Igreja reconhece sete peças sacras furtadas em SP

A Igreja da Ordem Terceira do Carmo, uma das mais tradicionais da cidade de São Paulo, reconheceu, nesta quinta-feira (6), sete peças sacras furtadas da instituição tombada como patrimônio histórico federal

Entre as dezenas de obras religiosas apreendidas pela Polícia Civil de São Paulo no fim do mês passado na casa de um ex-decorador a igreja, seis mantos e uma imagem foram reconhecidos por um representante da Igreja da Ordem Terceira do Carmo.

Imagem é de Nossa Senhora do Rosário e as vestes são estolas e casulas, usadas pelos padres para celebração, de acordo com , Mateus Rosada, professor do curso de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A cruz de prata maciça, que desapareceu e deu início a investigação, não está entre os objetos reconhecidos. Em nota à CNN, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) esclarece que tomou conhecimento da comercialização das obras sacras e que as diligências seguem com a Polícia Federal. 

O órgão destaca que a cruz processional faz parte do conjunto protegido de bens móveis da Igreja da Ordem Terceira do Carmo.

Imagens de câmera de segurança obtidas pela CNN mostram o momento em que um ex-funcionário da igreja furta obras religiosas. O homem é investigado pela Polícia Civil de São Paulo por furto e interceptação de dezenas de itens sacros dessa e de outras igrejas de São Paulo. O suspeito segue em liberdade.

Nas imagens, é possível ver o momento em que o então encarregado em decorar o altar para as cerimônias entra em uma das salas onde estão as itens de maior valor da igreja, no dia 16 de janeiro deste ano. Nesta sala, não há câmeras.

Minutos depois, o suspeito deixa a sala com um objeto encoberto por panos entre os braços. De acordo com um dos representantes da entidade, trata-se de um crucifixo de prata maciço que desapareceu da igreja.

O objeto é tombado como patrimônio histórico e pode ser comercializado por altos valores no mercado clandestino.


Nas imagens das câmeras externas da igreja é possível ver o suspeito colocando o objeto dentro do porta-malas do próprio veículo.

O desaparecimento do crucifixo foi notado pelos demais funcionários que procuraram o 1º Departamento de Polícia.

Obras avaliadas em milhões de reais

As obras podem ser anteriores ao século 18 e de “valor altíssimo” no mercado ilegal, Mateus Rosada.

Pelas imagens, o arquiteto especialista em arte sacra ainda detalha que parte das peças se assemelha a itens de igrejas da América Latina, com ornamentos de basílicas históricas de Cusco, no Peru.  

Parte dos itens tem características de escolas artísticas Equador e outra parte tem características de obras sacras do período colonial brasileiro. Pinturas que retratam o Brasil em período de império compunham a decoração do apartamento.

O suspeito foi levado para a delegacia e, em depoimento, afirmou que as obras são heranças e peças compradas em antiquários. As investigações, reveladas em primeira mão pela CNN, apontam que o homem trabalhou em diversas igrejas históricas de São Paulo.

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) autorizou a quebra do sigilo dos dados de celular do ex-funcionário. As análises preliminares da polícia mostram trocas de mensagens com possíveis compradores das obras.

A Igreja da Ordem Terceira do Carmo informa que o caso está sendo analisado na esfera policial e vai aguardar o resultado da polícia. “Tivemos conhecimento do sumiço das peças, imediatamente, tomamos as medidas cabíveis junto a autoridade policial e tudo está sendo investigado em sede policial”, disse em nota.

Igreja da Ordem Terceira do Carmo

A Igreja da Ordem Terceira do Carmo é uma das igrejas mais tradicionais de São Paulo.

Em 1594, os Carmelitas, ramo mais antigo e originário da Ordem do Carmo, iniciaram sua fundação em São Paulo.

A arquitetura histórica do edifício é composta por elementos da tradição colonial brasileira que se misturam ao nascimento e colonização da capital paulista.

A construção abriga a produção artística do Padre Jesuíno do Monte Carmelo nos forros da nave, da capela-mor e coro e é conhecida pelo conjunto de quadros remanescentes da antiga Capela do Recolhimento de Santa Tereza.

A igreja foi oficialmente inaugurada em 1676 e foi tombada pelo governo de São Paulo em 2021.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Igreja reconhece sete peças sacras furtadas em SP no site CNN Brasil.

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