Juros futuros sobem após ministro antecipar dados fortes de emprego formal

As taxas dos DIs fecharam a segunda-feira (24) em alta firme após o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, antecipar que foram criadas mais de 100 mil vagas formais de emprego no Brasil em janeiro, o que favorece a leitura de que pode não haver tanto espaço para desaceleração da alta de juros.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 — um dos mais líquidos no curto prazo — estava em 14,63%, ante o ajuste de 14,497% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 14,525%, em alta de 16 pontos-base ante o ajuste de 14,37%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,47%, com avanço de 7 pontos-base ante 14,399% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,47%, ante 14,418%.

Em meio à agenda relativamente esvaziada da manhã, as taxas futuras demonstraram certa acomodação até o início da tarde, quando Marinho antecipou, em evento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foram criadas mais de 100 mil vagas formais de emprego em janeiro, conforme o Cadastro de Empregados e Desempregados (Caged). Os números serão divulgados oficialmente na quarta-feira (26).

A fala de Marinho surpreendeu o mercado, que projetava abertura de 48 mil vagas no mês passado, conforme pesquisa da Reuters.

O número de novas vagas, se confirmado, é uma boa notícia sob o ponto de vista da atividade econômica, mas uma má notícia para o controle da inflação, na avaliação do mercado.

A leitura de que um mercado de trabalho aquecido pressiona a inflação, representando dificuldades para o Banco Central desacelerar a alta de juros, fez as taxas dos DIs atingirem as máximas no início da tarde.

Às 14h17, já após a fala de Marinho, a taxa do DI para janeiro de 2027 marcou a máxima de 14,55%, em alta de 18 pontos-base ante o ajuste da sexta-feira (21). Às 14h15, a taxa do DI para janeiro de 2031 estava em 14,51%, com avanço de 11 pontos-base ante o ajuste anterior.

Na prática, os números do Caged interrompem uma sequência de dados de atividade mais fracos divulgados nas últimas semanas, que permitiram o fechamento recente da curva de juros no Brasil.

No entanto, a trajetória de médio prazo da Selic, atualmente em 13,25% ao ano, segue indefinida, na visão do mercado.

Perto do fechamento desta segunda-feira a curva brasileira precificava 100% de probabilidade de alta de 100 pontos-base da Selic no próximo mês, como vem indicando o BC. Na semana passada os percentuais estavam próximos disso.

Para maio, o mercado de opções de Copom da B3 precificava na sexta-feira 42% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic, 25% de chances de manutenção, 17% de probabilidade de alta de 25 pontos-base, 13% de chances de elevação de 75 pontos-base e apenas 5,50% de chances de alta de 100 pontos-base.

Boa parte desta expectativa sobre a Selic a partir de maio está baseada na percepção de que a atividade econômica pode, de fato, estar desacelerando, o que vai segurar a inflação.

Ainda assim, o relatório Focus do BC mostrou mais cedo que a mediana das expectativas do mercado para a inflação aumentou de 5,60% para 5,65% em 2025 e de 4,35% para 4,40% em 2026.

No exterior, o dia foi de acomodação dos rendimentos dos Treasuries. Às 16h32 a taxa do título norte-americano de dez anos — referência global para decisões de investimento — caía 1 ponto-base, a 4,408%.

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Este conteúdo foi originalmente publicado em Juros futuros sobem após ministro antecipar dados fortes de emprego formal no site CNN Brasil.

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