Tricampeão mundial de longboard explica o motivo da conexão com o Havaí ser tão forte na sua trajetória

Campeão com a filha Coral (FOTO: Julli (Esposa) – Divulgação

*Por Phil Rajzman

Estar no Havaí novamente com minha família após um 2024 tão desafiador, tem um significado forte para mim. Voltamos a morar na ilha, desde o início de dezembro, e temos vivenciado momentos especiais. Ter começado 2025 aqui, me dá a certeza de que esse será um ano incrível!

Na virada do Reveillon do ano passado a energia era completamente diferente e pairava um sentimento de incerteza. Deixamos o Havaí às pressas para procurar tratamento no Brasil, quando na primeira semana do ano descobri o câncer e, deste então, iniciei a batalha para a cura. De cabeça erguida. E um ano depois estar aqui, podendo celebrar a vida, com o coração cheio de gratidão e alegria, após superar o maior desafio da minha vida, é uma conquista que tem muito significado.

Essa ilha não é apenas um lugar especial para mim. O Havaí faz parte da minha história e da história do surfe, minha maior paixão e terapia. É no mar que encontro paz interior e força para seguir em frente.

Quando cheguei pela primeira vez na ilha de Oahu era 1997 e eu estava na companhia do meu mestre Rico de Souza. Makaha foi a primeira onda que surfei e foi amor à primeira vista, na época estava com 15 anos. Tive a oportunidade de assistir ao vivo Rusty Keaulana (havaiano tricampeão mundial de longboard), mesclando manobras clássicas com manobras inovadoras, que nunca havia visto antes na modalidade. A partir daí, tive a certeza que dedicaria minha carreira ao surfe e nas pranchas grandes!

Aqui, a tradição polinésia do surfe é respeitada, com uma visão que mescla o clássico com o progressivo. Esse é o caminho que acredito que o longboard precisa seguir: liberdade para explorar todo o potencial da prancha e da onda, diferentemente do estilo clássico californiano em ondas pequenas, imposto pelo circuito mundial nos últimos anos que acabam obrigando o atleta a surfar com equipamentos específicos.

Para mim, o longboard não é sobre se prender a um único formato, mas sim sobre a liberdade de combinar a tradição do longboard com a evolução natural do esporte e se divertir em qualquer condição.

Vitória de Phil Rajzman em Haleiwa em dezembro/24 ( FOTO/DIVULGAÇÃO: Julli – Esposa )

Assim, fechar 2024 com a vitória inédita em Haleiwa (Hale´lwa International Open) foi um presente e o início de novo ciclo. Fechei o ano com ‘chave de ouro’, comemorando com a minha família esse troféu que coroou toda nossa fé e resiliência. Foi a primeira vez que minha filha Coral, de cinco anos, me viu vencer um campeonato internacional e tradicional como esse que chega a 53ª edição.

As condições do mar estavam muito boas, com ondas de até 6 pés. Mesmo não estando na minha melhor forma física, consegui desempenhar bem e escolher as ondas certas para voltar a sentir a energia mágica de vencer um campeonato. Foi um dia especial que me lembrou porque eu amo tanto competir! Surfar de forma híbrida, misturando tradição e evolução, é o que faz o longboard ser tão apaixonante para mim.

Eu já havia vencido outros grandes eventos locais, como o Backdoor Shootout, o Braddah Mel e o Buffalo’s Big Board Surfing Classic, mas a vitória no Hale´lwa International Open sempre foi uma meta pela sua tradição mundial e eu consegui esse título inédito para minha carreira!

Agora, voltei aos treinos e estou dando aulas de surfe aqui em Waikiki para brasileiros e turistas de várias partes do mundo. É o Surf Experiences, minha clínica que realizo em Búzios (RJ), mas aqui faço de forma individual.

Estar no Havaí é uma benção que não dá para explicar em palavras. É como se a natureza quisesse nos lembrar, a cada arco-íris, o quanto somos sortudos por vivenciar esse momento e que a vida pode ser tão encantadora quanto a gente permitir.

Aloha!

*Phil Rajzman é tricampeão mundial de longboard (2007 e 2016 campeão mundial pela World Surf League – WSL e 2004 campeão mundial pela Oxbow Pro), bicampeão Pan-Americano (2007 e 2009), campeão Sul Americano WSL 2017 e atleta da elite mundial por 25 temporadas (até 2022).

Carioca, 42 anos, foi o primeiro brasileiro a entrar para a história como Campeão Mundial de Surfe, mas no pranchão.

Tem um canal no Youtube (@PhilGood21) e o Instagram e o Facebook @philrajzman

 

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