Kendrick Lamar promete “storytelling” em seu show no Super Bowl

Kendrick Lamar, 37, está em alta no momento e prestes a alcançar um dos maiores marcos de sua carreira.

Após conquistar cinco prêmios Grammy, incluindo Canção do Ano e Gravação do Ano com seu hit “Not Like Us”, Lamar será a atração principal do show do intervalo do Super Bowl LIX, que acontecerá no próximo domingo (9).

Lamar concedeu uma rara entrevista durante a coletiva de imprensa da Apple Music Super Bowl, realizada na quinta-feira (6), onde foi questionado sobre o que o público poderia esperar de sua apresentação.

“Storytelling”, respondeu Lamar. “Sempre fui muito aberto em contar histórias através do meu catálogo e da minha trajetória na música. E sempre tive a paixão de levar isso para qualquer palco em que eu esteja.”

Os fãs do rapper estão extremamente empolgados, mas também há uma grande expectativa sobre como ele lidará com a música “Not Like Us”, especialmente devido ao seu conteúdo e a um processo judicial em andamento envolvendo o hit. A faixa faz parte de uma batalha de rap viral entre Lamar e Drake, que ocorreu no ano passado e gerou um complexo caso legal.

Leah Stevenson, advogada de entretenimento do escritório MGL Law, explicou que o que começou como uma rivalidade entre duas das maiores estrelas do hip hop se transformou em algo muito mais amplo. “A música gerou uma discussão nacional sobre a defesa de princípios morais, valores e crenças, além de influenciar nossas atitudes”, afirmou ela à CNN.

“Ela passou a ser usada em momentos culturais importantes, tornando-se muito mais do que uma simples troca de provocações.”

Por essa razão, e por outras, todos os olhos estarão voltados para Lamar quando ele subir ao palco diante de milhões no Super Bowl.

Questões legais


Kendrick Lamar ataca Drake por ter usado inteligência artificial em “Taylor Made Freestyle” para reproduzir as vozes de Tupac Shakur e de Snoop Dogg
Kendrick Lamar ataca Drake por ter usado inteligência artificial em “Taylor Made Freestyle” para reproduzir as vozes de Tupac Shakur e de Snoop Dogg • Instagram/Reprodução

No mês passado, Drake processou sua própria gravadora, a UMG Recordings, Inc., no Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito Sul de Nova York. O rapper e ator canadense a acusou de difamação ao publicar e promover a música “Not Like Us”, buscando danos compensatórios e punitivos.

Atualmente, Drake é representado pela Republic Records, uma divisão da UMG, enquanto Lamar é representado pela Interscope Records, também parte da UMG. Vale destacar que Lamar não é réu no processo.

“Não apenas essas alegações são falsas, como a ideia de que tentaríamos prejudicar a reputação de qualquer artista – especialmente de Drake – é absurda”, afirmou um porta-voz da UMG em um comunicado à CNN, quando o processo foi apresentado.

“Não praticamos e nem praticaremos difamação contra qualquer indivíduo. Ao mesmo tempo, vamos defender vigorosamente este litígio para proteger nossa equipe e nossa reputação, além de qualquer artista que, direta ou indiretamente, possa ser alvo de um processo sem fundamento por simplesmente escrever uma música.”

Parte do que Drake contesta – e nega veementemente – são as letras de Lamar, nas quais ele diz: “E aí, Drake, ouvi dizer que você gosta delas novinhas / É melhor você nunca ir para o bloco um da prisão”, além de “Certified lover boy? Certified pedophiles”, e outra parte onde afirma: “Tentando tocar uma corda e provavelmente é Lá Menor”.

A pergunta agora é se a apresentação de Lamar no Super Bowl poderia resultar em mais ações legais de Drake, já que ele processou a UMG por difamação. A resposta, segundo Leah Stevenson, é não necessariamente.

Ela observou que Lamar tem várias opções sobre como lidar com isso durante o show do intervalo.

