Diversidade, respeito e homenagem às influências afro-latinas e mineiras embalam desfile do Abalô-caxi


Bigode: Já são quase 10 anos colocando o bloco nas ruas de Belo Horizonte; neste ano, a novidade é a ala de dança a frente do trio. Desfile do Abalô-caxi em BH
Luís Gurgel/TV Globo
“Eu sou da América do Sul, sei, vocês não vão saber”, com a música “Para Lennon é MacCartney” de Milton Nascimento, o bloco Abalô-caxi abriu o desfile na Via das Artes, na Avenida Amazonas, na região central, de Belo Horizonte, na manhã deste domingo (2).
Com o tema “Sulear – Arco-Iris Tropical”, o bloco celebra a diversidade LGBTQIA+, resistência e as influências afro-latinas e mineiras.
Já são quase 10 anos levando milhares de foliões para as ruas de Belo Horizonte durante o Carnaval. Com uma bateria composta por cerca de 250 pessoas. Neste desfile, a novidade é a ala de dança na frente do cortejo.
O coreógrafo e dançarino responsável pelos ensaios é o Lucas Rocha, de 21 anos. Ele também comanda um corpo de 15 profissionais na dança.
“A gente vem ensaiando desde o início de novembro, com essa proposta do tema do Abalô-caxi. O Sulear é um tema muito expansivo e também traz essa coisa de defender, nos defender, defender nossos estilos, defender nossa nossa raça, nossa origem”, afirmou.
Mateus Barreto, mentor de carreiras, e Pedro Gomes, pesquisador, são de Lavras, no Sul de Minas Gerais. Eles vieram fantasiados de “Fátima e Fátima”, personagem de Fernanda Torres na série da TV Globo, Entre Tapas e Beijos.
“Hoje tem Oscar, isso também faz parte da torcida brasileira pra Fernanda Torres nessa premiação. Ela disse que não é clima de Copa do Mundo, mas é clima de Copa sim, Fernanda Torres trazendo muita alegria pra gente agora”, disse Barreto.
Já o Miqueias Oliveira, recepcionista, de 31 anos, morador de Belo Horizonte, sempre está presente nos cortejos do Abalô-caxi. Ele e os amigos se vestiram de abacaxi.
“Era para ser uma fantasia em conjunto com alguns amigos para escreveremos ‘bonitas’, mas alguns não vierem”, explicou o recepcionista.
Ele também exaltou que o bloco é um dos mais irreverentes e que defendem a liberdade e diversidade na capital mineira.
Duda Salabert no Abalô-caxi
Luís Gurgel/TV Globo
A deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) também curtiu o cortejo do bloco.
“O Abalô-caxi é mais do que um bloco de Carnaval. É um grito de resistência, mostrando que a diversidade pode, deve e vai ocupar os centros. Nós não queremos mais as margens, a exclusão. Nós queremos que a nossa diversidade seja aceita e respeitada.
Ela disse ainda que “o Carnaval na sua essência é político, porque o Carnaval mostra que é possível inverter a realidade, que é possível aqueles que são marginalizados terem destaque e serem aplaudidos um dia”.
A deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL)
Luís Gurgel/TV Globo
A deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL), que frequenta o Carnaval em BH desde 2010, destacou a importância do Abalô-caxi.
“O Abalô-caxi sempre traz a importância do respeito, da dignidade e da liberdade das pessoas LGBTQIA+ (…). Sabemos que ainda são muitos os desafios para enfrentar a LGBTfobia. Por isso, o Carnaval tem que continuar sendo livre, político, pulsante e colorido”.
Diversidade e sustentabilidade
O Abalô- caxi é um dos blocos mais conhecidos por celebrar o protagonismo e a resistência da população LGBTQIA+ no Carnaval de Belo Horizonte.
Todo ano, uma bandeira com as cores do arco-íris é estendida pela bateria do bloco.
O projeto ReciclaBelô foi contratado, pelo segundo ano consecutivo, para fazer o recolhimento de matérias recicláveis durante o cortejo. Cerca de 10 catadores trabalharam no bloco.
Segundo o Abalô-caxi, a iniciativa promove a gestão sustentável dos resíduos gerados no cortejo.
Respeito
A Guarda- Municipal de Belo Horizonte subiu no trio para levar uma mensagem aos foliões. Em apoio à diversidade, respeito, contra as diversas formas de preconceito e ao combate ao assédio sexual. Ressaltaram também a campanha de “Não é Não”. Tudo isso em três línguas diferentes, português, inglês e espanhol.
Em caso de necessidade, o folião deve procurar a Guarda Municipal.
Vídeos mais assistidos do g1 Minas
Adicionar aos favoritos o Link permanente.