Morte de jovem em cabeça d’água em cachoeira no Paraná: saiba o que é o fenômeno e como identificá-lo


Ouvir barulhos e ver mudanças na cor, velocidade e sedimentos na água estão entre sinais de alerta, segundo bombeiros. Segundo Simepar, com o fenômeno a correnteza pode chegar a 60 km/h. Imagens áreas mostram força de cabeça d’água que matou jovem afogado em cachoeira de Ponta
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Cabeças d’água são fenômenos frequentes no verão, devido às pancadas de chuvas fortes típicas da estação. Elas são caracterizadas pelo aumento súbito do volume, da velocidade e do nível de rios – o que pode provocar o arrastamento de pessoas, conforme alerta o Corpo de Bombeiros.
Nos últimos dias, um banhista morreu após uma cabeça d’água atingir a cachoeira São Jorge, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná. Imagens áreas registraram a força da correnteza durante o fenômeno. Assista o vídeo acima.
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O Corpo de Bombeiros ressalta que as cabeças d’água provocam grande risco de afogamento em banhistas, principalmente aos que não conhecem o local e àqueles que não sabem reconhecer os sinais do fenômeno. Entre eles, a corporação lista:
barulhos/estrondos provenientes de algo como água, rochas e galhos em colisão e em turbilhonamento;
mudança na cor e aumento do nível da água;
mudança na velocidade de escoamento do rio em um período de poucos segundos;
chegada de detritos e sedimentos como folhas, galhos e ramos.
O meteorologista Reinaldo Kneib, do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), complementa que como a cabeça d’água ocorre quando uma espécie de tempestade acontece em um curto período de tempo na cabeceira de um rio, muitas vezes ela não é perceptível.
“Essa enxurrada vai se formando e o banhista não consegue ver. A água, além de vir em alta velocidade, pode acumular detritos pelo caminho, como pedras e galhos, sendo ainda mais perigoso para quem está nas cachoeiras venha a ser atingido”, afirmou Kneib, ao g1.
O meteorologista orienta que banhistas devem evitar cachoeiras a qualquer sinal de chuva ou tempestade. Ele explica que nem sempre a chuva será registrada na queda dos rios – pode atingir a nascente, por exemplo – e por isso o ideal é se afastar do local em caso de ventos fortes e nuvens escuras. Veja mais dicas de como se cuidar mais abaixo.
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O que causa as cabeças d’água
De acordo com o Corpo de Bombeiros, as cabeças d’água são provocadas por fortes chuvas nas montanhas “rio acima”, e podem acontecer mesmo com tempo bom e sol “rio abaixo” no local de banho.
“Alguns rios, sobretudo aqueles localizados na base das regiões de serra, estão sujeitos a este fenômeno”, explica a corporação.
O meteorologista Reinaldo Kneib ressalta que, com isso, as condições do rio podem mudar de forma drástica e rápida.
“Com isso a água cai rapidamente, formando uma grande coluna. Dependendo do relevo da região e do volume de chuva registrado, a correnteza pode chegar à velocidade de 60 quilômetros por hora e aumentar cerca de dois ou três metros em menos de 15 minutos”, explicou ao g1.
SAIBA MAIS: Entenda a diferença entre tromba d’água e cabeça d’água
Registro foi feito na cachoeira São Jorge, no distrito Itaiacoca, em Ponta Grossa
Flávio Dutra
Como se cuidar
O Corpo de Bombeiros ressalta que, apesar de parecerem mais seguros do que o mar, por exemplo, os rios e cachoeiras têm perigos imperceptíveis.
“A flutuabilidade no rio é menor, então as pessoas também pensam que o rio é mais seguro, mas ele esconde muitos perigos como pedras e galhos onde podemos nos enroscar. Quando a água está descendo com bastante velocidade existe a presença de espuma que não permite que a gente flutue ou que possamos praticar a natação, então por mais que a pessoa saiba nadar ela não vai conseguir”, apontam os bombeiros.
A corporação disponibiliza algumas orientações sobre como se cuidar ao nadar em rios e cachoeiras. Veja abaixo:
procure locais movimentados e que, de preferência, tenha atendimento de guarda-vidas;
não entre em rios de corredeira para atividades de banho ou natação;
cuide com o limo nas pedras – ele pode fazer você escorregar e cair na água;
cuidado com buracos e fundos de lodo, pois você pode afundar rapidamente;
se o rio tiver correnteza nunca entre na água acima do joelho;
nunca mergulhe de cabeça;
ao praticar atividades como boia cross, use equipamentos de proteção individual adequados, como colete e capacete;
não tente entrar na água para realizar socorro, ao invés disto chame por ajuda e jogue qualquer material de flutuação para ajudar.
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