Diplomata da Nova Zelândia é demitido após questionar conhecimento de Trump

O alto comissário da Nova Zelândia no Reino Unido foi demitido após questionar a compreensão da história do presidente dos EUA, Donald Trump, em um evento em Londres.

Falando no think tank internacional Chatham House na terça-feira (4), Phil Goff, ex-prefeito da cidade de Auckland que também atuou como ministro das Relações Exteriores, disse: “Eu estava relendo o discurso de Churchill na Câmara dos Comuns em 1938 após o Acordo de Munique, e ele se virou para Chamberlain e disse: ‘Você tinha a escolha entre a guerra e a desonra. Você escolheu a desonra, mas terá a guerra.’”

“O presidente Trump restaurou o busto de Churchill no Salão Oval”, acrescentou Goff. “Mas você acha que ele realmente entende de história?”

Goff estava fazendo uma comparação entre os esforços de Trump para acabar com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e o acordo de 1938 assinado pelo primeiro-ministro do Reino Unido, Neville Chamberlain, e os líderes da França e da Alemanha que deram a Adolf Hitler permissão para anexar parte da antiga Tchecoslováquia. O líder nazista invadiu a Polônia um ano depois, dando início à Segunda Guerra Mundial.

O Ministro das Relações Exteriores da Nova Zelândia, Winston Peters, mais tarde demitiu Goff por seus comentários e disse que ele teria feito o mesmo se ele tivesse dito algo semelhante sobre outros países.

“Se ele [Goff] tivesse feito esse comentário sobre a Alemanha, França, Tonga ou Samoa, eu teria sido forçado a agir”, disse Peters a jornalistas. “É seriamente lamentável e uma das coisas mais difíceis que alguém teve que fazer em toda a sua carreira”, ele acrescentou.

“Trabalhei com Phil Goff, o conheço há muito tempo”, continuou Peters, enfatizando que os comentários de Goff foram “seriamente decepcionantes”.

“Quando você está nessa posição, você representa o governo e as políticas do dia; você não é capaz de pensar livremente; você é o rosto da Nova Zelândia”, concluiu.

No entanto, a mudança não foi isenta de críticas, incluindo a ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, Helen Clark.

“Isso parece uma desculpa muito fraca para demitir um ex-ministro das Relações Exteriores da #NZ altamente respeitado de seu posto como Alto Comissário para o Reino Unido”, escreveu Clark em um post no X. “Estive na Conferência de Segurança de Munique recentemente, onde muitos traçaram paralelos entre Munique 1938 e as ações dos EUA agora.”

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