Após ser libertada, acusada de envenenar meninos no PI relembra ameaças na prisão: ‘diziam que tinha uma cabeça sobrando. Era a minha’


Lucélia Maria, a mulher acusada de matar dois meninos envenenados em Parnaíba, em agosto de 2024, saiu da prisão nessa segunda-feira (13), depois que um laudo pericial afastou a possibilidade de ela ter cometido o crime. Após ser libertada, acusada de envenenar meninos no PI relembra ameaças na prisão
Lucélia Maria, a mulher acusada de matar dois meninos envenenados em Parnaíba em agosto de 2024 falou com a TV Clube na terça-feira (14), um dia após deixar a penitenciária onde ficou por cinco meses. Na entrevista (assista acima), ela falou sobre a vida na prisão, onde chegou a ser ameaçada por outras detentas [link da âncora na retranca “vida na prisão”].
Segundo o advogado dela, Sammai Cavalcante, Lucélia foi liberada da prisão por uma medida cautelar de liberdade provisória. Ela não foi inocentada, e ainda deve responder o processo. O advogado busca que ela seja inocentada.
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Lucélia foi presa em flagrante no dia em que os meninos foram hospitalizados. Os vizinhos tentaram linchá-la, mas ela foi salva pela Polícia Militar. A casa dela foi depredada e incendiada.
“Eles começaram a depredar [a casa] comigo ainda dentro. Agradeço muito a Deus e à Polícia que chegou no momento. Senão tinha morrido eu, meu filho e meu marido”, relembrou Lucélia.
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Lucélia foi acusada de ter entregado aos dois meninos um saco com cajus que estariam envenenados. Entretanto, uma perícia realizada neste mês descartou que as frutas estivessem contaminadas com qualquer tipo de veneno.
À TV Clube, Lucélia disse que não deu cajus aos dois meninos que morreram, e que sequer conhecia eles ou a família. “Nunca conheci não, esse homem, essa mulher, nem os meninos também”, disse.
O resultado da perícia saiu um dia depois que Francisco de Assis Pereira da Costa, padrasto da mãe das crianças, foi preso como principal suspeito de envenenar um baião de dois comido por quase toda a família em um almoço no primeiro dia deste ano, que resultou na morte de quatro pessoas.
Agora, a investigação do caso dos irmãos mortos em agosto e novembro de 2024 foi reaberta e as suspeitas do crime também recaem sobre Francisco.
Vida na prisão
Lucélia disse ainda que recebeu ameaças de outras detentas enquanto estava presa: “Diziam que tinha uma cabeça sobrando. Que era a minha, né”.
Ela contou que não conseguiu dormir bem durante os cinco meses de prisão, que passou na Penitenciária Mista de Parnaíba e na Penitenciária José de Ribamar Leite, em Teresina.
“Nunca mais eu dormi. Desde que isso aconteceu na minha vida eu não consegui mais dormir direito. Um pesadelo que ainda hoje está na minha cabeça ainda”, disse.
Lucélia voltou para Parnaíba, onde moram o marido e seus dois filhos, e vai ficar abrigada na casa de familiares. “Com fé em Deus, vou viver a vida tranquila. A vida que eu tinha antes, né? Com minha família”, comentou.
Lucélia Maria, a mulher acusada de matar dois meninos envenenados em Parnaíba em 2024
Reprodução/TV Clube
Libertada após 5 meses
Lucélia Maria da Conceição Silva, de 53 anos, foi presa em agosto de 2024 e foi denunciada pelo Ministério Público do Piauí (MPPI) por duplo homicídio qualificado, com audiência de instrução e julgamento do caso marcada para dia 23 de janeiro.
Ela saiu da penitenciária por volta na noite de segunda-feira (13). Ao deixar a penitenciária, ela se declarou inocente aos jornalistas que esperavam na porta da Penitenciária Feminina Gardência Gomes, na Zona Sul de Teresina. “Meu sentimento agora é muito alívio”, disse.
Acusada de matar irmãos no PI deixa prisão por determinação da Justiça
A Justiça do Piauí determinou a soltura dela na manhã de segunda. A decisão, assinada pela juíza Maria do Perpétuo Socorro Ivani Vasconcelos, da 1ª Vara Criminal de Parnaíba, saiu após o laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) descartar a presença de veneno nos cajus que teriam sido entregues a eles pela vizinha.
O laudo apontou que não havia presença de terbufós, substância tóxica semelhante ao chumbinho, nas frutas. A substância é a mesma encontrada no estômago dos meninos.
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