Alarmes acústicos em redes de pesca podem salvar toninhas da extinção, aponta estudo


Segundo o projeto catarinense Toninhas do Brasil, resultados do projeto piloto são preliminares, mas bastante promissores. Pequena espécie de golfinho é uma das mais ameaçadas do mundo. Alarmes acústicos instalados em redes de pesca podem ajudar salvar da extinção as toninhas, aponta estudo
Toninhas do Brasil/ Divulgação
Análises iniciais apontam que alarmes acústicos, ou pingers, instalados em redes de pesca podem ajudar a salvar da extinção as toninhas. A espécie de golfinhos é uma das menores e mais ameaçados do planeta, segundo o projeto Toninhas do Brasil, de São Francisco do Sul, no Litoral Norte de Santa Catarina.
Um projeto piloto, realizado com auxílio de pescadores, foi concluído neste mês, informou o grupo na segunda-feira (26). Os equipamentos foram testados em situações reais de pesca, considerando diferentes cenários, entre São Paulo e Santa Catarina.
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Conforme o projeto, essa é a primeira vez que a tecnologia é empregada em atividades pesqueiras no Brasil. Segundo Renan Paitach, coordenador da pesquisa, os resultados são preliminares e precisam ser aprofundados, mas são bastante promissores.
Somado à outras medidas de conservação, de acordo com o especialista, a estratégia representa um caminho promissor para o futuro da espécie. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), as toninhas estão criticamente em perigo de extinção.
🟥 Antes de continuar a leitura, é importante saber…
🐬 Os pingers são pequenos dispositivos que emitem sons ultrassônicos, acima de 50 kHz, que apenas os golfinhos escutam.
🐬 Amplamente usados em outros países, eles são ativados automaticamente ao serem submersos, funcionando como um aviso sonoro, ou um apito, mantendo os animais longe das redes.
🐬 Com a presença dos alarmes, a expectativa é que a toninha evite se aproximar demais, por perceber algo “anormal”.
🐬 Os pingers têm alcance aproximado de até 100 metros. É recomendada a utilização de um dispositivo a cada 200 metros de rede.
Resultados
O estudo durou aproximadamente dois anos, desde o planejamento até os resultados. Foram monitorados 223 lances de pescas com redes com alarmes e sem alarmes, a fim de comparação.
A presença de toninhas nas proximidades das redes foi monitorada com detectores acústicos, totalizando mais de 4.700 horas de registros. Os resultados, segundo o grupo, são animadores:
Redução de 95% na presença de toninhas nas proximidades de redes com alarmes. Nenhuma captura acidental foi registrada nessas redes.
Os alarmes não afetaram a pesca. A quantidade, peso e tamanho dos peixes pescados não apresentaram diferenças estatísticas entre as redes com e sem alarmes acústicos.
Aprovação dos parceiros. Os pescadores parceiros do projeto relataram que os alarmes não atrapalharam e nem dificultaram o manuseio das redes e a pesca.
Conforme Paitach, os resultados demonstram que os alarmes acústicos podem “auxiliar efetivamente na redução da captura acidental de toninhas, de forma rápida e sem prejuízo à pesca”.
“Entendermos que as parcerias e o diálogo com todos os atores sociais envolvidos são essenciais para a efetividade das ações de conservação, por isso a participação dos pescadores é indispensável”.
Infográfico mostra como funcionam os alarmes acústicos
Ben Ami Scopinho/NSC
Próximos passos
Embora os resultados sejam promissores, o problema da captura acidental de toninhas é complexo, segundo o Toninhas do Brasil.
O projeto seguirá aprofundando as pesquisas para aprimorar o conhecimento sobre o esforço de pesca, a distribuição das toninhas e o potencial de captura dos diferentes tipos de redes.
Marta Cremer, coordenadora geral do Toninhas do Brasil, defende que quanto maior for a quantidade e qualidade dos dados mais assertiva será a estratégia de conservação a ser proposta. “Somente assim poderemos propor um uso adequado desses alarmes”.
Alarmes instalados em redes de pesca ajudam salvar da extinção as toninhas, aponta estudo
Toninhas do Brasil/ Divulgação
A espécie
De acordo com o Toninhas do Brasil, a espécie vive em áreas próximas à costa, onde é intensa a atividade humana, e ocorrem principalmente em regiões com no máximo 50 metros de profundidade. É um dos pequenos cetáceos mais ameaçados do mundo, conforme o projeto.
Em um ambiente conservado, livre de ameaças, podem viver mais de 20 anos, mas tem apenas um filhote a cada dois anos ou três anos.
A principal ameaça à espécie é a captura acidental em redes de pesca.
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