Américo Martins: Parcerias e negociações impedem Maduro de romper relações com Brasil

Em meio à crise política na Venezuela, o governo brasileiro deve manter a sua posição de não reconhecer formalmente a vitória de Nicolás Maduro, devido a fortes indícios de fraude eleitoral em julho de 2024.

Depois, em novembro do mesmo ano, o governo brasileiro barrou a entrada da Venezuela nos Brics, o que irritou Maduro. Segundo fontes diplomáticas, Lula e o líder chavista não se falam há meses.

Importância econômica e mediação

Apesar das tensões políticas atuais, o analista sênior de Internacional da CNN Américo Martins avalia que o presidente da Venezuela não deva romper relações com o Brasil. Ele destaca dois motivos principais motivos:

  • A importância econômica do Brasil para a Venezuela, considerando as relações comerciais entre os dois países.
  • A possibilidade de o governo brasileiro, especialmente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atuar como eventual parceiro em negociações futuras, inclusive com o governo americano de Donald Trump, que deve aumentar a pressão sobre o regime venezuelano.

O analista ressalta que Maduro não pode se isolar completamente na América do Sul, tendo já declarado “personas non gratas” vários ex-presidentes latino-americanos que apoiaram a oposição.

Contudo, ele não pode se dar ao luxo de romper relações com Colômbia e Brasil, países vizinhos que podem servir de intermediários em futuras negociações com os Estados Unidos.

Por outro lado, o Brasil também não pretende romper relações diplomáticas com a Venezuela, visando manter alguma influência futura e possível mediação de conflitos.

Risco de violência

Américo alerta para o risco de violência na capital Caracas nos próximos dias, devido à convocação de manifestações tanto por chavistas quanto pela oposição para a posse de Maduro, prevista para a próxima sexta-feira (10).

O regime venezuelano tem reprimido duramente a oposição desde as eleições, e Maduro não demonstra intenção de dialogar.

O analista conclui que a situação é preocupante, atribuindo o risco de violência à “intolerância e ao autoritarismo do regime de Maduro”.

 

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