Como Sabrina Carpenter foi de flopada a popstar com hit tutti-frutti, ‘benção’ swiftie e polêmica com Olivia Rodrigo


Ao contrário do folk pop adolescente que embalou seu início de carreira, a cantora traz agora um pop mais maduro — ainda que, novamente, genérico. Sabrina Carpenter é a nova queridinha da música pop. Dominando neste instante rankings de audiência no mundo inteiro, a cantora chegou ao pódio do Spotify em junho de 2024, mas já tentava bombar há bastante tempo.
O ponto de virada em sua carreira foi a tríade “Feather”, “Please Please Please” e, sobretudo, “Espresso” — o hit tutti-frutti considerado pela revista americana “Billboard” a melhor música do primeiro semestre deste ano.
Sabrina Carpenter em ‘Espresso’
Reprodução/YouTube
“Quando eu era pequena, minha mãe dizia que eu era a tartaruga da [fábula] ‘A Lebre e a Tartaruga’”, disse a artista à revista americana “Variety” ao comentar sua lenta ascensão na indústria fonográfica.
Lenta porque, se comparada a outras artistas com trajetória semelhante, Sabrina demorou a ter êxito enquanto cantora.
Assim como Britney Spears, Miley Cyrus, Demi Lovato, Selena Gomez, Ariana Grande e Olivia Rodrigo, ela já era famosa quando ingressou na carreira musical. Atuava na série de TV infantil “Garota Conhece o Mundo”, da Disney.
Sabrina Carpenter em ‘Garota Conhece o Mundo’
Reprodução/YouTube
A estreia da americana como atriz foi em “Lei & Ordem”, em 2011. Depois, ela trabalhou em programas como “Noobz”, “Orange Is the New Black” e “Austin & Ally”, além de filmes como “O Ódio que você semeia” e “Crush à altura”. O estrelato maior veio em 2014, ao entrar para o elenco de “Garota Conhece o Mundo”, onde ficou até 2017.
Embora admirada pelo público da emissora do Mickey Mouse, Sabrina não engatou na fama musical com nenhum dos seis discos que lançou entre 2015 e 2023 (“Eyes Wide Open”, “EVOlution”, “Singular Act I”, “Singular Act II”, “Emails I can’t send” e “Emails I can’t send fwd”).
Mesmo assim, claro, o rótulo de ex-Disney facilitou tanto sua entrada no setor quanto seu sucesso atual.
Um Burn Book musicado
Além disso, os dias de glória da cantora envolvem outros ingredientes. Entre eles, uma lírica que parece ter saído da mesma caneta do Burn Book, o caderno amargurado das protagonistas de “As Meninas Malvadas”.
Nesse caso, porém, as autoras das palavras são patricinhas do mundo real: Sabrina Carpenter e Olivia Rodrigo.
Joshua Bassett acompanhado de Sabrina Carpenter (esq.) e de Olivia Rodrigo
Reprodução/Redes sociais dos artistas
Lançada em 2021 por Olivia, a canção “Drivers License” endossou rumores de que a cantora vivia um triângulo amoroso com Sabrina e o ator Joshua Bassett.
“Mas hoje eu dirigi pelos subúrbios/chorando porque você não estava comigo/ e você está provavelmente com aquela garota loira/ aquela que sempre me fez duvidar/ ela é muito mais velha do que eu/ ela é tudo aquilo que me deixa insegura”, canta Olivia na faixa, que foi interpretada pelo público como uma indireta à americana.
Pouco depois, Sabrina lançou “Skin”. A música se tornou seu primeiro hit — e tudo graças à letra, vista como resposta à “Drivers License”.
“Talvez, poderíamos ter sido amigas/ se eu tivesse te conhecido em outra vida/ talvez, então pudéssemos fingir/ que não há gravidade nas palavras que escrevemos/ talvez, você não tivesse a intenção/ talvez, ‘loira’ fosse a única rima.”
