PGR: “Kids pretos” foram escalados para convencer comandantes de golpe

A Procuradoria-Geral da República (PGR) concluiu que militares, com formação no grupo de Forças Especiais do Exército, os chamados “kids pretos”, foram escalados para convencer comandantes militares do suposto plano golpista para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.

As conclusões constam da denúncia de 34 pessoas por atos contra o Estado Democrático de Direito, enviada pela instituição, nesta terça-feira (18), ao Supremo Tribunal Federal (STF).

“Esse grupo da organização criminosa [‘kids pretos’] atuou para pressionar o comandante do Exército e o Alto Comando, formulando cartas e agitando colegas em prol de ações de força no cenário político, tudo para impedir que o candidato eleito Lula da Silva assomasse ao [entrasse no] Palácio do Planalto”, informou a PGR.

Conforme a denúncia, o núcleo crucial, do que foi classificado como organização criminosa, incluía pessoas do alto escalão do governo e das Forças Armadas.

Mas a ideia de golpe teria enfrentado resistência dos comandantes militares, o que levou a atuação dos “kids pretos”.

“No meio militar, circulavam notícias sobre a resistência dos comandantes à ruptura institucional, o que poderia dificultar a implementação do próprio decreto de intervenção militar. Para assegurar o êxito da empreitada criminosa, os denunciados com formação em Forças Especiais (kids pretos) decidiram organizar reunião para desenvolver estratégias de pressão sobre os comandantes renitentes”, relatou a PGR.

Segundo a denúncia, diálogos obtidos pela investigação da Polícia Federal “confirmam a ideia de reunir exclusivamente militares com formação em Forças Especiais que poderiam, de algum modo, influenciar seus comandantes, valendo-se também dos seus conhecimentos táticos especializados”.

Integrantes militares do grupo se organizaram para elaborar um documento intitulado “Carta Aberta aos Oficiais” para pressionar o Alto Comando do Exército.

A PGR argumenta, com base em diálogos encontrados nos celulares apreendidos, que o então presidente Jair Bolsonaro sabia da existência do documento.

Em 26 de novembro de 2022, o tenente-coronel do Exército, Sérgio Cavaliere, teria indagado o ajudante de ordens da Presidência, Mauro Cid, se o chefe do Executivo sabia sobre a carta. A resposta, conforme denúncia da PGR, foi positiva.

A PGR ofereceu denúncia contra Bolsonaro pelos crimes de liderar organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, com considerável prejuízo para a vítima, e deterioração de patrimônio tombado.

A CNN tenta contato com a defesa de Bolsonaro sobre as denúncias.

Este conteúdo foi originalmente publicado em PGR: “Kids pretos” foram escalados para convencer comandantes de golpe no site CNN Brasil.

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