Guardas e ambulantes protagonizam cena de violência durante abordagem na praia de Santos; VÍDEO


Caso aconteceu em Santos (SP). Prefeitura alega que ambulante resistiu fisicamente à ação da GCM, enquanto a mãe do homem diz que os guardas começaram a agressão. Licença de funcionamento gera briga em praia do litoral de SP
Uma confusão entre vendedores ambulantes e guardas municipais, motivada pela licença de um carrinho de milho, acabou em violência na praia de Santos, no litoral de São Paulo. A prefeitura defende que um ambulante resistiu à ação da Guarda Civil Municipal (GCM), enquanto a mãe dele negou a versão apresentada: ‘Poder abusivo’, disse ela.
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Um vídeo, gravado por uma testemunha na Avenida Bartolomeu de Gusmão, mostra uma família de ambulantes na praia do Embaré em luta corporal com os agentes municipais. O caso ocorreu na tarde de terça-feira (14). Segundo a prefeitura, três guardas se feriram e receberam atendimento médico.
Enquanto a administração municipal alega que o homem vestido de branco ‘incitou populares e resistiu fisicamente à ação’, a mãe do rapaz, que tem um carrinho de pastéis na praia, disse que os guardas abusaram do poder e iniciaram as agressões contra o filho e outros familiares dela.
Por meio da Secretaria de Segurança de Santos (Seseg), a prefeitura informou que “eventuais denúncias podem ser relatadas à Corregedoria da GCM pelo telefone 153” (veja o posicionamento completo adiante).
Duas versões
Situação aconteceu na praia do Embaré, em Santos (SP)
Reprodução
De acordo com a Prefeitura de Santos, os guardas apareceram no local após a denúncia de uma comerciante, alegando que havia um ambulante trabalhando fora da área licenciada.
Questionado, o homem não apresentou a licença de funcionamento, então foi informado de que o carrinho de milho seria apreendido.
Segundo a versão da prefeitura, o rapaz resistiu à abordagem, sendo então contido pelos guardas. A situação se agravou com o envolvimento de outras pessoas na briga, o que resultou nas agressões.
Posteriormente, a ambulante responsável pelo carrinho apareceu e apresentou a licença, o que levou à devolução do objeto.
Maria de Fátima dos Santos, de 50 anos, nega a versão apresentada pela prefeitura. Ela disse que o filho, que aparece de camiseta branca na gravação, é casado com a mulher que trabalha no carrinho de milho. A nora dela tinha saído da praia para buscar mais pratinhos em casa, momento em que os guardas apareceram.
Irmão e outro familiar tentaram defender homem agredido, segundo Maria de Fátima
Reprodução
Segundo Maria, eles pediram que os agentes esperassem a nora voltar porque ela tinha a licença. O jovem deu uma carteirinha mostrando o cargo da esposa, e Maria voltou para o carrinho de pastéis dela. Quando olhou novamente, viu os agentes levando o filho até o calçadão.
Ela contou que foi perguntar o que estava acontecendo e se disponibilizou a ir buscar a licença, mas em seguida viu o filho sendo agredido. “Vi eles [guardas] dando um mata-leão [no meu filho]”.
Segundo Maria de Fátima, outro filho e um primo que trabalham com ela se envolveram na confusão. “Na imagem, você vai ver que tem um grandão, que é o mais alto, meu filho. Ele [falou]: ‘calma, calma, calma’. É quando um dos guardas desfere um soco na cara dele. E foi aí que eles [família] começaram a reagir”.
‘Poder abusivo’
Confusão ocorreu por causa de licença de funcionamento em Santos (SP)
Reprodução
Segundo Maria, as agressões continuaram até que a PM chegar e levar os envolvidos ao 3º Distrito Policial (DP). Um boletim de ocorrência por resistência foi registrado.
A comerciante trabalha na praia há 17 anos e destacou que é trabalhadora , além de pagar os impostos honestamente. No entanto, sentiu-se “como se fosse uma criminosa”.
“Eles usaram do poder deles, abusivo, para poder abordar, machucar e maltratar meus filhos, que estavam todos trabalhando”, afirmou.
Na quarta-feira (15), os familiares dela fizeram exames de corpo de delito. Maria afirmou que há guardas rodeando o carrinho de pastéis dela desde então, e que se sente coagida.
Prefeitura e SSP
Questionada sobre as acusações, a Secretaria de Segurança de Santos (Seseg) informou que é vedada qualquer atitude de coação por parte da Guarda Civil Municipal (GCM), que atua em cumprimento do Código de Posturas e em apoio às forças de segurança.
“A Prefeitura ratifica que o ambulante incitou populares e resistiu fisicamente à ação, sendo contido pela equipe da GCM, de acordo com as normas de atuação da legislação”, disse. Segundo a administração municipal, os ambulantes responderão pelo crime de resistência.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) disse que cinco homens de 22 a 35 anos foram detidos após a confusão ocorrida na praia. Eles foram ouvidos e liberados.
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