Cena de ‘Skin’, de Sabrina Carpenter
Reprodução/YouTube
A polêmica não acabou aí. Olivia e Sabrina lançaram outras músicas que o público associou ao suposto triângulo. Em “Because I Liked a Boy”, por exemplo, a loirinha canta sobre ser “destruidora de lares”.
Nenhuma das artistas confirma as teses. Mas, seja verdadeira ou não, toda essa história ajudou Sabrina a despontar musicalmente.
Ainda que ela tenha sido alvo de comentários misóginos na época, a polêmica deu à cantora uma narrativa bem lucrativa na indústria musical: a rivalidade feminina.
A benção de Taylor
Após colocar “Skin” nas paradas, a cantora emplacou outro hit: a sexy “Nonsense”. Mesmo assim, não viu o surgimento de nenhum sucesso estrondoso.
Foi assim até 2023, ano em que ela abriu os shows sul-americanos da “The Eras Tour”, de Taylor Swift.
Antes disso, Sabrina já até havia feito shows no exterior, mas nenhum deles impactou tanto sua carreira quanto os da “The Eras Tour”.
Sabrina Carpenter abre show de Taylor Swift no Rio de Janeiro
Stephanie Rodrigues/g1
No Brasil, a artista estreou em 2017, abrindo os shows de Ariana Grande. Depois, voltou ao país em 2019 e em 2023 — em maio no festival MITA e, em novembro, na turnê swiftie.
O convite para a “The Eras Tour” reacendeu a polêmica Sabrina vs. Olivia, já que Taylor também é vista como inimiga da cantora de “Drivers License”. Para muita gente, a união das loirinhas no mesmo palco soou como provocação à cantora.
O fato é que Sabrina conseguiu uma ótima projeção nos shows swifties — nos quais, aliás, assumiu uma pose de Barbie sexy.
Sabrina Carpenter (à esq.) e Taylor Swift (à dir.)
Reprodução/Instagram
Além disso, ela saiu das apresentações consagrada por ninguém menos do que Taylor Swift, a maior febre do pop contemporâneo. Mais do que apadrinhar, Swift a abençoou.
As duas também cantaram lado a lado no começo deste ano, num show de Taylor em Sydney, na Austrália.
Mas os laços entre elas não se resumem somente a palcos, polêmicas de rivalidade feminina e (claro) semelhanças físicas. As cantoras têm mais coisas em comum. Uma delas é o Jack Antonoff, produtor que também está por trás do sucesso estrondoso de Sabrina.
Sabrina Carpenter abre show de Taylor Swift no Rio de Janeiro
Stephanie Rodrigues/g1
O pop tutti-frutti
Tanto “Espresso” quanto “Please please please” passaram pelas mãos de Antonoff, produtor de vários dos sucessos de Taylor.
As faixas traduzem bem a nova era de Sabrina. Ao contrário do folk pop adolescente que embalou seu início de carreira, a cantora traz agora um pop mais maduro — ainda que, novamente, genérico.
Com um arranjo tutti-frutti que experimenta novos ambientes, Sabrina aposta num vocal cheio de trocadilhos engraçados e sílabas rítmicas chiclete.
Primeiro hit dessa nova fase, “Feather” causou polêmica no fim do ano passado, devido ao videoclipe. Nele, Sabrina aparece sensualizando dentro de uma igreja, o que irritou líderes religiosos, mas, ao mesmo tempo, impulsionou o sucesso dela.
Sabrina Carpenter em videoclipe ‘Feather’
Reprodução/YouTube
Foi com “Espresso”, porém, que Sabrina explodiu de vez. Lançada neste ano, a faixa-chiclete passa uma mensagem do tipo “sou tão gostosa e viciante quanto a cafeína”, ao som de uma batida que tem pegada dos anos 80 e remete a “Say So”, de Doja Cat.
Já “Please please please”, o mais recente dos hits da cantora, tem uma estética melódica de romance.
Com lançamento previsto para 23 de agosto, o próximo álbum de Sabrina chega no auge de sua carreira e deve reafirmar ou não sua fase tutti-frutti.
Resta ver se ela se manterá no topo.
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