Inflação não justifica temor no mercado, desconfiança sim, diz Zeina ao WW

Apesar de a inflação ter estourado o teto da meta prevista pelo Banco Central (BC) para 2024, Zeina Latif, sócia-diretora da Gibraltar Consulting, afirmou ao WW que os fundamentos econômicos não justificam que o mercado financeiro faz sobre o governo federal.

Latif avaliou que a tensão, na realidade, é resultado da crise de confiança dos agentes econômicos para com o Executivo, sobretudo em relação às contas públicas.

“O receio é que o governo não tenha comprometimento com o ajuste fiscal”, indicou Latif.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou 2024 em 4,83%, acima do teto da meta de 4,5%. Dentre os motivos apontados por trás da alta dos preços está um “impulso fiscal”, um empurrãozinho que as contas públicas dão aos gastos do consumidor.

 

Esse e outros motivos fazem o cenário fiscal pautar o temor dos investidores. A economista pontua que a confiança dos investidores não está atrelada apenas aos números, mas que também se liga às expectativas sobre a postura do governo.

Tempo político

Uma das ressalvas do mercado quanto a postura do governo é a demora por novos anúncios e efetivação de medidas. Latif, porém, ponderou que não há fôlego político para que o governo realize um ajuste estrutural de fato.

“As medidas do orçamento vão ser a conta-gotas, como vimos no ano passado – que é o limite politicamente [possível]”, pontuou a economista.

Latif observa que enquanto o mercado está atento e reativo, o governo está de olho. A atenção, para a sócia-diretora da Gibraltar, é um bom sinal que indica que o atual governo do PT não está seguindo nos mesmos passos do anterior, apesar de, no mercado, agentes como o Deutsche Bank acreditarem no contrário. 

“Eu não vejo uma repetição do governo Dilma. Não vejo um governo dobrando apostas, negando problemas e se negando a fazer negociações no Congresso. Mesmo que tímido, é um governo que mostra preocupação”, concluiu Latif.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Inflação não justifica temor no mercado, desconfiança sim, diz Zeina ao WW no site CNN Brasil.

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