Polícia Federal e Ministério Público detalham operação que levou à prisão de policial civil suspeito de lavagem de dinheiro para o PCC


Força-tarefa é mais um desdobramento da delação de Vinicius Gritzbach, delator do PCC executado no ano passado. Também foram realizadas buscas na sede das empresas. Policial Civil de SP é preso em operação contra fintechs ligadas ao PCC
Investigadores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público e da Polícia Federal detalharam nesta terça-feira (25) a operação de combate à lavagem de dinheiro do PCC por meio de duas fintechs (instituições financeiras digitais) e que levou à prisão de um policial civil.
A ação foi mais um desdobramento da delação de Vinicius Gritzbach, acusado de lavar dinheiro para a facção criminosa e assassinado com tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, no final do ano passado.
Preso nesta terça, o policial Cyllas Elia Junior se apresenta como CEO da 2GO Bank, uma das instituições financeiras citadas pelo delator do PCC. A outra empresa é a InvBank.
Segundo a investigação, elas movimentaram recursos milionários da facção dissimulando sua origem ilícita por meio da compra de imóveis.
Elia Junior estava afastado desde 2022 de suas funções a pedido e, no começo deste ano, voltou a trabalhar na Polícia Civil. Ele estava lotado no Decap, o departamento responsável pelas delegacias da capital.
Cyllas Elia Junior
Reprodução/Redes sociais
Ele já tinha sido preso no ano passado em outra operação da PF em Campinas pela ligação na lavagem de dinheiro para criminosos chineses. Ele foi solto no fim de 2024.
Procurada, a defesa de Cyllas Elia disse que desconhece a prisão dele e não quis se manifestar neste momento.
A Lei Orgânica da Polícia Civil não veda a participação de policiais civis em sociedades comerciais.
Além do mandado de prisão contra o policial civil, também foram cumpridas ordens de busca e apreensão nas sedes das duas empresas, além de endereços de seis pessoas ligadas à gestão e funcionamento dessas fintechs.
Material apreendido na operação do Gaeco e da PF contra fintechs 2GO Bank e InvBank
Reprodução
30 milhões movimentados
As fintechs oferecem inovações no mercado financeiro por meio do uso intenso de tecnologia, como o envio de pagamentos para o exterior. No Brasil, há várias categorias de fintechs: de crédito, de pagamento, gestão financeira, empréstimo, investimento, financiamento e câmbio, entre outras.
No entanto, na avaliação de investigadores, a regulamentação atual tem brechas que faz com que as operações dessas empresas não entrem no radar do Banco Central.
As duas fintechs alvo da operação desta terça trabalhavam com cifras bilionárias, segundo operações da própria PF conduzidas no ano passado. Os valores movimentados chegam próximo a R$ 30 milhões.
Em 2022, o 2GO Bank promoveu um evento em São Paulo sobre segurança bancária na internet. Várias autoridades participaram, inclusive como palestrantes, como o delegado-geral da Polícia Civil de SP, Artur Dian, e o promotor de Justiça Richard Encinas, do Cyber Gaeco, além do ex-chefe da Divisão de Crimes Cibernéticos do Deic Carlos Afonso.
Apurações de promotores e analistas do Gaeco em conjunto com policiais federais descobriram “um complexo esquema ilícito, engendrado por intermédio do emprego indevido de empresas de tecnologia financeira”.
As duas empresas são suspeitas de receber valores em espécie e depois movimentá-los e alocá-los, dando falsa aparência de licitude para beneficiar o PCC.
Os investigadores afirmam que essas fintechs direcionavam os depósitos que recebiam para contas de “laranjas”, mantendo pleno controle de tais contas.
Vinicius Gritzbach foi executado no aeroporto de Guarulhos em novembro
Montagem/g1/Reprodução/Redes Sociais
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