Indústria de defesa: como a IA deixou de ser o futuro e já virou realidade

Ao percorrer os mais de 180 mil metros quadrados de estandes na Idex, uma das maiores feiras de exibição de produtos de defesa do mundo, realizada no mês passado em Abu Dhabi, fica evidente a direção para a qual o setor caminha: a automação via inteligência artificial.

A CNN esteve no evento e, em conversas com executivos da indústria, uma percepção é unânime: os investimentos em IA não são apenas uma tendência, mas uma necessidade estratégica para a sobrevivência das empresas.

Companhias de todos os portes marcavam presença no evento: gigantes consolidadas, firmas médias e pequenas. A maioria já oferece soluções baseadas em IA ou planeja investir nelas em um futuro próximo.

Havia, claro, companhias menores, com estandes discretos e orçamentos mais enxutos, voltadas para nichos específicos — fardamentos, equipamentos táticos e outros artigos de menor valor agregado.

Ainda assim, até essas empresas enxergam a IA como parte do futuro, ainda que em menor escala, principalmente para automação industrial.

Segundo os executivos, a inteligência artificial vai além da inovação e criação de novos produtos. Eles enfatizaram repetidamente o papel da tecnologia na redução de custos e no aumento da produtividade.

Com mais de 1.500 empresas de 70 países, a feira atraiu cerca de 150 mil visitantes ao longo de cinco dias, servindo como um termômetro global para as tendências do setor.

No Brasil, o desenvolvimento de IA ainda não rivaliza com as potências da área. No entanto, ao longo do evento, a reportagem buscou entender de que forma algumas dessas tecnologias poderiam ser aplicadas ao cenário brasileiro.

Um exemplo é a observação via satélite de grandes áreas, uma tecnologia que pode ser empregada em diferentes cenários. Como explica Waleid Al Mesmari, presidente de Tecnologias Espaciais e Cibernéticas do Grupo Edge, dos Emirados Árabes Unidos, trata-se de uma ferramenta versátil.

“Quando se trata de observação do planeta a partir do espaço, é possível compreender o desmatamento que pode ocorrer na região amazônica, permitindo que você entenda se há alguma ameaça ambiental que deva ser observada mais de perto”, disse.

“A segunda aplicação que pode ser usada é para entender o planejamento urbano e como é possível expandir a cidade e a fronteira das cidades com facilitação de planejamento”, explicou o executivo.

Ambas as soluções são oferecidas pela Fada, empresa espacial do Grupo Edge.

Outra solução com potencial de aplicação no Brasil, segundo empresas ouvidas pela CNN, é o uso de drones e inteligência artificial para a segurança de dutos e grandes infraestruturas.

A tecnologia busca integrar e centralizar as informações captadas pelos drones, permitindo um monitoramento remoto. Outra possibilidade é utilizar essa solução para a segurança de plataformas de petróleo.

Com esse sistema, é possível supervisionar áreas estratégicas à distância, reduzindo a necessidade de deslocamento de equipes. Além disso, os drones conseguem detectar atividades suspeitas e responder de forma autônoma para prevenir incidentes.

Tecnologias semelhantes já são empregadas em países como o México, onde a proteção dos dutos contra furtos de petróleo é uma prioridade para as empresas do setor.

* O repórter viajou a convite do Grupo Edge

Este conteúdo foi originalmente publicado em Indústria de defesa: como a IA deixou de ser o futuro e já virou realidade no site CNN Brasil.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.