Crise no Congo: Vídeo mostra saques a supermercado na capital

Um vídeo de câmera de segurança divulgado nas redes sociais nesta terça-feira (28) mostrou saques a um supermercado na capital da República Democrática do Congo, Kinshasa, em meio a uma onda de protestos contra uma ofensiva rebelde apoiada por Ruanda no leste.

A Reuters conseguiu verificar de forma independente a localização do vídeo, mas não pôde verificar de forma independente quando o vídeo foi filmado, mas a data que aparece na gravação corresponde aos relatos da mídia local.

Os manifestantes em Kinshasa também invadiram embaixadas e provocaram incêndios. A polícia fez uso de gás lacrimogêneo.

Aqueles que protestavam criticaram países ocidentais e africanos, que acusam de cumplicidade no apoio de Kigali aos rebeldes do M23, que invadiram Goma.

Missões da França, Bélgica, Holanda, Estados Unidos, Ruanda, Uganda, Quênia e da ONU foram atacadas, de acordo com diplomatas europeus à Reuters.

Entenda o conflito no Congo

Uma insurgência liderada pelos rebeldes do M23 no leste da República Democrática do Congo se intensificou e chegou à cidade de Goma, capital da província de Kivu do Norte, agravando a crise humanitária em uma região que sofreu duas guerras devastadoras entre 1996 e 2003.

É a pior escalada desde 2012 de um conflito de três décadas enraizado nas longas consequências do genocídio de Ruanda e no controle dos abundantes recursos minerais do Congo.

Quem é o M23?

O nome M23 se refere ao acordo de 23 de março de 2009, que encerrou uma revolta anterior liderada por tutsis no leste do Congo.

É o mais recente grupo de rebeldes liderados por tutsis étnicos apoiados por Ruanda, que têm causado tumulto no Congo desde o rescaldo do genocídio em Ruanda há trinta anos, quando extremistas hutus mataram tutsis e hutus moderados e depois foram derrubados pelas forças lideradas por tutsis que ainda dominam Ruanda.

O M23 acusa o governo do Congo de não cumprir o acordo de paz e integrar totalmente os tutsis congoleses ao Exército e ao governo.

O grupo também promete defender os interesses tutsis, particularmente contra milícias étnicas hutus, como as Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda (FDLR), fundadas por hutus que fugiram de Ruanda após participar do genocídio de 1994 de quase 1 milhão de tutsis e hutus moderados.

Como começou a escalada recente?

Desde o início de 2025, os rebeldes do M23 tomaram novos territórios e chegaram a Goma, capital da província de Kivu do Norte, na segunda-feira (27), levando centenas de milhares de pessoas a fugir de suas casas.

Por mais de um ano, o M23 controlou a região de mineração de coltan (um minério metálico opaco) de Rubaya, no Congo, gerando cerca de US$ 800 mil por mês por meio de impostos de produção, de acordo com a ONU. O coltan é usado na produção de smartphones e outros equipamentos.

A expansão do grupo para novos territórios nas últimas semanas dá espaço aos rebeldes para aumentar sua receita com mineração, dizem analistas.

Dezenas de soldados do Congo se renderam, mas alguns soldados e milicianos pró-governo estavam resistindo, disseram moradores e fontes da ONU.

Moradores de vários bairros relataram disparos de armas de pequeno porte e algumas explosões fortes na manhã desta terça-feira (28).

A ONU e as potências globais temem que o conflito possa se transformar em uma guerra regional semelhante às de 1996-1997 e 1998-2003, que mataram milhões, principalmente de fome e doenças.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Crise no Congo: Vídeo mostra saques a supermercado na capital no site CNN Brasil.

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