Isentar importação de alimentos tem ‘efeito moral’, diz Tebet

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou que a isenção de impostos sobre importação de alimentos pode ter um “efeito moral” no mercado interno, incentivando produtores brasileiros a destinarem mais oferta para o consumo interno, em vez de priorizar exportações.
“Embora se fale muito que ‘nós somos exportadores’, há um efeito meio que moral. Se está isenta a importação de carne, ao invés de exportar tanto, eu passo um pouco para o mercado nacional para evitar que o produto venha de fora.”
A declaração foi feita no contexto das medidas do governo para reduzir o preço dos alimentos, que incluem a zeragem das alíquotas de importação de produtos como carne, azeite, açúcar e café. A expectativa é que a concorrência com produtos estrangeiros ajude a segurar os preços no Brasil.
Apesar disso, especialistas alertam que o impacto dessas medidas pode ser limitado, uma vez que muitos alimentos seguem preços internacionais e a competitividade depende de diversos fatores, como logística e custos de produção.
Crítica à comunicação do governo
Tebet também criticou a forma como o governo tem comunicado suas ações e afirmou que é preciso melhorar a estratégia para dialogar melhor com a sociedade.
“O governo está errando na comunicação. Começou a dar passos positivos no sentido certo, mas está errando na forma e no conteúdo.”
Ela defendeu que o governo enfrente debates difíceis de forma mais clara e eficiente:
“Nós temos que ter a coragem de enfrentar temas espinhosos, mas que dialogam com a sociedade e precisam ser enfrentados.”
A comunicação do governo tem sido alvo de críticas internas e externas, especialmente no momento em que enfrenta desafios para conter a inflação dos alimentos e manter a popularidade do presidente Lula.
Integração sul-americana
A ministra também destacou a importância de fortalecer a integração comercial da América do Sul, em um cenário global onde grandes economias priorizam o comércio regional.
“O mundo está diferente, mudou nos últimos quatro anos. O maior parceiro comercial do Brasil é a China, mas precisamos mirar mais nos países asiáticos de modo geral.”
Ela afirmou que o Brasil precisa tirar do papel projetos de integração econômica na América do Sul, como uma alternativa para fortalecer o comércio regional.
“Enquanto a América do Norte comercializa entre si 40% do comércio antes de buscar produtos de fora, na América do Sul esse percentual é de apenas 15%. Temos 200 milhões de sul-americanos que são potenciais consumidores e precisamos aproveitar isso.”
Segundo Tebet, essa integração regional “está pronta para sair do papel”, e pode representar um novo ciclo de crescimento para a economia brasileira e seus vizinhos.
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