Autor de “Caso Harry Quebert” sobre suspense: “Enredo precisa valer a pena”

Conhecido por “A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert“, o suíço Joël Dicker traz uma história de obsessão e um grande assalto em “Um Animal Selvagem“. Depois de thrillers de sucesso, o escritor precisou pensar em uma história que fizesse o leitor não pensar em largar o livro.

“É algo difícil de balancear”, disse Dicker à CNN quando perguntado sobre a dificuldade em evitar clichês manter a narrativa interessante ao desenvolver um romance policial. “Você tem que ser autêntico, realista e diferente. E continuar se lembrando que está em jogo é o leitor considerar que o enredo vale o tempo de leitura.”

“Acho que o principal é não pensar no aspecto de um thriller para evitar fazê-lo de uma forma artificial”, continuou. “Você precisa pensar de outro jeito: antes de achar os elementos certos de um thriller, você precisa se colocar na posição em que você absolutamente quer saber sobre uma situação e o que aconteceu. E o caminho é continuar se perguntando [sobre a história]. Se for um mistério de assassinato, não é sobre o assassinato, mas sobre tudo em volta. Por que essa pessoa? Por que agora? Por que ali? E quando você pensa nisso, você constrói o mistério.”

Já o tema principal ao escrever um suspense, segundo Dicker, aparece depois de um tempo de escrita. “Primeiro é sobre o personagem, aí o enredo e então em algum ponto você se pergunta: o que essas pessoas e esse enredo são? Não apenas um assassinato, obviamente existe coisas além disso.”

“Uma das primeiras coisas que aparecem para mim são os personagens, antes mesmo da história principal e antes mesmo do que o desenvolvimento do livro. Para mim, escrever é sobre entender o personagem”, falou.

Joël Dicker é natural da Suíça, considerado um dos países com melhor qualidade de vida do mundo. Segundo o índice da Paz Global de 2020, do Instituto de Economia e Paz, a Suíça é o 10º país mais seguro do mundo.

Neste contexto menos violento em comparação com outros países, como isso influencia ao pensar em um crime ou assassinato? Segundo o autor, “quanto mais quieto, melhor”.

“É melhor para uma história de crime porque significa que o assassinato vai ter um impacto maior na sociedade. Quer dizer: um crime em Nova York, uma cidade superpopulosa com muitas pessoas e um alto índice de crime, terá um impacto menor do que um crime cometido numa cidade pequena, onde todo mundo conhece todo mundo e nada nunca acontece”, relatou.

“Em uma cidade pequena, todo mundo ficará em choque porque conhecia a vítima e cada um pode ser um suspeito”, finalizou. Portanto, não é à toa que os momentos de tensão principais do novo romance do autor se passam entre duas casas, entre duas famílias vizinhas, até que um caso de voyeurismo se torna investigação de um grande assalto.

“Um Animal Selvagem”, de Joël Dicker


Capa do livro “Um Animal Selvagem” de Joël Dicker • Divulgação/Intrínseca
  • Título: “Um Animal Selvagem”
  • Autora: Joël Dicker
  • Editora: Intrínseca
  • Número de páginas: 400
  • Ano da publicação no Brasil: 2024

Este conteúdo foi originalmente publicado em Autor de “Caso Harry Quebert” sobre suspense: “Enredo precisa valer a pena” no site CNN Brasil.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.