Reduzir consumo de carne vermelha pode proteger cérebro, diz estudo

Reduzir o consumo de carne vermelha pode ter muitos impactos positivos — em seu coração, no meio ambiente e, possivelmente, até mesmo na sua saúde cognitiva a longo prazo, segundo um novo estudo publicado na quarta-feira (15) no periódico Neurology.

Aqueles que consumiam um quarto de porção ou mais de carnes vermelhas processadas — como bacon, mortadela e cachorro-quente — tiveram uma chance 13% maior de desenvolver demência do que aqueles que consumiam menos de um décimo de porção por dia, de acordo com o estudo.

Uma porção de carne vermelha é geralmente cerca de 85 gramas, o que equivaleria a duas fatias de bacon, 1,5 fatia de mortadela ou um cachorro-quente, segundo um comunicado sobre o estudo.

Os pesquisadores também descobriram que uma porção diária extra de carne vermelha processada, em média, estava associada a uma aceleração de 1,6 ano no envelhecimento cerebral, segundo o estudo.

Os métodos do estudo são observacionais, o que significa que os pesquisadores não podem afirmar com certeza que as carnes vermelhas processadas estão causando a demência, apenas que existe uma associação entre as duas. Mas a investigação sobre a conexão continuará, de acordo com um dos autores do estudo, Daniel Wang, professor assistente no departamento de nutrição da Harvard T.H. Chan School of Public Health.

“Estudos de coorte grandes e de longo prazo são essenciais para investigar condições como demência, que podem se desenvolver ao longo de décadas”, diz Wang em um comunicado. “Continuamos montando esse quebra-cabeça para entender os mecanismos que causam demência e declínio cognitivo.”

Por que a carne que você come afeta seu cérebro

A conexão entre carne vermelha e saúde cognitiva não foi estudada profundamente, mas os pesquisadores encontraram associações com muitos outros resultados de saúde, incluindo doenças cardiometabólicas, cânceres e morte prematura, segundo Mingyang Song, professor associado de epidemiologia clínica e nutrição na Harvard T.H. Chan School, que não esteve envolvido na nova pesquisa.

“Em particular, a carne vermelha processada mostra a associação mais forte devido ao seu alto teor de sal, ferro heme e aditivos nocivos usados no processamento”, diz Song por e-mail.

“Além disso, a resposta inflamatória e os distúrbios metabólicos (por exemplo, resistência à insulina) associados ao alto consumo de carne vermelha também podem desempenhar um papel”, acrescenta o especialista em um e-mail.

Para este estudo, os pesquisadores analisaram dados de mais de 133.000 pessoas com idade média de 49 anos do Nurses” Health Study e Health Professionals Follow-Up Study. Os dados incluíam informações detalhadas de saúde pesquisadas por um longo período, incluindo as dietas dos participantes, e foram atualizados a cada dois a quatro anos, de acordo com o estudo.

Mais de 11.000 participantes do estudo foram diagnosticados com demência em um período de 43 anos.

Existem teorias sobre por que a carne vermelha pode representar um risco particular para a saúde cognitiva. A carne vermelha tem uma alta quantidade de gordura saturada e produz um composto orgânico ligado a doenças cardiovasculares, e os dois juntos podem danificar o sistema nervoso, o que piora o declínio cognitivo, segundo Song.

“Além disso, a resposta inflamatória e os distúrbios metabólicos (por exemplo, resistência à insulina) associados ao alto consumo de carne vermelha também podem desempenhar um papel”, acrescenta.

Carne vermelha processada também tem níveis mais altos de substâncias como nitritos, compostos N-nitrosos e sódio, que representam riscos adicionais ao declínio cognitivo, de acordo com o principal autor do estudo, Yuhan Li, assistente de pesquisa na Divisão Channing de Medicina de Rede do Brigham and Women’s Hospital, em Boston.

Os nitritos são ingredientes frequentemente usados ​​na cura de carnes e têm sido associados a problemas de saúde, e os compostos N-nitrosos também são encontrados em carnes curadas e têm sido associados ao câncer.

Este último estudo é importante por enfatizar como os alimentos que você come afetam a maneira como seu cérebro envelhece, diz Wang no comunicado.

“As diretrizes dietéticas tendem a se concentrar na redução dos riscos de condições crônicas como doenças cardíacas e diabetes, enquanto a saúde cognitiva é discutida com menos frequência, apesar de estar ligada a essas doenças”, afirma. “Esperamos que nossos resultados incentivem uma maior consideração da conexão entre dieta e saúde cerebral.”

Limitar a carne vermelha que você come

Reduzir a quantidade de carne vermelha que você come pode ser uma parte importante do cuidado com sua saúde a longo prazo, segundo o estudo.

Substituir a carne vermelha por fontes de proteína vegetal, como nozes e leguminosas, foi associado a um risco 19% menor de demência e 1,37 anos menos de envelhecimento cognitivo, de acordo com o estudo.

O American Institute for Cancer Research recomenda limitar o consumo de carne vermelha a três porções por semana e comer pouca ou nenhuma carne vermelha processada.

Embora fazer mudanças específicas possa ajudar sua saúde, a qualidade geral da dieta de uma pessoa é a principal prioridade, diz Song.

Se você quer reduzir e comer de uma maneira mais nutritiva, pode ser hora de conhecer a dieta mediterrânea –– que é mais um estilo de vida do que uma dieta restritiva. Ela se concentra em comer frutas, vegetais, grãos, azeite de oliva, nozes e sementes, e ocasionalmente um pedaço de peixe, além de focar na conexão social e atividade física.

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Este conteúdo foi originalmente publicado em Reduzir consumo de carne vermelha pode proteger cérebro, diz estudo no site CNN Brasil.

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