresça cada vez mais”, diz Lukas.
A Prefeitura de Gravataí disse que “ainda aguarda o preenchimento dos requisitos formais para a concessão do alvará, o que ainda não foi atendido, e diz que se manifestará na ação judicial, aforada pelo representante da organização ou entidade”.
Estátua de Lúcifer erguida em Gravataí pesa uma tonelada e custou R$ 35 mil
Mestre Lukas de Bará da Rua/Divulgação
Enquanto isso, os integrantes do grupo se reúnem em outros templos que não recebem o nome de Lúcifer. Segundo Lukas, esses locais não sofreram nenhum empecilho para receber a documentação municipal.
Para o fundador da ordem, apesar da demora, a inauguração do templo serviu para debater intolerância religiosa.
“Isso tem aberto espaço para discussão, mostrando que, no Brasil, as leis só funcionam no papel. Dizem que não existe homofobia no nosso país, e a gente sabe que existe. Dizem que não existe racismo, e a gente sabe que existe. Dizem que não tem intolerância religiosa, e a prova é essa”, fala.
O que é a Nova Ordem de Lúcifer na Terra
A Nova Ordem de Lúcifer na Terra conta com 100 pessoas em todo o país – cerca de 80 são do RS. Seus integrantes negam a associação da divindade ao diabo.
“Para nós, Lúcifer é um deus que, assim como tantos outros, foi demonizado pela Igreja Católica. Lúcifer é o portador da luz, do autoconhecimento”, disse Mestre Lukas de Bará da Rua, em agosto.
A estátua, produzida em cimento e com uma tonelada, custou R$ 35 mil. Quatro dia antes da inauguração do templo, em 9 de agosto, o monumento foi erguido.
A ordem foi fundada por Mestre Lukas de Bará da Rua e por Tata Hélio de Astaroth. O templo do grupo fica na área rural de Gravataí, em um local mantido sob sigilo pelos responsáveis a fim de resguardar a segurança dos frequentadores – apenas pessoas iniciadas na fé.
As reuniões da ordem acontecem duas vezes por mês. Os integrantes também se juntam em grupos de estudo, que aconteceriam na propriedade onde a estátua foi erguida. Participam da ordem somente pessoas indicadas por quem já é membro. Segundo o religioso, práticas atribuídas ao culto a demônios não são realizadas pelo grupo.
“Não existe prática de sacrifício humano. Nós temos eventualmente sacrifício de aves, como é permitido pela constituição. Mas muitas vezes as oferendas são com frutas. É muito mais importante a ritualística, as palavras e invocações que a gente precisa falar”, explicou Mestre Lukas.
Lúcifer, para os membros da ordem, significa a “luz do conhecimento”.
“Nosso pensamento é que o mal não está na divindade. Não importa a tua religião. Se você tiver o propósito de fazer o mal para alguém, o mal está na pessoa”, disse Lukas.
Natural de Gravataí, Mestre Lukas de Bará da Rua tem 43 anos. O religioso é um mestre de quimbanda independente e trabalha com cartas e búzios negros. Em maio, o religioso atuou na criação de um monumento dedicado a Exu no município.
estre Lukas ao lado do monumento de Exu, também erguido em Gravataí
Reprodução/Facebook
Polêmica da estátua
A notícia da criação do santuário com a estátua de Lúcifer provocou polêmica na cidade. Nas redes sociais, algumas pessoas elogiaram a iniciativa, ressaltando o respeito à fé alheia, enquanto outras pessoas criticaram, associando a religião a algo demoníaco.
Uma das críticas é a de que a obra supostamente contaria com dinheiro público. Tanto Mestre Lukas quanto a Prefeitura de Gravataí negaram.
“Quando as pessoas veem com um olhar de preconceito, isso atrapalha bastante. Não teve nada de dinheiro público, é tudo da nossa ordem”, afirmou Mestre Lukas.
Em nota, a prefeitura do município de 265 mil habitantes afirmou à época que “não tinha conhecimento até o momento sobre a criação de um santuário dedicado a Lúcifer na cidade” e que “não há qualquer vínculo ou recurso público da prefeitura no empreendimento”.
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Cinco dias depois, eles publicaram o seguinte post:
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