Indústria acende alerta para câmbio, aponta CNI

A preocupação da indústria com o câmbio saltou entre o 3º trimestre e o 4º trimestre de 2024, segundo a Sondagem Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada nesta sexta-feira (24).

De acordo com o levantamento, nos últimos três meses do ano, 29,3% dos empresários do setor apontavam a deterioração do valor do real como um ponto de atenção, ante 14% no período anterior.

“Como boa parte dos insumos usados pela indústria brasileira é importada, a desvalorização do real afeta diretamente os custos das empresas. Não à toa, isso fez a preocupação com o câmbio subir de 8º para 2º lugar na lista dos principais problemas”, diz Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI.

O dólar encerrou 2024 em alta de 27,3%, cotado no valor recorde de R$ 6,18. A moeda brasileira teve o pior desempenho desde 2020 e registrou a maior desvalorização do ano.

O câmbio teve sua maior deterioração nos últimos dias de novembro e ao longo de dezembro, após o anúncio de uma série de medidas fiscais pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

À época, além de o pacote ter sido apontado como insuficiente para estabilizar a dívida pública, a avaliação foi de que o governo errou ao anunciar uma proposta de isenção do Imposto de Renda para contribuintes que ganham até R$ 5 mil em paralelo ao esforço de contenção. O Executivo voltou atrás e adiou a discussão sobre a reforma da renda.

Nesta quinta-feira (23), o dólar fechou a sessão com queda de 0,35%, negociado a R$ 5,925. Este é o menor patamar da divisa dos EUA desde 26 de novembro do ano passado, quando fechou a R$ 5,81.

Até o momento, o dólar acumula queda de 4,2% em 2024.

Perspectivas

Porém, a carga tributária sob a indústria ainda é a preocupação que chama atenção da maior quantidade de empresários (30,6%).

Fechando o pódio, atrás do dólar, vem os juros, preocupando 25% do setor. Em sua última reunião de 2024, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros, Selic, ao patamar de 12,25%. A autoridade monetária ainda sinalizou que deve levar os juros a 14,25% até março.

O levantamento ainda aponta que o índice de satisfação dos empresários com a própria situação financeira recuou 0,8 ponto, a 50,9 pontos. Apesar de ainda positiva, a avaliação do setor se aproxima da linha divisória dos 50 pontos.

Por outro lado, os indicadores de facilidade de acesso ao crédito e de satisfação com lucros operacionais, que também caíram, se encontram abaixo da marca e registram insatisfação do setor.

Além disso, o índice de evolução da produção foi de 42,5 pontos, o segundo mês consecutivo abaixo dos 50 pontos, sinalizando que o setor notou recuo da atividade industrial.

“Isso ocorre porque, normalmente, as vendas de fim de ano são atendidas pela produção feita nos meses anteriores, de modo que em dezembro ela cai naturalmente”, pontua Azevedo.

Apesar desses sinais de incerteza, a sondagem da CNI aponta que os empresários industriais têm expectativas positivas para 2025. Demanda, compras de matérias-primas, quantidade exportada e número de empregados são alguns dos indicadores que apresentaram melhora nas perspectivas.

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