BlackRock adquire portos no Canal do Panamá em meio pressões de Trump

A CK Hutchison 0001.HK, de Hong Kong, concordou na terça-feira (4) em vender sua participação em um importante operador portuário do Canal do Panamá para um consórcio apoiado pela BlackRock Inc.

O negócio acontece após intensa pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, para conter a influência da China na região.

A venda de US$ 22,8 bilhões, que também inclui dezenas de portos em outros países, pareceu ser uma vitória para a diplomacia agressiva de Trump, poucas horas antes de ele divulgar os sucessos das primeiras seis semanas de seu segundo mandato em um discurso ao Congresso dos EUA.

Trump se recusou a descartar uma ação militar para afirmar o controle dos EUA sobre o canal.

Trump reclamou da presença de empresas chinesas e de Hong Kong no Panamá, enquanto autoridades e políticos dos EUA disseram que o controle da CK Hutchison sobre os portos em ambas as entradas do canal representa um risco de segurança para a operação.

A venda das licenças fará com que o consórcio ganhe uma participação de 90% na Panama Ports Company, que é a operadora dos portos de Balboa e Cristóbal no país centro-americano há mais de duas décadas, disse a CK Hutchison em um comunicado.

A BlackRock informou a Casa Branca e a liderança do Congresso sobre o acordo, disse uma pessoa familiarizada com a transação  à agência Reuters.

Esse será o maior investimento em infraestrutura da BlackRock até o momento, disse essa pessoa.

O Departamento de Estado dos EUA, a Casa Branca, o Conselho de Segurança Nacional e o governo do Panamá não responderam aos pedidos de comentários.

A CK Hutchison é uma empresa de capital aberto não vinculada financeiramente ao governo chinês, embora as empresas de Hong Kong estejam sujeitas à supervisão do Estado. Outros portos no Panamá são operados por empresas dos EUA, de Taiwan e de Cingapura.

O canal é operado pela Autoridade do Canal do Panamá, uma agência autônoma supervisionada pelo governo panamenho.

As autoridades do Panamá anunciaram uma auditoria do contrato da CK Hutchison, sob argumento de que estão investigando sua conformidade com os contratos de concessão.

O procurador-geral do Panamá determinou no início deste mês que o contrato portuário da CK Hutchison era “inconstitucional”. A Suprema Corte deverá dar a última palavra sobre seu status legal.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, fez sua primeira viagem ao exterior como principal diplomata dos EUA para a América Latina no mês passado, inclusive para o Panamá, onde pressionou o país sobre a presença da China ao longo do canal. 

Após sua partida, Rubio elogiou a decisão do Panamá de sair do plano de infraestrutura Belt and Road da China e expressou otimismo em entrevistas à mídia de que a Hutchison não seria proprietária dos portos no futuro.

A venda das licenças portuárias do Panamá detidas pela unidade do conglomerado do bilionário Li Ka-shing a um consórcio que inclui a BlackRock, a Global Infrastructure Partners e a Terminal Investment lhe dará o controle de uma participação de 80% na Hutchison Ports por um valor patrimonial de US$ 14,21 bilhões.

A empresa obterá o controle de 43 portos, compreendendo 199 berços em 23 países, ao mesmo tempo em que entregará receitas em dinheiro superiores a US$ 19 bilhões para o consórcio com sede em Hong Kong.

A venda não envolve qualquer participação na Hutchison Port Holdings Trust, que opera portos em Hong Kong e Shenzhen, bem como no sul da China, ou quaisquer outros portos na China continental, disse a CK Hutchison.

O consórcio concordou que as negociações seriam feitas em caráter de exclusividade por um período de 145 dias, informou a empresa.

A BlackRock concluiu a aquisição da Global Infrastructure Partners por aproximadamente US$ 12,5 bilhões em dinheiro e ações em outubro passado. Na época, o presidente e CEO Larry Fink descreveu a infraestrutura como “uma oportunidade de investimento geracional”.

Este conteúdo foi originalmente publicado em BlackRock adquire portos no Canal do Panamá em meio pressões de Trump no site CNN Brasil.

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