“Pode haver uma exigência para que ele não apresente certos trechos, como em uma edição de rádio, onde estamos vendo que palavras como ‘Lá Menor’ e outras expressões em ‘Not Like Us’ são problemáticas e, portanto, podem ser removidas ou cortadas da performance”, explicou.

“É possível que Kendrick não possa dizer essas palavras, mas isso não significa que o público no Super Bowl, nem os milhões de americanos em suas festas, deixarão de cantar esses versos.”

A CNN entrou em contato com a NFL para saber se alguma limitação foi imposta a Lamar em relação à apresentação da música.

A essência de KDot


Kendrick Lamar venceu na categoria Gravação do Ano com “Not Like Us”
Kendrick Lamar venceu na categoria Gravação do Ano com “Not Like Us” • Kevin Winter/Getty Images for The Recording Academy

O ponto de Stevenson sobre a popularidade de “Not Like Us” foi reforçado por Craig Arthur, professor associado da Academia de Estudos Transdisciplinares da Virginia Tech e um dos cofundadores do VTDITC: Hip Hop Studies.

Ele é, possivelmente, o rapper mais relevante da atualidade. Muito do hip hop tem se tornado uniforme em termos de sons regionais, mas sinto que Kendrick realmente manteve suas raízes de Los Angeles”, disse Arthur em um comunicado. “Em um mundo onde muitos tentam soar como outros ou emular outros artistas, ele tem um som e uma voz únicos. Acho que ele tem, devido à sua posição, a liberdade de explorar conceitos e temas que muitos outros evitam.”

O jogo do Super Bowl deste ano acontece em Nova Orleans, e “Not Like Us” tem sido uma grande parte da preparação para o evento de domingo.

Desde ser tocada durante a cerimônia de abertura na segunda-feira (3), no centro de mídia, até integrar a NFL Super Bowl Experience, tem sido impossível escapar do que agora é possivelmente a música de provocação mais famosa a alcançar as paradas.

Lamar, conhecido como KDot por seus fãs, está prestes a se apresentar para o maior público de sua carreira, em um palco com uma história marcada por controvérsias.

Desde o “mau funcionamento do guarda-roupa” de Janet Jackson em 2004, até M.I.A. mostrando o dedo médio em 2012, e Beyoncé evocando os Panteras Negras em 2016, o show do intervalo sempre foi palco de momentos virais.

No entanto, para Lamar, “Not Like Us” é mais do que uma simples provocação a outro artista. “Not Like Us é a energia de quem eu sou, o tipo de homem que represento”, disse Lamar à amiga e colaboradora SZA em uma conversa para a Harper’s Bazaar em outubro.

“Agora, se você se identifica com o homem que eu represento… Este homem tem moral, tem valores, acredita em algo e defende algo. Ele não está bajulando.”

“Ele é um homem que reconhece seus erros e não tem medo de compartilhá-los. Ele pode mergulhar profundamente em ideologias ou experiências baseadas no medo e expressá-las sem se sentir menos homem”, acrescentou o nativo de Compton, Califórnia. “Se estou pensando em ‘Not Like Us’, estou pensando em mim e em quem se identifica com isso.”

Durante a coletiva de imprensa na quinta-feira, Lamar foi questionado sobre suas grandes vitórias no Grammy no fim de semana anterior.

“Eu estava apenas pensando na cultura, realmente”, disse ele. “Quando as pessoas falam sobre rap, nas conversas que ouço, elas pensam que é só rap e não uma forma de arte real. Então, quando você coloca discos assim em evidência, isso lembra às pessoas que isso é mais do que algo que surgiu há 50 anos.”

Confira os principais vencedores do Grammy Awards 2025

Entenda a briga entre os rappers Kendrick Lamar e Drake

 

Este conteúdo foi originalmente publicado em Kendrick Lamar promete “storytelling” em seu show no Super Bowl no site CNN Brasil.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.